Pude dizer no outro dia, no Fórum TSF, que antes de tudo há na discussão superficial da Fonte muita contaminação por asneira (talvez deliberada).
1º - "
Esta foi uma rixa pontual. Apesar das tensões vividas no bairro, este é um cenário atípico."
Não, não é. Sei-o e afirmo-o. E mesmo quem fingisse que não o saber não poderia iludir notícias
como as de Março do ano passado, com "
carros incendiados e tiros disparados" na Fonte, por "jovens", durante a noite.
2º - "
Estes foram desacatos provocados por desavenças entre vizinhos, que como problemas pessoais não podem confundir-se com choques rácicos."
De facto não podem. Mas porque os conflitos raciais descambam em tiroteio e as "desavenças" acabam como há algum tempo atrás com uma larga saída da urbanização de ciganos desavindos entre si.
3º - "
Os moradores da Fonte são vítimas da sociedade."
Em certa medida. Apenas.
O realojamento destes moradores foi feito em condições sociais a muitos títulos condenáveis. Mas não é menos verdade que foram - em grande parte - resgatados da miséria sanitária da vida que levavam em bairros de lata.
Atingido por estes um patamar de condições básicas de vida, competia-lhes - bem entendido, aos que nunca o fizeram - lutar pela fuga a uma dependência crónica dos
rendimentos garantidos que eu pago (90% desta população, avançaram os jornais).A actividade da(s) "venda(s) ambulante(s)" de ciganos não os auto-qualifica para exigir o que alguns moradores esforçados e honrados (ciganos ou não) exigem ao poder tutelar.
A importação a grosso de famílias africanas - com a conivência de um Estado relapso - até ao vigésimo grau de parentesco, para fogos e urbanizações que não expandem, não revela qualquer capacidade da parte deste grupo social de conceber para si mesmo um plano integrador na sociedade com condições mínimas de bem-estar.
...E miúdos que vão à escola receber a única refeição decente do dia, apenas senhas para o passe, o apoio financeiro da Acção Escolar, uma palavra de conforto, o conselho básico de higiene, são factos diários que competiria a estes grupos acautelar.
Dar o peixe e a cana e pôr a mesa e pré-mastigá-lo e vê-lo ficar na borda do prato? É demais.
4º - "
O poder político tem estado atento ao isolamento social."
Em situações destas apenas releva se o problema está resolvido ou não.
Se em Loures
o Presidente da Câmara foi politicamente colhido pela situação como que por um touro, também merece o que lhe acontecer. Dizer que lhe tem dado "
atenção muito especial" é não dizer nada. Confessar-se "
convencido que alguns problemas que surgiram no início do realojamento dos habitantes da Quinta da Fonte estavam solucionados" é invocar uma inadmissível ignorância. Recordar que "
há pouco tempo numa festa na Quinta da Fonte [...] tudo estava tranquilo e pacífico" é de uma pobreza demolidora.
Se o Presidente da República
vai à Apelação para as fotos e para as palmas validar a mudança da realidade, é ele que leva os tiros que só resvalam nele pela baixíssima qualidade da nossa imprensa.
A intervenção dos jovens é fulcral, mas "têm conseguido melhorar o ambiente na freguesia e no bairro da Quinta da Fonte"? Dependerá deles? E que prtessão tem feito o PR para provocar respostas eficazes?
Se o ex-PR Jorge Sampaio diz com o
descaramento superior de um Presidente da Aliança para as Civilizações da ONU que "
os eventos ocorridos neste bairro não surpreendem pelos problemas que se vêem há alguns anos relacionados com habitação, escolaridade, segurança social e apoio social e profissional destas pessoas", importa confrontá-lo com os dois mandatos na Presidência e a mesma questão que se coloca a Cavaco Silva.
E sobre as culpas dos Governos sucessivos?, e sobre as deste "Governo"... tanto haveria a dizer.