18/07/08

O Porco do Futebol


Lembrei-me outra vez (...como se me tivesse esquecido) porque é que não olho para o futebol como a generalidade de um País embasbacado pela bola. "Benfiquista desde pequenino" - como o outro - sei que não mudo de camisola.
Mas também sei que isso das camisolas não me leva nem a deitar dinheiro à rua nem sequer a perder horas de sono ou de vigília. (Apenas uns minutos a escrever posts...)

Porque a nobre de uma coisa lá qualquer sobre "desporto" e "competição" e "clubes" e tretas, não é mais que uma memória colada a fotos de homens de outros tempos, de bigodes retorcidos de equipas de ciclismo.

Hoje o futebol é, principalmente, uma rematada pocilga.

Entre a podridão das negociatas entre clubes, dirigentes, empresários de jogadores, patrocinadores, federações, ligas, autarquias, governos, instituições internacionais e outros que mais, dificilmente sobressaem ilhas de noventa minutos semanais em que o futebol agonizante esperneia atenção.



Que se possa conceber anos a fio dirigismo desportivo sinónimo de práticas irregulares, ilícitas ou criminosas impunes, é inaceitável.
É inaceitável que estruturas clubísticas exerçam
impunemente mandatos de disputa de uma coutada tolerada de influência e manipulação.
Não se pode aceitar a simulação da purificação da bola pela perseguição cirúrgica a indivíduos singulares.
Como não se pode aceitar o gozo transcendente do sistema legal por esses mesmos indivíduos, intocáveis porque participantes de uma orgia muito coloridamente concorrida.
É inaceitável a triste figura de usar estratagemas baixos e suicidários para compensar fracassos e impotência para afirmar-se desportivamente no momento e tempo certos.
...
E ninguém que lhe ponha a mão. Porque não interessa a ninguém com poder que se lha ponha.

Por isso impressiona a javardice desse mundo.



Ainda assim a pureza dos adeptos, à mistura com alguma ingenuidade e um colossal gosto por telenovelas e bonecos, leva muitos fervorosos a seguir cegos pelas cores os clubes e as caras.
A criar facções, fábulas e fé numa coisa que não os alimenta nem os favorece.

Admito que - numa lógica de quem vai ao cinema ou ao Oceanário - possa gostar-se de ver bola, que seja um passatempo, um interesse, uma curiosidade enciclopédica, uma fixação, uma mania.

No meu caso, como não gosto assim tanto de confusão mal explicada entre realidade e ficção, verdade e simulacro, acho - alguma - piada a isto e, como as pessoas normais não se preocupam com as suas próprias escolhas, eu também não e passo em frente.

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