Todos chegamos a um ponto do caminho em que sem fuga possível nos perguntamos porquê.
Seja à porta da mudança, a um passo de optar, diante do próprio medo ou no gozo do prazer; seja ao percebermo-nos em espanto de estarmos no meio de um mundo que passa a correr por nós.
– Um porquê absoluto.
(Como tudo que recheia esta existência ufana de ser centro do universo.) –
E na angústia ancestral de nos querermos explicar, paramos, olhamos em volta e interrogamos as coisas para chegarmos a nós. Em recapitulação infinita.
…Abrindo-se duas vias possíveis: a de chegarmos a nós definidos pelas coisas; ou chegarmos até nós definindo por exclusão que seremos tudo aquilo que reste da subtracção das coisas que moram em nós.
(E a escolha de uma via é dever intransmissível que não se enjeita ou adia, que não se atalha ou finta, sob pena de assumir que se pretere a resposta.)
Não suporto que o que sou se encontre condicionado àquilo que me rodeia, àquilo que não possuo e me conforta tão-só porque me aligeira o fardo laborioso e cruel de construir o que sou e de o viver sem remorso...
(Não que o consiga de todo. Mas a escolha, há que fazê-la.)
…O que me leva em viagens aos confins do dia-a-dia, em que o tédio e o sublime se toldam e sobrepõem em camadas indistintas.
E para que serve um blogue?
“Porquê?”
Como ler a pretensão não só de pertencer ao mundo, mas de ocupar nele lugar?
Como definir a intenção não só de ver passar o mundo, mas de lhe apreender o sentido?
Como encarar a ilusão de vagar ao som do mundo, e de o querer alterar?
Como julgar a pulsão de viver obstinado, pretendendo o contágio doutros com ânsia e com fome?
“Ser parte das coisas ou ter delas parte em si?”
Não me posso definir por ter um blog na net. Por ver o mundo a passar, querer plasmá-lo em palavras, lapidá-lo de sentenças – num exercício obssessivo, prepotente e cobarde de se sobrepor à vida, às ideias e aos homens; inconsequente golpe de amargura e solidão.
Um motivo apenas torna lícito persistir: o fio que liga aqueles que o tempo não separa, a cadeia de bondade que a distância não degrada, presença aqui de parceiros, de companheiros, de amigos, de almas perversas também, ao meu lado enquanto escrevo, que umas linhas rabiscadas numa folha virtual parecem por milagre suster, num instante preservado, acima da espuma dos dias.
A todos vós, obrigado.
Seja à porta da mudança, a um passo de optar, diante do próprio medo ou no gozo do prazer; seja ao percebermo-nos em espanto de estarmos no meio de um mundo que passa a correr por nós.
– Um porquê absoluto.
(Como tudo que recheia esta existência ufana de ser centro do universo.) –
E na angústia ancestral de nos querermos explicar, paramos, olhamos em volta e interrogamos as coisas para chegarmos a nós. Em recapitulação infinita.
…Abrindo-se duas vias possíveis: a de chegarmos a nós definidos pelas coisas; ou chegarmos até nós definindo por exclusão que seremos tudo aquilo que reste da subtracção das coisas que moram em nós.
(E a escolha de uma via é dever intransmissível que não se enjeita ou adia, que não se atalha ou finta, sob pena de assumir que se pretere a resposta.)
Não suporto que o que sou se encontre condicionado àquilo que me rodeia, àquilo que não possuo e me conforta tão-só porque me aligeira o fardo laborioso e cruel de construir o que sou e de o viver sem remorso...
(Não que o consiga de todo. Mas a escolha, há que fazê-la.)
…O que me leva em viagens aos confins do dia-a-dia, em que o tédio e o sublime se toldam e sobrepõem em camadas indistintas.
E para que serve um blogue?
“Porquê?”
Como ler a pretensão não só de pertencer ao mundo, mas de ocupar nele lugar?
Como definir a intenção não só de ver passar o mundo, mas de lhe apreender o sentido?
Como encarar a ilusão de vagar ao som do mundo, e de o querer alterar?
Como julgar a pulsão de viver obstinado, pretendendo o contágio doutros com ânsia e com fome?
“Ser parte das coisas ou ter delas parte em si?”
Não me posso definir por ter um blog na net. Por ver o mundo a passar, querer plasmá-lo em palavras, lapidá-lo de sentenças – num exercício obssessivo, prepotente e cobarde de se sobrepor à vida, às ideias e aos homens; inconsequente golpe de amargura e solidão.
Um motivo apenas torna lícito persistir: o fio que liga aqueles que o tempo não separa, a cadeia de bondade que a distância não degrada, presença aqui de parceiros, de companheiros, de amigos, de almas perversas também, ao meu lado enquanto escrevo, que umas linhas rabiscadas numa folha virtual parecem por milagre suster, num instante preservado, acima da espuma dos dias.
A todos vós, obrigado.
1 comentário:
Como gosto de ler em tuas frases o que me perturba. A actual situação nem sequer nos permite ter parte das coisas. O absurdo que nos rodeia destrói, dia a dia, a esperança no amanhã. Somos nada, somos ninguém... Vagueamos de canto para canto numa surdina trabalhada por todos. Mas, fugindo do absurdo e procurando a serenidade da partilha, continuamos unidos e demoramos mais a esquecer aqueles que conseguimos admirar.
Parabéns pelo texto e pela expressividade implícita que saboreio enquanto me procuro.
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