30/10/06

Grandes Portugueses


Alain Finkielkraut; 30 de Junho de 1949, Paris, França


Sem dúvida, um tipo que fará parte da lista.

Eh pá!... Mas o gajo nem sequer é português!...
Olha, deixa lá, leva na mesma o meu voto.

O que é que está a dar no outro?

Nostálgicas imagens, as da ida Roda da Sorte...
Quando a têvê era um pouco mais ingénua.
Quando um programa simples como um concurso mexia realmente com o País.


Imagens de um Herman quando ainda tinha graça - e a coragem de ser alarve.
De um Cândido Mota e a voz off de "Na Amora - Seixal!".
De uma Rute Rita, sex sýmbola
com a presença e jovialidade de uma paralisia facial...
E de uma roda a rodar.

Mas nem tudo se perdeu.
O valioso património deixado pela Rute Rita vive ainda, preservado por uma irmandade de paralisados.

Quem tenha ouvido as declarações notáveis do senhor Primeiro-Ministro terá dissipado dúvidas.

Superior, satisfeito e de eguito pleno, disse-nos o nosso líder que reage aos protestos de cidadãos - que "curiosamente" se vão multiplicando pelo País como cogumelos - com "
naturalidade, com fair-play e até com bom humor".

O senhor, que "respeitosamente" discorda dos motivos dos protestos, perpetua assim a escola filosófica da mestra Rute Rita, que dizia de si mesma, lá para os distantes anos 80, ser "bonita, gira e inteligente".

O engraçado é que na altura - era então o País (supostamente) ainda mais ingénuo - foi a risota nacional quando o "belo, giro e inteligente" adorno da Roda disse o que disse...
(Com direito a tanta chacota que o episódio ficou até ao dia de hoje.)


...No presente, todos ouvem, engolem e passam por vinha vindimada, quando um estranho sentido de humor selectivo leva a ignorar uma chicha apetitosa como o risível e ofensivo pedantismo do "natural, fair-playoso e bem-humorado" engº Sócrates.

Mistérios.

27/10/06

O farol fundido

Garanto que tinha decidido já não falar deste assunto. O tempo passa e, pronto, deixa lá, que de desgraças está o mundo cheio...

Mas tanto se mete pelos olhos dentro o indivíduo em causa, que acaba mesmo por levar a "paulada".

Sobre Miguel Sousa Tavares (de quem não conheço laços familiares com o engº Pinto de Sousa que nos governa) muito havia para dizer. (Como se pode comprovar no extensíssimo artigo da Wikipedia.)
Dos seus inúmeros trabalhos em tantos outros campos do saber; da sua abundante obra nos mais variados estilos; das infindas responsabilidades que assumiu em todo o tipo de lugar - e de que assumiu as consequências dos actos; dos seus incontáveis combates em causas sociais - com relevante prejuízo para a sua própria vida; enfim, das múltiplas marcas que ao passar foi deixando em todos os domínios
da sociedade portuguesa...

Muito haveria para dizer.
Só não me ocorre é nada!...

Por isso é que quando estoira a bernarda de que o excelentíssimo, na única coisa em que se lhe reconhece ponta de sucesso: o romancearismo, teria andado a roubar - este microfone está ligado?!... ROUBAR!! - texto de outros autores, dá vontade de chorar.

...Seguida de perto pela vontade de gargalhar a cair para trás quando se pensa na pose galaró com que o senhor todas as santas terças aparece na TVI a destilar banalidades, ódios e pleonasmos sobre tudo e sobre todos.
Afinal, o senhor, será igualmente bom a destilar plágios?

Quem vá a um blog chamado Freedomtocopy, (o homem é tão importante que até já o honram com blogs...) ou fica elucidado se tinha dúvidas, ou fica alucinado se não tinha noção do que está em causa.
Claro que como virtuosos dos bons, altivos faróis de virtude, daqueles que pululam e poluem Portugal, o bom do romancearista, o seu editor e mais uma comandita, claro que rejeitaram estas calúnias e infâmias lançadas sobre a "sua" obra bestséllera, ameaçando mesmo o másculo autor com "paulada".

Mas vamos lá a ver se nos entendemos!...

Não está em discussão que o senhor tenha arrancado a capa de um livro e lhe tenha colocado a sua, apropriando-se do conteúdo recolhendo-lhe os lucros.
Não está em causa que o dito se tenha apropriado da coluna vertebral de uma obra e simplesmente lhe tenha montado em cima a sua narrativa.

Ninguém o acusou disso!

O que está em causa é o senhor ter ou não decalcado tradução de outra obra na sua, reclamada à "paulada" e sem cerimónias, sem aspas, notas ou remissões directas, colhendo descontraído os frescos frutos de um património literário universal que à sua vista está por aí à mão de semear, disponível para uso do autor mais desinspirado.
É só isto que está em causa.
E pelos vistos, é o que se verifica...

EXEMPLO:
«(...) O marajá de Gwalior, esse, era antes um obcecado pela caça: matou o seu primeiro tigre aos 8 anos e nunca mais parou – aos 40 tinha morto mil e quatrocentos tigres, cujas peles revestiam por inteiro todas as divisões do seu palácio. (...)»Miguel Sousa Tavares, «Equador», pág. 246, 1ª Edição, 2003

«(...) Bharatpur bagged his first tiger at eight. By the time he was 35, the skins of the tigers he’d killed, stitched together, provided the reception rooms of his palace with what amounted to wall to wall carpeting. (…) The Maharaja of Gwalior killed over 1400 tigers in his lifetime… (…)».Dominique Lapierre e Larry Collins, «Freedom at Midnight», pág. 174. 2ª Edição, 2003

Porque não é normal que chamada a refutar as acusações esta gente se refugie em becos sem saída do tipo "sujar o mérito de um trabalho de anos", ter sido apropriado um "tema secundário do romance", o não haver "plágio no sentido estrito do termo", o senhor ter referido o texto rapinado como "fonte histórica do escritor", dizer que "há coincidências entre as obras, que são três ou quatro personagens históricas e factos históricos, [...] o que é absolutamente banal" ou mandar os acusadores "bardamerda" (sic) (24 Horas).
É muuuuito
mau sinal.
Quase tão mau quanto o senhor editor da obra, António Lobato Faria, da Oficina do Livro, proclamar que não está "demasiado preocupado, porque [...] o assunto terá pouco impacto a médio prazo. [...] Equador continua a revelar um bom investimento."
Isto não é normal.

E já agora, também é anormal que os media se metam de cabeça em assuntos destes. Primeiro anunciando do que não tenham certeza. Depois explorando o ângulo do sangue que pode dar. Por fim tomando partindo do infeliz que precisa que no meio da rua os media lhe façam a lavagem da honra em barrela pública.
Concretamente, que o DN escreva "o suposto "plágio" resume-se, na verdade, a apenas três páginas", que o autor "não plagiou" (sic), que fale de uma "falcatrua primária" (referindo-se à acusação de plágio), ou que o DN "concluiu que esta é infundada".
Isto não é normal.

Porque há-de valer mais um julgamento sumário da matéria e dos acusadores chancelado pelo "DN" que a denúncia com apresentação de prova pelo tal blog?
Porque há-de valer mais uma justificação circular e rabejada que uma explicação exemplificada?

Já agora, porque há-de valer mais uma acusação rancorosa, insultuosa e (assumidamente) insinuosa de Miguel Sousa Tavares sobre a autoria das acusações - atacando autores e não texto -, do que um questionamento directo da idoneidade da sua obra - em primeira análise texto e só como consequência autor?

Diz Miguel Sousa Tavares que "Um blogue não pode ser uma manifestação de liberdade se não houver responsabilidade. Assim, é mera libertinagem".
Tem razão.
O mesmo se pode dizer de muitas posições e atitudes que tem tomado - e de como as tomou - ao abrigo dessa liberdade que sabe exercer, mas que por enorme falta de responsabilidade tem tendência a alibertinar.

O que não faz valer tudo, mas a tudo dá uma grossa camada de ridículo. (Saiba-o a quem toca reconhecer...)
Um boneco de Miguel Sousa Tavares "totalmente indefeso e vulnerável" perante as acusações é um quadro de muito mau gosto e já vem muito tarde.
A prova? Está à vista na TVI numa próxima 3ºfeira.

Entroncamento

Nesta web tão larga, como em tudo, há os relevantes e os transparentes.
Os presentes e os aspirantes.
Os frequentados e os frequentadores.

Sendo o Pedro_Nunes_no_Mundo dos segundos de todos estes.

Foi por isso que com gosto e curiosidade me apercebi da primeira linkadela para este blog.
Metade fenómeno do Entroncamento, metade natural entroncamento de percursos que seguem próximos.

...Ao Letras com Garfos, o reconhecimento.

26/10/06

Identidades II

Parece que o PSD vai mudar de roupagens. (Estes processos de crisálida a borboleta são sempre muito engraçados.)
Esperemos que mude por causa de si mesmo e não por modernices como as "alterações no mundo".
Que mude porque se sente mudado e não porque pensa que lhe fica mal não dizer que, mudando tudo, não muda ele também.

O "Militante Número Um" do partido (isto soa um bocado a Assembleia-Geral do Benfica...) deu o mote.

Seja como for, não é avaria nenhuma.
dizia um velho marujo que nisto de marés, só há a cheia, a vazia e uns tempos mortos no meio.

Sem Comentários 2

http://sic.sapo.pt/online/noticias/pais/20061026+Proposta+socialista.htm

ESTE HOMEM também É UM MENTIROSO

Já o repeti à exaustão. Não vou gastar tempo a desenvolvê-lo outra vez.

Mas este homem, no que toca a Educação já disse o que tinha para dizer, já disse mais do que a decência lho permitia e deixou para sempre por dizer o que era inprescindível que se dissesse.
É essa qualidade do seu diálogo.

Então, na falta absoluta de espaço para a intervenção numa questão actual, premente, que o País exige cada vez mais ver resolvida, nada lhe resta de discurso. E delira.

O delírio da repetição mecânica de fórmulas e sentenças.
O delírio da concepção irreal de como a sua vida política e a do País estão a correr.
O delírio da invenção de factos.

Delira. (Merecendo o benefício da dúvida de que não esteja a brincar com os portugueses ou que não esteja permanentemente a manipulá-los.)

Parece que o Primeiro-Ministro terá dito publicamente que se encontrava "satisfeito com o acordo alcançado em torno do novo Estatuto da Correira Docente".
O que é no mínimo absurdo, uma vez que, como se sabe, o desejado acordo - o acordo dependente de um diálogo estragulado pelas mãos do Ministério da Educação - ainda não viu a luz.

Porque se o engº Sócrates fala de "acordo" referindo-se ao entendimento razoável que sempre existiu sobre a existência de uma avaliação do desempenho na Carreira Docente ou sobre uma diferenciação salarial assente na existência de escalões a que se acede através dessa mesma avaliação, estamos entendidos.
Mas se só agora (?) o Governo o entendeu (?), tal deve-se a uma dificuldade própria de compreensão (?) e não a novos momentos de negociação e "acordo" com sindicatos ou outros.

Para os cínicos, isto parece uma atitude e um percurso à la Mao.
Uma Grande Caminhada, uma Campanha do Aço em que ninguém deve pôr em causa a genialidade do timoneiro, a verdade dos seus fins ou a escolha dos seus meios.
Temos a mão paternal que nos guia, o livrinho com a rota. Nada pode correr mal. De que temos a queixar-nos?

...Parecem é já muitas as mentiras para não terem uma resposta à altura.

24/10/06

Virtude virtual

Quem me conhece, conhece igualmente a minha paixão pela PT.
Uma paixão tão longa e assolapada quanto os destratos que já sofri às suas mãos como cliente.


É portanto sempre com gosto que a vejo por aí, a promover-se nas ruas desta terra, e ainda mais nas escolas!
À cata de um status que já não tem, e que se alguma vez teve se deveu em exclusivo ao escandaloso monopólio que ainda vai mantendo.


Porque destas "parcerias", por exemplo com o M
inistério da Educação, retenho a experiência de há dois anos, em que uma acção visando "partilhar experiências e conhecimento", pela "responsabilidade social da Portugal Telecom [em] desenvolver a literacia tecnológica junto dos jovens" se resumiu a uns gajos da PT que primeiro se enganaram no dia de ir lá à escola e que depois não fizeram a "sessão" porque o material borregou.

A adoração de alguns lorpas pela PT é como o deslumbre de alguns homens pelas brasileiras... É do sotaque...

Os desesperados pelas luz acabam sempre por encontrá-la...

... É um princípio fundamental para o bom vendedor de banha da cobra.

Quando chegou ao conhecimento dos portugueses que a electricidade estaria para aumentar 15,7% foi o desnorte total.

Gente a mandar-se das janelas, desvairados a correr para o fogão para meter lá a cabeça (não era previsto aumento no gás), virgens a arrancar as vestes em plena rua, voyeurs a fotografar com os telemóveis,... foi o bom e o bonito.

Um abalo tal, que o próprio Governo confessou ao País não estar a contar com a anomalia eléctrica e ter sido panhado, coitado, igualmente desprevenido.

Pior: mesmo que o Governo quisesse estar, bravo, ao lado do seu povo, na matéria os meliantes da ERSE tinham "total autonomia para fixar as tarifas”. Malandros!

MAS EIS que surge o Governo montado (não na pileca lusitana - essa é outra conversa - mas) no seu cavalo rompante!!
O que se estava a fazer aos portugueses era "inaceitável", de bradar aos céus
e nunca um Governo Sócrates permitiria tal aleivosia!
Porque, alto lá!! Nem quando "c
onfrontado com a interferência no papel da entidade reguladora" o Governo abriu mão da sua “[soberania] em matéria legislativa”!

'Gandas ménes!

E assim foi.
O Governo alterou a lei e impediu o aumento previsto, ficando o dito na autêntica pechincha de "menos de metade do valor de 15,7 por cento sugerido pela entidade reguladora".

A honra do eleitor português foi salva no extremo, o Governo demonstrou o seu pendor interventivo, a electricidade manteve apesar de tudo a sua sustentabiliade e até o malandro do responsável pela alteração tarifária foi justiceiramente afastado!

Viver neste País é ou não é uma grande pedra?

Não, não é! Nem por isso.

É que esta história da carochinha colada com cuspo não convence ninguém.
E quem não seja distraído não se esqueceu das palavras lapidares do senhor Secretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação, António Castro Guerra, de acordo com o qual "a culpa do aumento de 15,7 por cento no preço da electricidade em 2007 [seria] dos consumidores", "este défice [teria] de ser pago por quem o gerou" e que "[Eram] os consumidores que [deviam] este dinheiro. Não [era] mais ninguém"...
Alguém se esqueceu já?

A quem convenceu a teoria de que o Governo não tinha ideia prévia dos números da proposta de aumento da electricidade - sector estrutural, estratégico e em colapso financeiro?
A quem convenceu a teoria de que o Governo foi apanhado de surpresa pelo atirar do barro à parede?
A quem convenceu o boneco do Governo a "sentir as amarguras da impotência" perante a autonomia de quem definiu o tarifário que ameaçava o pagante?
A quem convenceu a cavalgada do Governo, que em reuniões de assar neurónio desenleou heroicamente o novelo das tarifas, legislando contra tudo e todos?

Quem está deseperado à procura da luz, milagrosamente costuma acabar por encontrá-la!
Quem está deseperado, acaba por papar mesmo a solução mais disparatada - como ser aumentado em 1% e aceitar na electricidade aumentos de 6%.
E o Governo tão bem que o sabe...

Mais do que diz o Ricardo Costa no DE, sobre a “frase cretina 2006” do Senhor Secretário de Estado Adjunto, estamos perante uma séria candidata à Safadeza Política de 2006.

E se a concorrência é feroz...

21/10/06

Relógio, livro, luneta.

E a fina areia que corre entre os dedos.

20/10/06

Diz o rôto...

Continuam, até ver, as "negociações" entre sindicatos de professores e a tutela, sobre a Proposta de Altreção ao ECD.
Rumo a um equilibrado entendimento, através de um diálogo franco, aberto e construtivo...

Símbolo vivo desse espírito ecuménico é o senhor Secretário de Estado Adjunto da Educação - alta referência do Estado no que toca ao tino e à clarividência.
Desta volta, parece que (quase) ia perdendo o chá na ronda de "negociações".
Terá
dito que "os sindicatos ou querem parar de tentar afogar o barco, com o risco de serem os primeiros a afogar-se, ou querem conduzi-lo [...] a bom porto" (mais coisa menos coisa...).

Não se percebeu bem se tal foi uma ameaça, um aviso, uma constação, uma dúvida formulada, ou apenas uma bacorada sem trela que fugiu por uma boca aberta.

Este rôto, parece insistir na confusão entre "negociação", "discussão" e "contestação". E insiste em massacrar (em nome do Ministério que integra) os nus, com as suas intrincadas sentenças.

É que como "negociação" nunca chegou a haver porque não foi verdadeiramente facultada pelo ME, a "discussão" tomou-lhe o lugar. E numa "discussão" ganha quem tem a voz mais grossa. É básico mas é assim.
E daí à "contestação" vai um passo.

Se o Ministério da Educação tem do seu lado a tentativa de aterrorizar com a ameaça das faltas por greve e inspecções saloias às escolas nesses dias, a conivência de alguns órgãos de gestão que dissuadem da "contestação", acesso privilegiado aos media para a sua (suposta) lavagem de roupa suja, publicação de propaganda e manipulação de resultados de adesão à greve, se tem o apoio de uma mole de débeis delirantes por se ter descoberto afinal que o cancro da Educação estava na docência, se tem em última análise (e em tese) a faca e o queijo para alterar as regras do jogo a seu belo prazer, o que têm os professores? (...Admitamos que se confundem sindicatos som "os professores"!)

Têm a força de estarem no terreno e a possibilidade de a demonstrar, "contestando"!
Têm o dever de a exercer - ou então admitir que estão errados.

Diz o rôto ao nu: «deixa-te disso, de seres machão, de andar para aí a mostrar os pelos do peito em vez de "negociar" com termos».

Só que este rôto já não convence ninguém. Começou o mal e já não pode (?) pará-lo.
Cabe-lhe se tiver vergonha (a última das virtudes) calar-se, levar o seu andor até ao fim e ver o que daí ganha.

(...Isso, e explicar ao pessoal aquela coisa que nunca tinha ouvido de "afogar o barco".)

Grandes Portugueses


Trey Parker; 19 de Outubro de 1969, Conifer, Colorado, USA


Sem dúvida, um tipo que fará parte da lista.

Eh pá!... Mas o gajo nem sequer é português!...
Olha, deixa lá, leva na mesma o meu voto.

19/10/06

O que é que está a dar no outro?...

Aqui está como tantas vezes me sinto: "se desejasse viver assim, tinha emigrado em novo para o Uganda".

À velocidade da luz


Houve quem se chocasse com as declarações do senhor Secretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação, António Castro Guerra.
Mas o que disse, vindo da boca de quem o disse, não é grande "inovação".

Disse o cavalheiro, aos microfones, para quem quis ouvir e difundir, que a culpa do aumento de 15,7 por cento da electricidade para os consumidores domésticos em 2007 é do próprio consumidor, porque esteve vários anos a pagar menos do que devia.

Ora, fora o atraso mental do político que diz uma coisa destas (depois de dita nada interessa "o quereria dizer..."), fica o tal espanto só para alguns.

É que o que o senhor Secretário de Estado Adjunto diz, é exactamente o que diz o senhor Secretário de Estado da Educação (que como os professores são beneficiários da distinção de ser professor, têm de suportar o sistema às costas), ou o senhor Ministro da Saúde (que como os portugueses teimam em ficar doentes e recorrer ao seu Ministério, têm de ficar sem urgências), ou do que diz o senhor Primeiro-Ministro (que como estamos em maré baixa da economia, temos de pagar uma Ota e um TGV). Não há qualquer distinção.
Encontra-se um bode expiatório, larga-se-lhe a culpa em cima e pronto. Qual nexo, qual lógica, qual quê...
Basta que esteja infimamente contaminado com o objecto em discussão, estabelece-se uma correlação "à Lagardère” e está resolvido.
...Por isso não há novidade.

A única diferença foi que o senhor Secretário de Estado Adjunto imprimiu outro boost à sua intervenção.
À velocidade da luz, como aqueles tipos do Shakespear completo em 97 minutos, o senhor pretendeu contar a história completa da atitude governativa portuguesa numa penada; daí o traço largo, alguns borrões, o ter transposto os contornos da tela.

Fora a injustiça (que eu nunca deixei de pagar o que me foi pedido pela EDP, portanto não tinha nada a "pagar mais"), registo apenas o sinal. Mais um.
De que há algo que está a correr muitíssimo mal e de que andamos todos um bocado adormecidos - a deixar correr o tempo, que não corre senão contra nós.

Abençoados os que não são "de referência".

A bom ritmo

http://www.tsf.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF157564
José Socrates reagiu, esta segunda-feira, com alguma irritação à notícia de que o PS pondera subir a taxa do IVA caso vença as eleições de Fevereiro. O líder do PS admite mexer nos impostos mas promete não subir o IVA.
(03 de Janeiro 05)

António José Seguro não concorda com o aumento do IVA promovido pelo Governo para combater o défice. Na reunião do grupo parlamentar, o antigo líder da bancada socialista alertou que a medida vai contribuir para a perda de credibilidade do Executivo e afectar, também, os deputados do partido.
(03 de Junho 05 )

http://www.tsf.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF161397
O ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, sublinhou que no futuro com o desenvolvimento do país vai ser inevitável que as auto-estradas sem custos para o utilizador (SCUT) venham a ter portagens, mas por agora o Governo não tomou nenhuma decisão nesse sentido.
(18 de Maio 05)

http://www.tsf.pt/online/economia/interior.asp?id_artigo=TSF174466
Teixeira dos Santos diz que nada mudou no programa de Governo para as SCUTS. O Ministro das Finanças reage assim às acusações que classificaram a decisão como um recuo do governo Socialista.
(18 de Outubro 06)

E que mais virá a seguir?

Um País no bolso?

Estou farto.
Farto, mas mesmo farto!

Farto de incompetentes, de incapazes, desonestos.
(...E não! Não estou a falar dos malandros dos professores.)
Estou farto de gajos que dizem que sabem, que podem, que fazem. E que por serem tão notáveis mandam exigir-lhes admiração e reverência.
Farto de gente que engana quem vota (e mãezinha!... tantos são eles...), que ilude quem vive, que explora quem trabalha (como sou cada vez mais esquerda...), que goza na cara quem leva a sério as suas responsabilidades e o seu papel no mundo.

Bem podem alguns desses espécimes, no caso mais vistosos pelas funções que desempenham, apregoar que a coisa está controlada, o caminho traçado com segurança, que os sacrifícios infindáveis vão ter por fim retorno, que o pior já lá vai.
O paleio já não é de hoje.

25/06/04 Governo Barroso; economistas da praça

Porque basta um olhar de passagem para perceber que tudo não passa de meros jogos de sombras.

Eu estou farto! Mas, e o País?...
Está já farto ou está aconchegado confortavelmente no bolso de um político pouco fiável?
Quem sabe...
Pode bem ser que a saúde sexual e reprodutiva deste Governo tenha uma vida mais curta que aquilo que parece.

17/10/06

Bem... A pedofilia está um bocado "out"!

Lá acabou a greve de professores.
E, tirando a mostra clara ao País de que há gente que não está disposta a que brinquem com a sua profissão, lá tivemos as macacadas usuais.

...Como o esgrimir de números de adesão.
Tanto no primeiro dia, como no segundo, tanto tivemos os sindicatos a falar de "um bom dia de greve" (como o "napalm pela manhã" do Robert Duvall no Apocalypse Now), como tivemos o Ministério da Educação a fazer cálculos estalinistas, jogando os dados que lhe apeteceu para dar os resultados que desejou.

Sei que fiz greve terça-feira (não quarta, que não sou rico e não me interessa pagar sozinho o défice da Nação), que tive razão para isso e que o farei de novo.

(Já o dissera tal e qual em Junho e os ares não aclararam...)
Tudo o resto é paisagem.

Como aquele momento lindo ao fim do dia de terça, em que o Primeiro-Ministro chamou a si a comunicação, e aos pés do Parlamento re-explicou aos jornalistas o estado da Educação.
Como as suas visões são nobres, dignas, certas e modernas, e como a greve de profs era fútil engrenagem.

Dizia com a voz embargada que era "para bem das crianças"... Que havia que pensar nelas ao destratar professores.

Só que nos feios dias que correm, a pedofilia está "out".
Por étimos, pedo-filia: a amizade pelas infantis criaturas... O desvelo no seu servir.
Por isso o solícito gesto se atolou no mau gosto, artifício demagógico, repetidas frases feitas que não ganham espessura, sendo uma bola bombada chutada para fora do estádio.

E a paisagem é isto.

Estado de graça

Local: uma sala de professores de uma escola portuguesa.
Dois professores que consultam documentação afixada.
Ele em greve, ela não.

Ela (espontânea) - Mas tu estás em greve? Vocês são mesmo queixinhas.
Ele (simplesmente) - Estou. Estou a lutar por algo que é meu. E que é teu.

Ela (pronta e reinadia) - ...Vai à merda! (Sorriso...)

E lá foram à merda os dois.
Com a diferença que ele estava ciente do seu rumo.

Verdade e consequência?


Será verdade e uma consequência que ontem o Fórum da TSF (a "instituição nacional" da opinação radiofónica) tenha versado sobre a Greve de Professores de hoje e amanhã, entretendo-se hoje com outro tema?

É curioso.

A isto, em gíria gastronómica, chama-se amaciar a carne.
Um dia antes da greve (que seria bom que fosse esmagadora - sim, e-s-m-a-g-a-d-o-r-a...), convida-se o povileu a desancar nos profs para chegarmos ao dia de hoje com o bife mais tenro, já pronto a comer pela "opinião pública".

Cheira-me que os mesmo que intimamente se espantaram com a massa de gente do dia 5 de Outubro não gostariam de correr hoje o risco de ter em directo uma sessão de desova-Ministra.

Assim, já lá vai a oportunidade, já lá vai o "fórum", quem ouviu ouviu, quem não ouviu ouvisse, mas a senhora já tem as orelhas em descanso.

Será verdade e uma consequência de a TSF "pertencer" ao "nosso" generoso Estado?

Greve de professores

Com a internet à mão, não há desculpa.
A quem eu tenha de explicar com as letras todas porque faço greve, não me quer de certeza entender.

12/10/06

O "vomit chic"

Para alguém que tenha um conhecimento minimamente aprofundado do que é a "juventude" nos dias que correm - por exemplo para um professor! - não é novidade...
Não deixa contudo de revoltar as tripas.

Vimos ontem na RTP a reportagem “Até ao Coma Alcoólico e ninguém pode ter deixado de ficar chocado, angustiado e revoltado.
Com a futilidade, com a irresponsabilidade, com a inconsciência.

Falava a reportagem da "noite" dos jovens lisboetas, regada abundantemente com álcool, para além de qualquer controlo, esticada até altas horas da manhã em total roda livre.
Ou precisando, já nem "jovens" mas crianças!
Que abalam de casa de táxi
, acorrem a concorridíssimos espaços de animação nocturna onde atestavam os buchos de álcool e sensações, e queimam a noite e os euros no carrossel vadio das capelinhas da capital.
Porque "sair à noite sem beber é uma seca"!

"Futilidade, irresponsabilidade, inconsciência."
...Dos adultos, entenda-se!

Quem é o degenerado do pai que recheia de dinheiro o bolso a um filho de 10, 14, 16 anos que seja, o mete num táxi, o manda para a noite, sabe Deus para onde, e o recebe sem perturbação de alma alcoolizado de madrugada?
Quem é o degenerado do pai, que não é metido na cadeia?

Quem é o criminoso do comerciante cujo negócio de "diversão nocturna" consiste em chular sem escrúpulos miúdos desta idade, que encharca de bebidas alcóolicas menores - por vezes em bar aberto - no único limite do dinheiro que tenham para o consumir?
Quem é o criminoso, que não vai preso?

Quem é o nojento do Estado que permite este género de coisas, pela permissividade e inacção das suas múltiplas sucursais e ramificações, e que tem o descaramento de fazer tantos discursos moralizadores sobre as prevenções de dependências, formação dos jovens, obrigações dos agentes económicos e responsabilidades dos pais?
Quem é o nojento do Estado, que não é chamado à justiça?

Por estas e outras é que acho engraçado andar o Governo com estas guerras de alecrim e manjerona (não fossem elas seriíssimas) sobre estutos de carreiras de professores e outras areias atiradas para os olhos.
"O País está metido num sarilho"? Ai está, pois! Maior do que a generalidade dos portugueses julga.

Porque estes jovenzinhos não são de minorias étnicas.
Não vivem em bairros de realojamento.
Não estão visadas por nenhum Roteiro de Inclusão.
Não provêm de famílias (aparentemente) desestruturadas.

Vivem apenas num País de brincar.
Em que brincar é um direito constitucional. Qualquer um, com qualquer coisa.
Em que o "chic" é o brincar (muita, muita gente) com coisas sérias, para lá do limite do aceitável.
Senão, a vida "é uma seca"... (Expressão sinistra que há dez anos de ensino atrás não existia, nem em similares!...)

Parabéns a Mafalda Gameiro, Pedro Mateus e Guilherme Brizído.
Mesmo os mais distraídos, não digam agora que não foram avisados.

Mentalidade


Dizia-me no outro dia a minha mãe: "fui ao teu blog, gostei, está muito bem escrito, mas é tudo tão negativo"...
Ao que só pude responder: "é verdade, mas não tenho culpa que aquilo de que falo seja o que me incomoda, e por isso... Mas deixe, que hei-de colocar um post que seja mais positivo".

Cá está ele.

Segundo consta, há uma proposta de alteração para o Código Penal que proíbe os castigos corporais sobre as crianças.
Que proíbe mesmo...

É decerto uma pequena mudança nas palavras de uma lei escrita, feita de papel, que o português comum não conhece nem de cor nem de côr.
Mas representa uma mudança de mentalidade. Sabemos que muitas vezes não se pode esperar que as "mentalidades" mudem; precisamos de as fazer mudar.


Aqui está. Um contributo positivo, uma marca que este Executivo deixará para o futuro.

(Agora... Aproveitem bem. A minha bonomia, o louvor ao Governo... É que, infelizmente, um cidadão normal que viva no rectângulo não costuma ter muitas razões nem para uma nem para outro.)

11/10/06

O primeiro Presidente


O Presidente da República iniciou um Roteiro contra a exclusão social visando em especial os sem-abrigo e as prostitutas, e em
Lisboa a acção visou promover igualmente a integração dos imigrantes.

Seria evidente a comparação com as Presidências Abertas do tempo do Presidente Soares, decalcadas com a moleza típica pelo Presidente Sampaio.
Mas só os distraídos aí se demorarão.


Neste caso, não só houve membros do Governo inseridos no programa (lealdade que Soares nunca soube o que é...), como foi o primeiro Presidente da República a visitar uma instituição como o Lar Associação-O Ninho, de abrigo de prostitutas à procura de ajuda para construir um projecto de vida (ousadia política que Sampaio desconhece), como ainda, à saída, se manifestou frontalmente contra a legalização da prostituição.
Bolas! Para "político correcto" em funções, consegue ser bastante "fracturante".


Esperam-se surpresas do Presidente de todos os portugueses.

As bestas e os bestiais - parte 2

Blá, blá, blá, se fosse noutro tempo havia de ser bonito se acontecesse isto...

1. O Primeiro-Ministro encarregou-se de bradar que no próximo Orçamento de Estado todos os ministérios vão ter um corte nas suas dotações.
À excepção do Ministério da Ciência que vai ter um acréscimo de 64%.

Faz-me lembrar quando jogava tardes de Monopólio com o meu irmão. Eram resmas de massa a mudar de mãos, prédios a crescer, ganhar tudo, ficar sem nada...
O sentido de equilíbrio e de mesura do engº Sócrates é uma coisa assim do género.

2. O Governo já anunciou com igual ventosidade que, como o País está depauperado, o investimento público é outro que vai levar uma talhada.

Desta vez, o Dupond fez a interpretação mais inteligente, linear, e por isso preocupante, dos valores do anúncio.
Os senhores do Governo falam de um corte de investimento, não sobre o orçamentado para este ano, mas sobre a execução do que foi orçamentado!!!
Isto é, já este ano a execução do que se tinha previsto investir patinou, para o ano será esse o valo
r reduzido em percentagem.

Estuporada da Manuela Ferreira Leite que queria equilibrar as contas do País retraindo o investimento!!

2,7. Ainda não se confirmou, mas só o cego não vê, que a Brigada de Trânsito, a Brigada Fiscal e outras quatro Brigadas Territoriais da GNR estão na calha para marchar, como boas estruturas de força paramilitar que são.

É que as ditas foram sujeitas a "um estudo" encomendado pelo Ministério da Administração Interna, e com este Governo-Matadouro isso só significa uma coisa: foi aconselhada a sua extinção e portanto está legitimado o seu abate.


Havemos de ver o dia em que este País ainda vai dar lucro!

Dupont e Dupond


Está a dar-me para o experimentalismo...
Cá vai disto.


http://tsf.sapo.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF173884
PS recusa ouvir PGR para não «incomodar» Souto Moura
O Partido Socialista voltou a recorrer à ironia para justificar esta quarta-feira, na Comissão dos Assuntos Constitucionais, o facto de ter rejeitado a audição do ainda Procurador-geral da República Souto Moura.

http://tsf.sapo.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF174231
O PS decidiu viabilizar o pedido do Bloco de Esquerda para que seja criada uma comissão parlamentar de inquérito ao caso do «Envelope 9», relacionado com a listagem das chamadas de altas individualidades do Estado anexado ao processo da Casa Pia.




http://tsf.sapo.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF173516
O combate à corrupção foi ignorado no recente pacto para a Justiça, defende Maria José Morgado, que diz que o problema está na lei e não na investigação. O presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal concorda.

http://tsf.sapo.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF174257
O líder do PSD propôs a consagração de um «significativo reforço» das verbas da Polícia Judiciária no próximo Orçamento de Estado, salientando que sem capacidade para investigar, a «corrupção faz o seu caminho» e os crimes ficam impunes.



Deixem-me adivinhar: os políticos estão desacreditados aos olhos dos portugueses...

10/10/06

O que é que está a dar no outro?

"Me clica, vai..."

09/10/06

Dá-se mais valor ao que não se tem?

Dá-se mais valor ao que não se tem?
É capaz...
E como espelho, desvaloriza-se o que se dá como adquirido.

Hoje em Portugal há um couro (ou coiro) de vozes contra os professores.
Como iludi-lo?
Contra a sua preparação, empenho, desempenho, remuneração, progressão, horário e calendário de trabalho, atribuições, competências...
Daria para perguntar a esses perfeitos a rodos o que acham que não está "errado" com os professores.

É tranquilizante (para eles e para o poder político), porque pensando assim se vive a ilusão de ter encontrado respostas automáticas e credíveis para o desencanto, a inadaptação, a violência, o insucesso de uma juventude que deveria ser promissora.
Vive-se a ilusão de ter encontrado a resposta para a inconsequência de um processo que sempre prometeu às sociedades a garantia de segurança e tranquilidade do seu futuro - o desenvolvimento integral do indivíduo na escola (como outrora).

Mas o mundo hoje é feio.
Não é melhor nem pior que o de ontem. É feio.
É duro e agreste, como sempre foi. Mas somam-se-lhe o cinismo e a desilusão íntima, a desconfiança em si mesmo.
O que é avassalador.

Por isso o pânico, por isso a tristeza.
Por isso a culpabilização, a descredibilização dos professores aos olhos do vulgo.
Por isso o desencanto dos professores, a sua impotência e revolta perante a injustiça.
Por isso a dúvida secreta e incómoda sobre continuar ou não num jogo fatídico de desgaste e de perda.

Se não se acredita, veja-se!
Veja-se no Reino Unido. (Aqui, aqui, ou aqui.)
Ou na França. (Aqui.)
Ou na Alemanha (Aqui.)
Ou no Canadá (
Aqui.)
Ou na Bélgica. (
Aqui ou aqui.)
Em muita parte deste mundo ocidental moderno... Diferentes agentes, mesmas histórias.

A "nossa novidade" é estarmos a chegar às portas deste problema tão mais tarde quanto chegamos sempre aos abalos sociais que varrem a a Europa.

E como bons carneirinhos, sem tino para nos governarmos, vamos atrás dos outros, pelas alegrias ou pelas tristezas, pelos sucessos (?) ou pelos fracassos, nunca aproveitando o compasso de espera da chegada dessas novidades para as enfrentarmos e debelarmos, preparados.

Leia-se o excerto do texto de um reitor belga de uma faculdade formadora de professores, sobre tudo isto.

"A propos de la pénurie de profs de sciences
Pierre Marage
Doyen de la Faculté des Sciences de l’ULB

On semble avoir enfin pris conscience, ces derniers jours, de la pénurie de professeurs de
sciences dans l’enseignement secondaire.

Les raisons de la pénurie actuelle sont assez évidentes, mais il importe d’en tirer toutes les conséquences.
Le recrutement de professeurs de sciences souffre évidemment de l’image
malheureusement très négative – et injuste ! – du métier d’enseignant : dévalorisation
sociale, crises à répétition, problèmes récurrents de financement, missions de plus en plus
lourdes et complexes face à des adolescents souvent peu motivés par le manque de
perspectives professionnelles, conditions de travail pénibles, violences à l’école,
dispersion des horaires sur plusieurs établissements, nécessité pour les jeunes enseignants
de préparer au pied levé de nombreux cours différents, souvent hors de leur discipline,
instabilité des nominations, etc.

D’autre part, le recrutement d’enseignants souffre de la forte concurrence d’autres
secteurs sur le marché de l’emploi. Les jeunes scientifiques ne sont tout simplement pas
assez nombreux.
"

Estamos a cometer os mesmos erros. Estamos a replicar resultados.
Que dizem os professores? Estão à espera de quê?

08/10/06

Homossapiens

Foi Domingo, e como de costume Marcelo Rebelo de Sousa lá perorou sobre tudo e nada com aquele ar um pouco louco de quem está em privação de sono desde a adolescência.

Estou à vontade para falar do senhor, porque continuo a gabar-lhe as qualidades de espírito que ninguém pode contestar, como lhe recrimino graves defeitos de personalidade que sempre lhe apontei.
Não precisei do número da saída da TVI e das "pressões" que o pobrezinho teria sofrido a dada altura da sua indefesa carreira de opinador vindas dos papões da política para passar a dizer bem dele, nem me modela o juízo sobre a sua crónica este ou aquele sentido das suas derramadas opiniões.
Consumo-o com moderação.

O senhor falou esta semana (já cá faltava...) sobre a marcha de professores de 5 de Outubro.

Banalidades à parte (acha muito bem que se reforme o ensino em dadas partes - claro! -, que se afinem os processos de avaliação de desempenho como forma de diferenciação - óbvio! -, que a Ministra está a errar ao tratar os professores como responsáveis pelo estado da educação - evidente! ) deu a sua sentença sobre o futuro imediato e seus desenvolvimentos.

Disse ter dúvidas sobre o benefício prático e negocial das greves alinhavadas. Já somos dois.
Que não está certo de que os professores ganhem assim para a sua causa alunos e pais. Escrevi-o eu aqui, não há muitos dias.
Mas a opinião do senhor sobre a reacção mais inteligente dos professores face à situação actual é que foi de truz.

Segundo o opinador, seria fácil...
Uma vez que o processo que o Ministério da Educação pretende implementar é tão complexo e burocrático (nomeadamente na questão das "avaliações" dos docentes), o melhor que os professores faziam era deixar aprovar e pôr em campo o novo ECD e mais tarde seria claro para todos que tinha parâmetros desadequados (!!!).

Bom, o senhor acha que quando há propostas desajustadas, o povão deve deixá-las introduzir, correr, borregar, e só depois alguém pronunciar-se?!...
Se o senhor reconhece que a linha de discurso do Ministério da Educação tem sido a da culpabilização na rua dos professores, sugere que estes aceitem o que lhes é imposto, como lhes é imposto, com a fundamentação com que o é, decorrida de um princípio tácito de que há uma bandidagem que tem de levar mão pesada?
Só por brincadeira!

Não foi o senhor que à frente de um partido político se opôs um dia a um Totonegócio?
E noutra ocasião a uma proposta de Regionalização?
E ainda a uma outra proposta de despenalização do aborto?
(Combates que, aliás, fruto da sua inteligência ganhou na totalidade...)

Porque o fez? Porque não permitiu que o Parlamento aprovasse esses diplomas?
Porque não permitiu que se talhasse o País em regiões?
Ou que se passasse a abortar noutras circunstâncias?
Ou que se desse mais umas massas aos clubes de bola oriundas do jogo da Santa Casa?
...E depois logo se via.
Se desse buraco, arranjava-se um remendo qualquer.

Fê-lo, talvez por haver na vida momentos em que temos de marcar posições firmes, sob pena de nos vermos confundidos com os débeis de alma e inteligência que anuem a tudo...

Só é pena, depois de tanta observação, análise e sistematização, faltar ao senhor um bocado de capacidade de auto-crítica.

É que assim, este Homo Sapiens (Sapiens), criatura arvorada (com alguma propriedade) em esgalhadora de verdades televisivas, corre o risco de se ver reduzido a um boneco, ao cromo patético de um mero homossapiens.

Uma criatura já não tanto "homo" latino - do "homem"- , mas mais "homo" grego - de "semelhante, igual, conforme, repetido".
Já não tanto um homem com capacidade pensante, mas um vulgar pensador cíclico, esgotado, bem comportado, dramaticamente previsível, prisioneiro do constrangimento sebáceo da sua inteligência.

07/10/06

Vergonha na cara? Só falta um bocadinho assim...


Foi
noticiado que "as universidades portuguesas estão a receber centenas de alunos sem o 12º ou o 9º ano".

A intenção é a melhor.
Destina-se a maiores de 23 anos e visa a "promoção de igualdade de oportunidades no acesso" ao ensino superior. (Ainda pensava eu que já estava estafada a fórmula "ter canudo para fazer vida de fino"...)

Estes "candidatos" ao ensino superior têm que fazer uma prova e uma entrevista na faculdade onde pretendem entrar, e se tudo correr bem lá engressam.

A medida faz parte de um decreto-lei, aprovado pelo Governo em Março.

Parece que "as universidades estão a conseguir assim impedir o encerramento de cursos que, de outro modo, não teriam alunos suficientes" (!!!!).
(Privadas ou públicas?)

Ainda dizem que não há amigos.

P.S. - Ainda bem que os malandros professores que ingressam na carreira vão ter de ter duas certificações de habilitação para dar aulas.

(O brigado a tic-tac-toe.)

Aí está: nada mais

Sócrates tem uma moção para apresentar no seu Congresso.
Que bom...

Mas como percebeu que isso não dá qualquer abalo ao pífaro aos portugueses (são mais lá lutas dele e dos seus) precisou de fazer o número do salsicheiro jabardão que vai enchendo a tripa com tudo que tem à mão.
Seja Segurança Social, seja a Educação.

E essa parte já me interessava...

Mas como já o previ a certa altura, não há mais nada que o homem diga que faça alguma diferença.

«O primeiro-ministro classificou de "sensata" a reforma introduzida nesta matéria, que estipula que os professores já não sobem automaticamente na carreira até ao seu topo [...] sem avaliação
«Os trabalhadores devem ser premiados ou não em função do que realizam. Não podia continuar a prática de não haver qualquer avaliação, como acontecia com os professores

Chavões, chavões, chavões.
Ditados por um político (afinal) desonesto, à medida de preguiçosos mentais que os replicam, destinados a massas alheadas pretensamente aflitas com o estado das coisas, mas ansiosas por ser alimentadas na boca com o feno demagógico de "punir culpados" e dormir descansado na volta do auto-de-fé em praça pública.

Resta-me (e àqueles milhares do 5 de Outubro) continuar previsível e banal.
Resistir a quem não me ajuda a ser melhor profissional. A quem não me ensina a ser sério.
A quem me envergonha, cada dia que passa, mais um pouco, de estar sob a sua tutela e de ser português.

As bestas e os bestiais



Casa onde não há pão, blá blá blá e ninguém tem razão.
Daí a senda exterminadora do Governo.
Mata aqui, fecha ali, abate aquele e encerra o outro.

Desde o travesti do "défice estimado" de 6,83% (ainda alguém se lembra?) que se percebeu que havia que apertar muito mais o cinto.
Tendo nós um Governo tão inventivo, jamais imporia a si mesmo o espartilho do rigor financeiro que invertesse o crónico e vergonhoso despesismo que grassa no Estado; mais depressa se empenharia em compor uma miríade de culpados a que imputaria o esforço de o corrigir.
E assim foi, tal e qual.

Entendamo-nos que (fora o deficiente conceito de que o Estado não pode ter "prejuízos" com serviços - como se devesse ou pudesse ter neles "lucros") a poupança é sempre bem-vinda. Como a contenção, a racionalização, a restruturação, ou outra banalidade administrativa demagogico-ontológica destas.

Por isso, e num entendimento muito genérico, interessa pelo menos conhecer a base do conceito de fechar serviços como maternidades, urgências e serviços de atendimento nos Centros de Saúde, prisões, esquadras, escolas, tribunais (ainda que referi-lo agora agora seja "prematuro"), ou "fundir" municípios e freguesias, entendido como acto de melhor gestão...


Mais me chateia o fariseísmo de alguns cromos que aí andam.

Porque me lembro da história de um tipo chamado Dias Loureiro, à data Ministro da Administração Interna de Cavaco Silva, e da tourada (sim, com chocas e tudo...) que foi armada pela ideia de "poupar", "conter", "racionalizar", "restruturar" o esquema de distribuição de esquadras, pretendendo-se dar origem às então chamadas Super Esquadras!
...Uma "inaceitável revolução" - que se limitava às grandes urbes do País! - violadora das expectativas dos cidadãos e demolidora da segurança psicológica experimentada por portugueses inocentes que não mereciam tal agressão.


À data, os (agora) famosos pensadores da finança pública, não estiveram com meias medidas nem contemplações académicas e enxertaram forte no homem - que já ia moribundo quando pretenderam matá-lo com aquela (outra) tourada do buzinão da Ponte.

É a diferença entre estar em Graça e ser engraçado.
(Leia-se: ser levado ao colo ou estar sem recurso sob os perigosos holofotes dos bem-pensantes.)

País nas Últimas - Começar o dia



Começar uma manhã de Sábado foi assim.
Num País estafado, a dar as últimas. Sortido, mas a fechar para balanço.

Ou isso, ou há quem acredite (muito!) em coincidências.

06/10/06

Educação nas Últimas - Quotas na Avaliação

Chegou ao conhecimento deste blog que o Ministério da Educação se encontra determinado em manter a proposta de quotizar avaliações, na tentativa de moralizá-las, introduzindo tectos por número de classificações atribuíveis.

No âmbito deste maior rigor nos processos, os alunos de todos os níveis de escolaridade ver-se-ão quotizados nas suas avaliações,
segundo o seguinte modelo:
* notas positivas dadas por disciplina - até 25% do total das atribuídas
* transições de Ano - até 15.5% dos alunos candidatos
* transições de Ciclo - até 4.5% dos alunos candidatos.

Pode parecer uma brutalidade... mas depois eles habituam-se.


(Conceito delirante da autoria de
um parceiro...)

5 de Outubro de 2006

5 de Outubro de 2006 foi um dia a relembrar.

1. Finalmente o Presidente da República de todos os portugueses (algumas pessoas só vão levar com esta durante cinco anos) é um homem que fala para dizer e não em masturbações discursivas em gincana de feira, nascidas de uma alma tacanha e destinadas a um público selecto.

Não ficámos a saber que há corrupção em Portugal.
Ficámos foi a saber que o Presidente da República (homem impoluto como poucos) também sabe que aí anda, onde frequentemente se acoita, quem lhe deve dar caça e sentença, quem tem por obrigação denunciá-lo com rigor e parcimónia, e que não permite que o confundam com o podre da Nação.
A partir de hoje, os podres estão mais entregues a si mesmos.

É tão claro que não é preciso fazer desenhos...

2. Desfilaram em Lisboa 20.000 professores (ficamos assim para evitar conversa).

Não os contei mas vi-os. Estive lá, com eles.
Estranho ponto de encontro de muitas caras conhecidas - de há poucos e muitos anos - de gente revoltada, mobilizada para a defesa de uma dignidade atingida. De profissionais, educadores, pais, cidadãos.

Um em cada sete professores do País terá estado em Lisboa. (Que outras classes profissionais o conseguiriam?) E quantos mais teriam estado, vencida a preguiça e o imobilismo de muitos?
Num feriado. (Finalmente alguma inteligência e alguma coragem dos sindicatos.)
Por um mesmo fim. Não opor-se a tudo cegamente, mas não podendo transigir no inaceitável.

Deixando uma mensagem clara a quem confunde tutelar com totalitário. E deixando-lhe o ónus de justificar o injustificável às pessoas de bom-senso.

A greve dias 17 e 18, terça e quarta-feiras (finalmente a inteligência) não me convencem como estratégia de sucesso.
Quem eu quero mobilizar para a minha luta, alunos e encarregados de educação, mais se sensibilizarão com ela ou não? (Porque as perdas são claras...)

Mas finalmente, quase demasiado tarde, os "contras" da Senhora Ministra estão na rua.

03/10/06

Guerreiros das sombras

" Processo Casa Pia". Conhecem? Já ouviram falar?...
Já não se lembravam? Qual foi a última vez?
Quando se fala dele? E porquê?

Qual a maior raiva que dá?
A de não dar certamente em nada? A de poder ter sido mais do que devia?
A de nos sentirmos manipulados seja qual fôr o desenlace?

Seguro, é que as manobras continuam.
Por exemplo nas notícias que circularam sobre um indivíduo, testemunha no Processo, que teria sido apanhado a roubar.

1º Qual é de facto a notícia?; 2º Quem é o indivíduo para ser notícia?; 3º Para ser notícia é porque se faz referência à sua participação no Processo; 4º Se faz parte do Processo, de que forma a notícia afecta a maneira como lá o vemos?; 5º Se a maneira como lá o vemos se altera e ainda assim se insiste em documentar tais factos, qual a motivação objectiva dos media para a sua publicitação?, qual o fim que pretendem atingir?
Que o haverá, decerto! E decerto que é simples.

Parafraseando livremente o outro: esta é uma charada, dentro de um enigma, envolvidos num mistério.

Certo, certo, é que a quem competia - os profissionais de saúde - foram e vão sendo certificadas testemunhas (as "tais" dos jornais, de carne e osso, que são humanas, que sentem e agem, que escolhem e erram, que triunfam na vida ou fazem cagadas e se negam futuros) como aptas, totalmente aptas a dar a sua voz às histórias do Processo.

O que isto dará?... O que o permitirem os guerreiros das sombras.

02/10/06

Identidades

Parece que há quem queira levar o PS a reflectir sobre a sua "identidade".

Não me parece mal.
Reflectir nunca fez mal a ninguém e muito menos sobre "a sua identidade"...

Acontece que no PS isso não vai acontecer. Ponto.

Nunca num partido em mó de cima se "reflecte sobre a identidade".
A "crise de identidade" é apanágio de quem está na mó de baixo, nas ruas da amargura de enxertos eleitorais sem terapêutica de recuperação à vista.
Quem tem o Governo na mão não tem angústias dessas, quem é maioria absoluta (!!!) democraticamente delegada, só começa a angustiar-se uns três anos e meio depois de ser eleito.
Por isso, a "reflexão sobre a identidade" não vai acontecer, porque organicamente o PS não precisa dela.

Quer isso dizer que no PS não faz sentido reflectir sobre a identidade do partido, porque sabe muito bem quem é?
Aí, não exageremos...

O PS hoje é uma empresa de sucesso graças a um gestor competente dos seus recursos.
Mas politicamente - já agora, se não fosse pedir muito, uma vez que se trata de um "partido político" - é uma enxertia caprichosa e mirabolante num pé político estafado e serôdio.
O PS é hoje, por excelência, o partido político português da crise de identidade.
...A todos os outros partidos parlamentares, de cabo a rabo, poder-se-ia sim recriminar o imobilismo, a pretensa adaptabilidade de fórmulas práticas na verdade estafadas e desajustadas. Mas sempre "idênticas" e identificadas.

Mas da "variedade socialista" já não colhe o retrato do admirável caldeirão de culturas, da mescla alquímica de sensibilidades políticas, da teia de tensões em perfeito equilíbrio que lhe confeririam variedade, riqueza e até estabiliadade.

Transformado numa plataforma utilitária para a concretização remota de um projecto transversal, a governação "socialista" da Nação, o PS atingiu o maior sucesso legislativo que já conhecera - a maioria absoluta.
Mas pagou-o na factura de uma cisão profunda entre os pós-modernos - que desdenham de uma história política de décadas mas sabem que é ela que valida aos olhos do País as pretensões actuais e futuras ao poder do partido - e os históricos - que desdenham a vacuidade das figuras de proa de um socialismo sem alma mas que reconhecem os frutos de um pragmatismo dúctil.
Uma cisão que se manterá por tanto tempo quanto durar este projecto pós-moderno socialista em vida política útil dos seus "pais fundadores".

Qual a novidade do episódio presidencial Alegre?
Qual a surpresa desta ânsia pela "definição de identidade"?

Todos no PS estariam interessados em resolver de uma vez por todas a questão da "identidade".
Fosse por varrer o lixo para debaixo do tapete, fosse para encostar definitivamente à box quem, de parte a parte, é considerado um handicap para a realização do "socialismo português do século XXI".

Acontece que isso no PS não vai acontecer. Ponto.

Só garganta

Como foi noticiado pela imprensa nacional e estrangeira, o recital de Sábado 30 foi um sucesso. Com público, muita qualidade e absoluta pacatez na envolvência.

Ficou comprovado com a realização deste enaltecimento à cultura sacra ocidental em Loures, que tal como no espectáculo, a grande indignação e a pele de galinha perante a experiência religiosa e suas manifestações nesta terra... é só garganta.