22/11/06

Distopia futurista


Bradbury está à solta em Paris e em França.

Visões distópicas de um futuro previsto?

"Uma mensagem imperial"

"O imperador – assim dizem – enviou-te, súbdito solitário e lastimável, sombra ínfima ante o sol imperial, refugiada na mais remota distância, justamente a ti o imperador enviou, do leito de morte, uma mensagem.
Fez ajoelhar-se o mensageiro ao pé da cama e sussurrou-lhe a mensagem no ouvido; tão importante lhe parecia, que mandou repeti-la em seu próprio ouvido. Assentindo com a cabeça, confirmou a exatidão das palavras. E, diante da turba reunida para assistir à sua morte – haviam derrubado todas as paredes impeditivas, e na escadaria em curva ampla e elevada, dispostos em círculo, estavam os grandes do império –, diante de todos, despachou o mensageiro.
De pronto, este se pôs em marcha, homem vigoroso, incansável.
Estendendo ora um braço, ora outro, abre passagem em meio à multidão; quando encontra obstáculo, aponta no peito a insígnia do sol; avança facilmente, como ninguém. Mas a multidão é enorme; suas moradas não têm fim. Fosse livre o terreno, como voaria, breve ouvirias na porta o golpe magnífico de seu punho. Mas, ao contrário, esforça-se inutilmente; comprime-se nos aposentos do palácio central; jamais conseguirá atravessá-los; e se conseguisse, de nada valeria; precisaria de empenhar-se em descer as escadas; e se as vencesse, de nada valeria; teria que percorrer os pátios; e depois dos pátios, o segundo palácio circundante; e novamente escadas e pátios; e mais outro palácio; e assim por milénios; e quando finalmente escapasse pelo último portão – mas isto nunca, nunca poderia acontecer – chegaria apenas à capital, o centro do mundo, onde se acumula a prodigiosa escória. Ninguém consegue passar por aí, muito menos com
a mensagem de um morto.
Mas, sentado à janela, tu a imaginas, enquanto a noite cai."

Franz Kafka

(Obrigado à cantinho)

As time goes by

Saudades.
De espaços. Tempos. Caras.


Recordados ao encontrar a S.B. numa visita de estudo. A D.C. numa editora. A C.M. no Parque das Nações. A A.V. ou a V.F. num centro comercial. O J.L. na manifestação do 17 de Outubro. A L.C. num evento em Loures... (Estes, os seus nomes de então. Perdoem-me, ...mas os que para mim ainda valem.)
Ao manter contacto com o C.S., com a F.P., com a C.A. e com a E.F.
E ao vislumbrar uma figura familiar no meio da multidão. A uma distância improvável.

Todos estão presentes. Aqui. Como sempre estiveram.

A todos um beijo de boa-sorte e felicidade.

19/11/06

O Estado liquidatário

Cada vez mais o estado deste Estado é o de um administrador liquidatário (nesta, pago direitos de autor a um jornal que não é de referência).
Um administrador que pegou "nisto" - como diria o ex-Presidente Sampaio - com a lúgubre função de fazer as contas, pendurar a tabuleta, apagar a luz e fechar a porta.


Por isso a presente estratégia de gestão governativa da Nação é a do fecho. Do corte. Da eliminação.
...Que poderiam ser razoáveis. Que poderiam fazer sentido e dar resposta a problemas prementes que careciam de solução ampla e firma.
Mas não quando o fecho, o corte e a eliminação são mecânicos e meramente instrumentais - para não acrescentar sumários.
Quando visam simplificar a actividade governativa e não os processos organizativos.
Quando visam descartar problemas e não resolvê-los.

Tal tem sido, nos últimos tempos, a causa de várias decisões espantosas.

A dos cortes a esmo nos orçamentos dos vários ministérios, com referência a um número astrológico de 5%, a que o Governo chegou (não 4%, nem 6%, nem 5,5%, nem...), mostrando no "padrão" total falta critério, completa falta de capacidade de diferenciação e priorização de gastos.
Nada se muda, nada se resolve, apenas se corta a direito e assim se enche um balãozinho de oxigénio.

Ou a machadada sem anestesia
sofrida pelas universidades e politécnicos nas verbas provenientes do Estado para o seu funcionamento.
Sem qualquer manifestação de interesse ou vontade de participar da mudança de procedimentos em estruturas que se tutela,
corta-se a direito. Fecha-se a torneira, manda-se pastar que está no terreno e mesmo os amados media são mandados ir ver se chove. (Ver como remata a notícia referida!)

Ou, soube-se agora, a decisão de amnistiar (na prática) os prevaricadores até finais de Outubro do não pagamento de portagens e viagens em transportes sem bilhete.
Descriminalizando os actos, o Governo transformou estes crimes em contra-ordenações e resolveu a chatice que era ter estes 200 mil casos a ser julgados e a entupir o sistema de Justiça! Acontece que este Governo-canalizador, ao desentupir o cano, não aliviou a questão, aluviou-a! (E seria curioso apurar quantos portugueses sabem disso.)
Através da "simples" transformação destas transgressões em contra-ordenações puníveis com coima, na prática, o legislador prescinde do início de novos procedimentos criminais contra este tipo prevaricadores, extingue os já iniciados (por falta absoluta de enquadramento criminal) e mesmo os casos "condenados" vêem cessada a sua execução.
Em comple
mento, como a nova legislação descriminaliza actos passados, torna impossível sequer que aqueles sejam sancionados retroactivamente com aplicação de coimas!
Em suma: cerca de 200 mil transgressões ficam impunes, vão directamente para o arquivo e muitos milhões de euros ficam por arrecadar pelo Esta
do.
...Porque se decid
e matar o doente como forma de curá-lo.

Mas pensar-se-á: "caramba, nada se acautela nesta revoada de 'reformismo'?"

Sim, claro!


Quando se decide passar para juristas privados a acessoria jurídica dos ministérios - até agora da responsabilidade de magistrados do Ministério Público - com o fito cego de esvaziar mais um bocado os quadros do Estado, no âmbito do PRACE (Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado), está a acautelar-se alguma coisa...
Não só o corte, o fecho, a restrição, mas também o negócio dos escritórios de advogados, que passam a prestar acessoria aos ministérios!
É unânime que o custoo do serviço até aqui prestado por quadros do Estado aumentará. (Até a Ordem dos Advogados refere esfingicamente que "é preciso considerar variantes além da folha de pagamentos da Função Pública".)
Mas não podemos acusar o Governo de não se preocupar com nada.

Que ideia mais parva!...

Chuva vermelha

"Em 2001, o sul da Índia foi assolado por uma misteriosa chuva vermelha, para a qual os cientistas encontraram uma rápida explicação. No entanto, há quem defenda que estas gotas traziam organismos alienígenas".
Assim começava a notícia do jornal Sol.

Esta autêntica plotline de filme de ficção-científica provoca-nos com uma hipótese chocante: e se a vida na Terra devesse a sua origem a uma longa viagem cósmica?...

Renasce uma teoria dos anos 60, a da "Panspermia" (que me era estranha!), que propunha precisamente isso. O desenvolvimento de uma vida na terra, originada previamente noutro lugar.
Basicamente, que os "extraterrestres" cuja existência sempre nos questionou e inquietou, somos nós mesmos.
Que a vida que suspeitávamos existir algures no universo tem em nós, que a conjecturamos, e na vida à nossa volta, a sua prova.

A teoria, ainda que chocante, já terá sido mais desconsiderada que nos dias de hoje, e coloca-nos uma questão apaixonante: se fosse comprovada, deixava-nos mais perto da teoria creacionista ou evolucionista da vida na Terra?...

Chuva vermelha.
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Chuva vermelha.

Peter Gabriel foi eleito "Homem da Paz 2006", nomeação de tipo Liga de Honra, decorrente da escolha de um grupo de nobelizados da Paz.
A nomeação, ainda que discreta, já terá tido menos relevância que nos dias de hoje, e coloca-nos uma questão apaixonante: e se "o Nobel" fosse, de facto, como alguém já o caracterizou, um mero colégio de anciãos, fechados, à janela sobre mundo, num país frio e deprimente com uma elevada taxa de suicídio?
E se um "Homem da Paz" fosse mais isto?...


Peter Gabriel - Red rain.
De quando a música era (parecia ser?) mais música.

17/11/06

Grandes Portugueses


Franz Kafka; 3 de Julho de 1883, Praga, Império Austro-Húngaro (República Checa) – 3 de Junho de 1924, Viena, Império Austro-Húngaro (Áustria).

Sem dúvida, um tipo que fará parte da lista.

Eh pá!... Mas o gajo nem sequer é português!...
Olha, deixa lá, leva na mesma o meu voto.

Face A, face B

Momento televisivo de antologia.

Não, não!... Não estou a falar de nenhuma das duas entrevistas que tiveram lugar ontem.
Falo do facto genial de, simultaneamente, termos tido duas entrevistas deste coturno; mais: duas entrevistas que são cara e corôa, verso e reverso, a face A e a face B de uma mesma realidade política recente e actual.
Os espectadores tiveram de optar entre ver uma e outra (ou então ir dar uma volta para apanhar ar fresco), num acto de consciência e arbítrio. O que é muito bom.
Pessoalmente preferi assistir à entrevista de Santana Lopes (como uma boa parte dos portugueses preferiram), não dei o tempo por mal gasto e consideradas as análises que hoje já ouvi foi, de longe, mais interessante.

(Só gostava de saber qual das entrevistas foi atrás de qual - não acredito em "coincidências" destas. Seria muito revelador.)

Na entrevista, Santana demonstrou mais uma vez de forma linear e inequívoca - só ele neste País é obrigado a dar provas permanentes e sucessivas - que lhe foi feita politicamente a cama e ao seu Governo, por muito boa gente que lhe tirou proveitos.

Jorge Sampaio, com o interesse socialista - o inconveniente Ferro Rodrigues já estava fora de jogo e o caminho aberto para o primo-ministeriável Sócrates.
Cavaco Silva e a sua mira da eleição presidencial - sem Santana e PSD no Governo, mais facilmente se escolheria um social-democrata (?) para Belém com um socialista (?) em S. Bento.

Jorge Sampaio, com o interesse próprio - como disse ontem Santana Lopes, o magistério de Sampaio só brilhou (?) por ter aberto a porta da Presidência a Cavaco (com a ascensão de Sócrates) e não a porta a Soares, que o poria "entre parêntesis".
Marcelo Rebelo de Sousa e a sua sede de protagonismo - com proverbial "informação privilegiada" sobre o que se há-de passar no rectângulo, o prof. Marcelo soube que Santana era para (a)bater e pretendeu aos olhos da Nação renascer em popularidade e saliência pessoais, por compaixão pela pseudovítima que talhou em postas o Governo com as suas próprias mãos.
E o PS em bloco, evidentemente...
E algumas figuras do PSD, que assim ascenderam (ou não)...
E sectores - relevantes - da sociedade que viam a vida andar para trás.
Et cætera...

O livro de Santana Lopes está escrito. Toda a gente escreve um.
A história escrever-se-á sozinha.

...E o que é certo é que (o ingénuo) Santana ainda anda por aí anda.



(Aplauso para o DN e uma das capas mais bem conseguidas que vi nos últimos tempos.)

...Mas vai raiando a luz na imprensa

O assunto ainda dura.

Não porque seja preciso explicá-lo aos lentos. (E só se fossem muuuuito lentos!)
Mas porque é preciso repeti-lo.

Porque de tanto o repetir...

16/11/06

A um pequeno português

Parabéns a este homem. E só...

Aos 84 anos Saramago alcançou o improvável.
Os píncaros do máximo reconhecimento literário, confrontado com o discurso de um douto popularismo barroco desconfortavelmente moderno.
A fama do homem e do escritor das liberdades, à pendura com o alforge de um pensamento missionário, prosélito e decadente.
O enaltecimento pela verticalidade e pela coerência do serviço à frágil República, a alguém que lhe virou costas num capricho cobarde, não tolerando as escolhas e as mudanças de um País livre, que o tolera ao limite do bom-gosto e do bom-senso.

Um homem que um povo generoso e humilde insiste em assinalar em festa.
Quando o contrário não acontece.

A história não se conta toda hoje. Aqui.

Hoje, parabéns e só.

Sem Comentários 3

Não tentem isto em casa


"Quem é este caramelo?"... Boa pergunta.

É o sôdôtor Amir Khadim. Milagreiro dos olhinhos dos desamparados.

Face à realidade mundanal de os problemas oftálmicos tanto tocarem rico como pobre, o sôdôtor criou o revolucionário sistema LASIK@Home, que universaliza o acesso dos necessitados oftálmicos a uma intervenção de correcção, agora também possível aos mais "desafortunados" (sic).

Mas as boas notícias não ficam por aqui.
O LASIK@Home é um processo do tipo faça-você-mesmo!

Basta encomendar online o kit por uns módicos $99.95 (mais envio...), preencher com os dados clínicos do lorpa, perdão..., do doente, (isto é: duas quadrículas) e realizar na volta do correio, tranquilamente no sossego do lar, sem esterilizações esquisitas nem cheiro a éter, a sua própria intervenção oftálmica!!
(- Oh Zé, já desentupistes o ralo do bidé? - O rai's partam a mulher! 'Tâ nâ vês qu' êtô a operar as vistas?!...)

O Lasik vem já calibrado (!) de acordo com as dioptrias de cada um dos olhos da vítima, quer dizer..., do paciente (ora aí estão as duas quadrículas) pelo que vem personalizado e pronto a usar.

Segundo o site, tudo exactamente como num estabelecimento credenciado (!).
Excepto o aborrecimento do "material e pessoal técnico" e respectivos custos associados.

E já está!

Para quem faça tiro com arco, pilotagem de monolugares, pintura ao ar livre ou visitas regulares àquela parte de Paris em que a Torre Eiffel está no meio de um bosque, não há melhor. É um autêntico upgrade da qualidade de vida.

Só dois alertas.
Primeiro: apesar de se tratar de um procedimento cirúrgico de máxima segurança, NÃO PESTANEJAR enquanto decorre! Caso o desgraçado, quer dizer..., o operador-operado o faça, sabe Deus o que pode acontecer.
Segundo: há que manter os cães afastados destas coisas - são uns bichos muito cuscos. (Bem, ou então... só se fôr para ajudarem a pôr as gotas...)

(Quem ainda não estiver convencido da história - ou suficientemente aterrorizado - pode confirmar tudo no site oficial da coisa.)

Um contra todos?

Está montado o quadro. Resta saber onde isto nos vai levar.

De um lado, "um" PS. (Não todo - e nem sei sequer qual!...).
Do outro, o País.

Sei que estou a facilitar o discurso. Que a coisa não é bem assim.
Mas sei, como sabe toda a gente, que o que se passa também não é o contrário: um PS no Governo da Nação bem-amado pelo povão (e quando digo "bem-amado" já nem digo com o povo "satisfeitinho", digo solidário com um projecto político que se perceba qual é que não se sinta como cilindro Caterpillar com que se leva em cima porque por azar se é apanhado à frente).
Só por demagogia - consentida pelos "opinadores" - se pode plantar esse discurso de adesão, união e comunhão do Governo com os portugueses.

Por um lado, o PS cerra-se. Claro! Como não? Não é senão natural.
Desde a votação do líder (com um resultado cubano), reconduzido e relegitimado por um partido grato, à aclamação em congresso (muito útil na forma e irrelevante em conteúdo), tudo é previsível e normal num partido vencedor nas urnas de uma maioria absoluta que não está virado para deitar fora - o(s) interesse(s) é (são) grande(s) em mantê-la.
Não perde a política, a democracia nem a honra do convento com isso.

Mas por outro, há um País. (E repito que sei que estou a simplificar.)
Um País de gente que sente que tudo vai estando cada vez mais na mesma, quer na marmelada que se convencionou chamar "Governos da Nação" (cadê a retoma?, cadê os 150.000 empregos?, cadê o controlo das contas do Estado?), quer no sino a rebate aos sacrifícios imprescindíveis e inadiáveis, com remetente e destinatário tão bem conhecidos.
Quando as "sondagens" e os "barómetros" (e olhem que ninguém lhes acha mais piada que eu...) vão dando os resultados que dão, não precisamos de mais provas.
(Barómetro TSF - "
Sócrates cai a pique". "PM perdeu 16 pontos".)
(Sondagem Intercampus - "Pelo menos 37,5% dos inquiridos dizem que o país está mal, 32,7% defendem mesmo que está muito mal". "Os mais jovens são os mais críticos. Vinte e dois por cento dos inquiridos acha que o Governo tem agido mal, uma opinião partilhada mais por mulheres do que por homens". )

O desencanto, o pessimismo, a desconfiança em relação à política, às políticas e aos políticos está como sempre.
Com a fatal agravante para quem chega de carregar com a insatisfação acumulada de décadas... (Mas também ninguém vai para a política por obrigação ou sequer às cegas, por isso não tem nenhuma razão para se queixar.)

Já lá vai o tempo em que o fashion engº Sócrates só tinha de aparecer para convencer.
Carinha laroca (?), corpinho de maratonista (?!), fatinho de bom corte (...) e palavras vagas.
Hoje, nem as votantes encantadas, nem os jovens esperançados ou sequer os convencidos eleitorais estão a ver o retorno que esperaram do seu voto.

E a situação arrisca-se a piorar muito.
Se o Governo espera cumprir o calendário da recta de mandato com uma gestão mais ergonómica, pode lá chegar tão estrangulado que não terá outra possibilidade que não o deixar cair a máscara à boca da urna.

O Primeiro Ministro continua pessoalmente em alta. (Tudo tem marés. Ainda se lembram da "onda" Guterres?, bonacheirona e fraternal? Acabou. Hoje está a dar a "pose-autoritarinha-de-quem-vai-pôr-a-casa-em-ordem". E tanto dar corda a uma como a outra revela a parolice extrema do povo que somos!)
Contudo, o País não está a perdoar o comportamento da Ministra da Educação (afinal a sua pega não é só com os professores?...), nem do Ministro das Obras Públicas (mas as SCUTS que passam a pagas não tocam só uns gajos sei lá onde e não trazem mais dinheiro ao Estado?), nem do Ministro da Saúde (afinal as taxas moderadoras não afectam só os mais endinheirados?, e os blocos de maternidade não tocam só umas centenas de interiorizados?), etc.

Se calhar o País não é tão burro como se pensa (e como muitas vezes se comporta!).
Talvez haja um resíduo de sentido comunitário e de atenção ao quadro mais amplo, que os políticos (todos) se recusam a entender.

Bem pode o engº Sócrates fazer os seus balanços à vontade.
Acontecer-lhe-á rigorosa e simplesmente o que tiver de acontecer...

Batem leve, levemente...

Alguém viu esta notícia?

Segundo ela, o consumo de "drogas leves" "pode conduzir à amputação de membros ou mesmo à morte celular contínua".
É o que afirma Armando Mansilha, um português a coordenar o “European Registry of Training Centers”.
O professor e investigador da Faculdade de Medicina do Porto afirma que o consumo deste tipo de drogas actua "de forma lenta mas progressiva".

Essa é a parte fácil de perceber.
Difícil de perceber é nesta notícia a conjugação de palavras "Contrariamente ao que normalmente se pensa, não são apenas as drogas 'pesadas', como heroína e cocaína, que provocam doenças de foro vascular mas também as chamadas 'leves'".

É que para "jornalismo a sério" (...) esta conjugação peculiar soa muito a cantiga do bandido.
"Contrariamente ao que normalmente se pensa"?!?... O que é que isto quer dizer exactamente?

"Normalmente"?!
"Pensa"?, quem?!...

Eu não penso isso. Nunca pensei.
Por isso é que me oponho, como sempre, às despenalizações, liberalizações ou lá o que querem, de "drogas leves".

Por ser demasiado evidente e antecipável uma "conclusão" destas!

A quem pode aproveitar uma notícia destas, desculpabilizadora, que mete toda a gente no mesmo saco do "pensa-se" (portanto é normal) para não se salientar ninguém, é quem possa estar entalado por obra da sua grande bocarra em relação ao tema.
Um algué
m - todos os alguéns - que possa já ter assumido compromissos populistas nesta matéria e agora precise de mão amiga que lhe alije a carga.

Não sei... Eventualmente...
Alguma juventude partidária, ou algum partido político...
Será?...


Mas lá que a notícia dá jeito, isso dá!

Grandes Portugueses

Borat Sagdiyev; 1972, Kuçzek, Cazaquistão.


Sem dúvida, um tipo que fará parte da lista.

Eh pá!... Mas o gajo nem sequer existe!...
Olha, deixa lá, leva na mesma o meu voto.

12/11/06

Universos paralelos

Para orgulho nacional, teve lugar no nosso País a reunião periódica do globalismo comunista, no Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários.

Em Lisboa, estiveram presentes 70 delegações de países, que reflectiram sobre o estado do mundo actual, deram conta aos parceiros das suas lutas proletárias (?) locais e - porque estas coisas são mesmo assim - aproveitaram para ter algum tempo de antena.

(Gosta quem gosta. Interessa a quem interessa.)

A festa só terá sido entristecida por duas ausências de vulto: a do Partido Comunista da Coreia do Norte e a das FARC colombianas - cuja presença prevista acabou por não acontecer.

Sobre a Coreia do Norte, não tenho muito a dizer para além do que é o senso-comum.
(Aliás, terei é menos a dizer do que muita gente.)
Sobre as FARC é que... vamos mais devagar.

As FARC, "Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia", são um grupo guerrilheiro que luta há décadas pelo ensejo a uma sociedade colombiana conforme à sua visão política da realidade. A partir do seu acantonamento na densa selva sul-americana...

Mas cuidado!, quem tenda a inebriar-se com o aroma romântico das lutas libertárias de heróis revolucionários.
Porque quem diz "guerrilheiro", diz terrorista!
(E não sou eu que o digo. Se quiserem vão ler o que a União Europeia listou como organizações terroristas e verifiquem se as FARC lá estão, ou não...)

Quem diz "guerrilheiros", diz criminosos por grosso. Pilhadores. Raptores. Homicidas - genocidas aprendizes, de populações indígenas.
Narcotraficantes que - a par das organizações paramilitares direitistas pró-governo - se sustentam sem vergonha nem escrúpulos do rentável comércio da coca, partilhado por uma vasta matilha.

Ora, por isso se estranha que a abominável comitiva das FARC estivesse na lista de convivas da reunião de comunistas na capital portuguesa.
E que os senhores sejam reconhecidos e respeitados pelo "comunismo global".
E que o PCP ande em tão más e íntimas companhias...

É que (para quem não deu por isso...) as FARC estiveram representadas na última Festa do Avante!, no Seixal.
Lá se encontrava para distribuição a revista ‘Resistência’. E por isso o Estado português ainda teve de prestar contas
à diplomacia colombiana pela gracinha da propaganda pública em solo nacional ao grupo terrorista!

É demasiado para mim. Demasiado bizarro, para que eu perceba.

Que o comunismo persista hoje, talvez seja um capricho histórico. Mas legítimo.
Que uma certa ideologia de esquerda continue a mitificar narrativas-modelo e figuras sinistras (que um dia poderão aqui desfilar) como heróis românticos, pode ser um mero fetiche. Mas cada um endeusa o que quer.
Que a cegueira ideológica (de qualquer quadrante) force a percepção da realidade, o equilíbrio das propostas e a perspectiva de viabilidade de um futuro militante, pode ser uma excentricidade. Mas o que se pode fazer?...

...Não se pode é deixar de considerar que uma certa forma de pensar, de agir, de viver, se enquadram mais numa realidade alternativa, num universo paralelo paranóico-concebido, do que neste universo, nosso, quotidiano, falível mas palpável.

E assusta a influência filosófica que ainda exerce esta esquerda (tal como outras!), hoje, na "forma correcta de pensar", no "politicamente correcto" que nos envenena, compelindo-nos ao formalismo ético de um pensamento único, que nos afasta do rumo desejado por todos os democratas e cidadãos do futuro.

A ditadura de uma certa intelectualite de esquerda dominante? É isto.

10/11/06

América

Os Estados Unidos foram a votos.
E já se conhecem como resultados definitivos as vitórias dos democratas em ambas as câmaras do Congresso.


Na maior democracia do mundo, votou-se livremente e os americanos optaram claramente por uma mudança de rumo.
(Que a acontecer, influenciará consigo o mundo inteiro. É esse o signo da América.)


Na maior democracia do mundo, as alterações de política interna e externa ocorrerão, trazidas pela nova maré partidária, mas a Nação não abalará por isso.
Não ameaçará colapsar sob a sofreguidão da mudança ou com a sua brusquidão, porque a mudar será sempre profunda e silenciosa como o rio caudaloso.


A América é um grande País. Eu já o sabia. E digo-o sempre; não é de hoje.
(Contrariamente a alguns canoras que, de repente, viram raiar deslumbrados o brilho das riscas e das estrelas, dependente do resultado alcançado pelos democratas!)

Recordo-me enfim do que cívica e democraticamente disse o cívico e democrata sr. engº Pinto de Sousa, nosso Primeiro, na noite da sua vitória legislativa, relativamente aos seus adversários: "Espero que tenham aprendido a lição."
Os democratas e os bem-pensantes americanos aprenderam a lição, de facto, nas últimas presidenciais: a campanha de denegrecimento da figura do Presidente e do homem George W. Bush, por mais saborosa que tenha sido, não compensou.

Desta feita, jogaram-se os factos e os dados, e o povo falou.

Como se esperava. Espera-se que bem.

09/11/06

Presidir


Há muitas maneiras de estar. Como há muitas maneiras de ser. Nenhuma forçosamente correcta, muitas necessariamente lícitas.
...Antiquíssimo e irresolúvel paradoxo.

Variem a construção pessoal de cada um, a sua história de vida, a sua formação, a perspectiva que tenham de si, dos outros, do mundo, da vida, a sua força interior (racionalizante?, problematizadora?, dinâmica?), o seu espírito (atento?, empenhado?, mobilizado?, empreendedor?), a sua moral e a sua ética, varie qualquer um destes elementos e cada um percorrerá um caminho pessoal tão peculiar quanto a forma como o trilha.

Assim é na política.
Assim é a política. Cheia de homens e mulheres não só inevitavelmente diferentes entre si, mas distintos nas suas formas de estar presentes, de escutar, d
e entender, de relacionar-se com a realidade e de agir com e sobre ela.

Quando em opinião publicada na edição de 07 de Novembro do Jornal Triângulo o Presidente da Junta de Freguesia de Loures resgatou à má-consciência envergonhada de alguns a necessidade absoluta de assumir a dimensão religiosa do património cultural de um povo, marcou uma posição pessoal, cívica e política importantes.
Deu conta aos leitores, na primeira pessoa, da sua forma de ser e de estar.

Partindo de Luther King, "Chega um dia em que é preciso assumir uma posição que não é nem segura, nem política, nem popular, mas que tem de ser assumida porque é a que está certa", reforçou as palavras de Madeleine Albright, segundo a qual a sensibilidade ao religioso deve ser uma das preocupações da política e dos políticos.

A dimensão cultural da religião; a dimensão religiosa na cultura; a acção ética sobre a sociedade, isto é, a acção política.

O reconhecimento e o conhecimento do fenómeno religioso nas suas várias facetas (inclusive a sua experimentação) munem o homem, e por decurso o político, de uma maior compreensão dos seus actos e dos do outro, em sentido estreito e lato.
Reconhecendo o que há na sua sensibilidade, na sua perspectiva, na sua identidade própria, de uma tradição diversamente rica, o homem alarga as perspectivas de sucesso de um auto-entendimento e de um entendimento no contacto com o outro.
(Não beliscando a laicidade de Estados ou entidades civis, impessoais, universais e mediadores.)

Contrariando uma certa "tendência" fashion pós-moderna e militante para a arreligiosidade - já nem sequer para o próprio ateísmo, que involuntariamente adere à encenação do confronto do Homem com o divino - a opinião do Presidente da Junta de Freguesia de Loures teve a coragem de assumir-se organicamente resultante de um conjunto de fontes de sensibilidade culturais, uma delas a sua própria abertura à religião, e a clarividência de denunciar a hipocrisia de uma campanha convencionada contra o religioso - que numa dimensão antropológica não se configura como "alternativa intelectual".

Ao opor-se ao argumentário e à prática dos eunucos culturais da (forte?) "tendência" arreligiosa, a atitude de João Nunes corporiza o verbo "presidir".
Mais do que na acepção corrente da "chefia" ou "liderança", na da "presença" e do "afrontamento".
Etimologicamente "presidir", ou "prae"-"sedere", significa "estar sentado, colocado", "face a, perante".
Porque é disso que se trata nesta questão: de firmar posição clara, de demarcar espaço próprio, mesmo que não contra, em função directa de algo. De clarificar uma posição relativa, sem margens cinzentas de dúvida.

Mais gente parasse para olhar... Para reflectir. Mais gente avançasse e se assumisse...
(Não importaria quando, onde ou sobre quê.)
Mais gente aceitasse o desafio democrático à cidadania.

Um País estúpido "cadáver que procria"..., por favor, mais não!

08/11/06

Tapa-buracos

Eu que sou tão ingénuo, fiquei dividido.

Por um lado, a oposição parlamentar diz que as medidas anunciadas pelo sr. engº para aumentar a colecta fiscal da banca são inócuas, por outro, vejo uma primeira página destas, em que o pobre do sr. engº aparece como um McArthur da pevide.

Cá para mim está tudo a ser enrolado (só...) mais uma vez.

Em primeiro lugar, não são só as "oposições" a afirmar que se as "medidas" governamentais na área se ficarem pelo anunciado, passamos de parados a quietos e a banca continuará a folgar como sempre.

Em segundo, não é grande o aspecto de anunciar medidas de justiça fiscal sobre a banca no dia da discussão do Orçamento de Estado para 2007, quando as medidas são apresentadas como não fazendo parte do pacote e de entrada em vigor prometida para daí a trinta Janeiros.
De que é que se está a falar afinal? Afinal o que é que se discutiu naquela sala? Há distinção entre resposta política a interpelações ao Governo e cortinas de fumo para enlear?


Em terceiro, é um péssimo sinal que o Primeiro-Ministro apresente as referidas medidas como retaliação aos lucros faraónicos da banca.
Julgava eu que a honra fiscal dos contribuintes era universal e compulsiva, cega e imparcial. E que o Estado mais não fazia que a impor a quem dela se esquecesse.
Afinal, parece (olhem as coisas que se descobrem!) que o Governo se envolve em campanhas contra alvos sociais, por motivos discricionários (quem diria?...).
Ao apropriar-se da linguagem esquerdista do "combate ao capital" reconheceu que a guerra - de Alecrim e Manjerona - que abriu com a banca - para papalvo calar - não é senão o resultado desesperado de não poder mais encaixar politicamente um discurso populista mas com fundamento, que lhe destapava a careca, que lhe denunciava a cobardia, a inépcia e o desleixo de não impor a justiça fiscal como lhe compete.


E como resposta, um tapa-buracos. Que para a "opinião pública" que é, chega e sobra!

...Mas isto é a leitura de um ingénuo.

07/11/06

Grandes Portugueses



Mestre Jedi Yoda; ?, 896 BBY – Dagobah, 4 ABY


Sem dúvida, um tipo que fará parte da lista.

Eh pá!... Mas o gajo nem sequer é humano!...
Olha, deixa lá, leva na mesma o meu voto.

Faltas dos professores - o milagre português

Ah, o cheiro fresco da propaganda pela manhã!...
Nada como o País começar a jornada com um cafezinho e as primeiras do dia.

...Parece que a coisa está a levar volta na Educação.
Os malandros dos professores, que refinam a malvadez simples de serem funcionários públicos, estão a ganhar juizinho. Andam a faltar menos 40%.

Dito assim, seco.

Não sei se é verdade, se não.
Só sei que há coisas a esclarecer.

Em primeiro lugar, as "faltas dos professores".

Sempre achei que, como em todas as profissões, há bons e maus, blábláblá...
Como há quem falte e quem não.
Como há quem falte desmioladamente e quem falte quando precisa.
Como há quem falte ao abrigo do regime de faltas que o rege e quem não o respeite.
Como há quem falte e, apesar de faltar, assegure muito melhor a concretização do trabalho acordado com o empegador, que outrem que sem falha está diariamente no seu posto a encher balões.
Estamos a falar de quê, especificamente? A generalizar o quê, ao certo?

E os professores destacam-se realmente no absentismo laboral da média do resto do povo?
E uma "falta" de um professor transporta um peso ético tão mais grave que uma "falta" de um outro trabalhador qualquer?
E as faltas dos professores minam a estrutura de um sistema de ensino racional, assertivo e eficaz, que de outra forma seria um sucesso, não o sendo agora?...

Tretas! Muitas tretas!
Sempre me pareceu esta das "faltas dos professores" ao mesmo tempo uma discussão fulcral e uma enorme banhada.

Em segundo lugar, estar a "haver menos faltas dos professores".
A ser verdade, porque será?

Já ouvi a teoria do efeito da norma que obriga agora um professor que falta a deixar previamente o plano da sua aula, para que seja executado em aula de substituição.
Não me cheira!
Como é que uma bandidagem que faltasse sem controlo nem consciência se coibiria, perante uma norma destas, de deixar abandonado de vésperas na escola um papeleto qualquer copiado em dez (já que o controlo pedagógico ou didáctico que o validaria não está previsto em lado nenhum) e de faltar de qualquer forma?
A "bandidagem" não existe e não será por aí.

Já me disseram que os professores estão amedrontados pela perspectiva do efeito retroactivo sobre o início do ano lectivo de um novo normativo a entrar em vigor em Janeiro...
Não é credível.
Os professores não são - em média - atrasados mentais e por isso compreendem que um normativo saído em 2007 não pode retroactivamente penalizar ou deixar de penalizar o que ficou para trás. (Não que o Governo Sócrates não seja vezeiro nestas tentativas de "retroactividade"...)
Por aí não será tão pouco.

Vou mais pelo efeito da força da propaganda... ao contrário!

É velha e tem barbas, a boa da propaganda.
Sempre serviu para mobilizar (manipular) em tempo de crise vontades e energias vitais para a vitória de uma parte, eventualmente adormecidas pelas circunstâncias e a precisar de um abanãozito desencadeador.

Mas ao contrário! Que com este Ministério (Governo) nada é às direitas.

Ao montar uma campanha agressiva e rasteira de descrédito dos professores, alinhados na praça pública para a tosquia da tesoura das finanças do País, a senhora Ministra da Educação obteve um efeito tão caprichoso quanto surpreendente: a "melhoria de comportamento" dos ditos docentes!

Numa lógica de "Rai's ma partam s'aquela gaja m'há-de tirar o amor-próprio!!", a senhora Ministra conseguiu que os professores mais prevaricadores passassem a atinar-se, mesmo como forma de lho atirar à cara em tempo de convulsão...

Caso para dizer: "Senhora Ministra, por favor, não desista!"
Abençoada mulher!

Ficam duas curiosidades.

Se isso a vai livrar de ser remodelada (ela já não andava com boa cara...).
É que o País, apesar destes elevados préstimos, já não lhe acha graça nenhuma há algum tempo.

E se os jornalistas portugueses não sabem fazer cabeçalhos melhores que os que nos põem em dúvida se quem falta são os professores se são os alunos!

Muro das lamentações

«Sou contra a ideia de todos os muros», terá dito o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado.
Metendo a sua colherada no conflito de alvenaria que opõe Estados Unidos e México.


Portugal subscreveu "a crítica dos países ibero-americanos à construção pelos americanos de um muro" na fronteira com os vizinhos mexicanos.
(E a subscrição portuguesa deve ter sido muito relevante...)


Perante um salto (tendencialmente) descontrolado de imigração mexicana sobre os Estados Unidos, e face às críticas ferozes a um acréscimo de policiamento ou militarização de uma fronteira soberana, aparece esta solução.
Mais barata, eficaz, testada com sucesso (...) historicamente e menos abrasiva.

É uma solução triste. Defender-se fechando-se.

Mas não só é uma solução, como é uma solução num problema que sob nenhuma perspectiva nos diz respeito.
Que só pelo nosso maldito vício de irmos metediços pôr-nos em bicos de pés em côros de velhas - na fisga de nos servir de muito! - se justifica.

Haja paciência!

06/11/06

Quem tem um Sampaio não precisa de um Nostradamus

Santana Lopes. O nome diz tudo.

De Encoberto
a descoberto, de aspirante a desesperante, da promessa à pressa, a sua história contou-se em poucos meses, sob o signo da fugacidade e da incompletude.

O que não impede que o homem não tenha guardado muitas e boas razões de queixa do tratamento que teve às mãos dos bem-pensantes que muito bem lhe fizeram a cama em que o lorpa se deitou.

Mais que razão tem ele para o patético número da birra do morto em que chama "batoteiro" ao engº Sócrates, invejando o conforto político de que goza o PM socialista, um conforto tão laboratorialmente manipulado como o rosário das agruras que lhe foram acontecendo.

DÚVIDAS?...

Os de boa memória lembrar-se-ão do comunicado ao País do então Presidente Jorge Sampaio.
Tarde e a más horas (tanto foi o tempo que lhe levou a esgalhar um discurso justificativo à Nação), lá deu aos portugueses a esmola de u
ma explicação da dissolução de uma Assembleia da República democraticamente eleita e em regulares funções, contando com uma maioria estável constituída como suporte a um Governo empossado meses antes pelo dito.

Mas não sei se toda a gente terá bem presentes as suas palavras...
É que são muito engraçadas de ouvir, com um ouvido em Dezembro de 2004... e outro em Novembro de 2006!

Dizia o dr. Sampaio, então Presidente:

"Quando, no início do Verão passado, [...] optei, após cuidadosa ponderação, por não dissolver a Assembleia da República e nomear o dr. Pedro Santana Lopes Primeiro-Ministro, [...] decidi nesse sentido porque a maioria parlamentar me garantiu poder gerar um novo Governo estável, consistente e credível, que cumprisse o programa apresentado para a legislatura e fosse capaz de merecer a confiança do país e de mobilizar os portugueses para vencer os desafios inadiáveis que enfrentamos."
[...]
No discurso que fiz no momento em que empossei o Governo, reafirmei [que] : 'A conjuntura nacional, bem como o delicado contexto internacional, impõem ao Governo uma particular lucidez nas políticas e um rigor na gestão governativa, tal como aconselham a realizar obra consistente e estruturante na solução dos problemas'.
[...]
Entretanto, [...] depois de lhe ter assegurado todas as condições necessárias para o desempenho da sua missão, o país assistiu a uma série de episódios que ensombrou decisivamente a credibilidade do Governo e a sua capacidade para enfrentar a crise que o país vive. Refiro-me a sucessivos incidentes e declarações, contradições e descoordenações que contribuíram para o desprestígio do Governo, dos seus membros e das instituições, em geral. Dispenso-me de os mencionar um a um, pois são do conhecimento do país. A sucessão negativa desses acontecimentos [...] criou uma grave crise [...] na relação de confiança entre o Estado e a sociedade [e do] prestígio das instituições democráticas.
[...]
Não fiquei surdo às vozes que defendem que o Orçamento para 2005 não responde satisfatoriamente às exigências de efectiva consolidação orçamental, condição necessária para se prosseguir o esforço de redução do défice público que os nossos compromissos internacionais e as necessidades do nosso desenvolvimento futuro tornaram indispensável. Entendi, no entanto, e sem que se possa ver nisso contradição, que era preferível dispormos de um Orçamento aprovado que assegurasse, desde o início do ano, o normal funcionamento da Administração Pública [...]."

Hoje já não há Sampaio, já não há Santana, mas estas palavras continuam frescas do dia...

Apesar de, como em tudo na vida, até um visionário como Sampaio poder errar nas suas previsões.
Afinal, dizia ele aos portugueses a acabar a tal comunicação ao País:

"Vem aí, espero, um tempo de debate, de confronto de ideias, de elevação e exigência democráticas, [...] serenidade, tolerância para com as opiniões diversas [...]."

...Eu também ainda estou à espera.

05/11/06

Que susto!

Mudei para o canal 1 em susto, mas...
Uff!... É só o Marcelo!

Ainda vou a tempo do Gato Fedorento.

Abortos

Acabei de ouvir numa peça jornalística (sim, porque alguém o pôs no ar!) sobre o referendo do aborto o sr. Louçã declarar sem mais:

"Quem é pelo 'sim' é pela decência, quem é pelo 'não' é pela indecência."

Eu, que não tenho obrigação de aturar este tipo de coisos nem tempo a perder a argumentar contra isto, apenas afirmo: esta "campanha" pré-aborto vai ser exactamente igual à anterior.

03/11/06

Grandes Portugueses


Richard Davis James (AKA Aphex Twin); 18 de Agosto de 1971, Limerick, Irlanda


Sem dúvida, um tipo que fará parte da lista.

Eh pá!... Mas o gajo nem sequer é português!...
Olha, deixa lá, leva na mesma o meu voto.

Baile da Madeira

Hoje foi dia de Grande Entrevista na RTP.
E não foi "grande", foi monumental.

Como o próprio dr. João Jardim deixou como provocação inicial, não se percebeu na totalidade o propósito da entrevista em causa.
Claro que os critérios jornalísticos da actualidade e relevância seriam ponderáveis, ...mas estamos na vigência DESTE Governo, e seria disparatado começarmos agora a aventar razões implausíveis, como se a linha editorial do canal público não estivesse "na sua alçada".

O que é certo é que o senhor se sentou na cadeira, frente à drª Judite e a coisa lá foi.
...Como poucos esperariam!

Poucos (inclusive eu) julgariam que o Presidente do Governo Regional da Madeira conseguisse ser tão eficaz na entrevista.
Rigoroso, coerente, ponderado, incisivo.
Sempre expansivo, afrontante e desafiador, como é hábito, mas nunca resvalando. Nunca caindo na armadilha de se chocar com memórias, protagonistas, factos ou convites ao devaneio, antes devolvendo e estrangulando germes de polémica servidos em prato quente.

Com números, dados, factos, expôs o seu ponto de vista, pretendendo (como não se cansou de repetir) "esclarecer os portugueses que andam a ser enganados" pelo Governo da Nação.

Loucuras autonomistas, delírios despesistas, incompetências financeiras, intransigências face ao esforço de solidariedade nacional, incompatibilidades pessoais, tudo lhe foi atirado à cara em menos de uma hora.
E a tudo reagiu da mesma forma: esclarecendo, exemplificando, desmontando e montando peça a peça uma entrevista que controlou na totalid
ade, sobrando-lhe tempo de sobra para os recados às instituições, aos governantes e aos portugueses.

Se excessos houve, couberam por completo a Judite de Sousa.
Que quando lhe foram dados números desdenhou dizendo: "os espectadores acabam por se aborrecer com números". Como se os portugueses fossem todos atrasados mentais que habituados a Froribellas não conseguem assimilar os importantes números, tão claramente explicados.

Ou quando João Jardim pôs preto no branco o que considerava ser o seu (e de todos) dever de solidariedade. Ao que a entrevistadora respondeu: "sabe que os portugueses não aceitam as suas justificações...". Como se os atrasados mentais dos Floribellos nacionais precisassem da sua esclarecida mediação para militar por si a sua "raiva".

Ou quando quase no final, estando a conversa mais animada até sobre os favorecimentos aos Açores socialistas (sempre) baseados em números, a senhora desabafou: "não me venha com os números!".
Como se tivesse entrado em
vigor hoje uma maneira nova de ser credível quando se afirma alguma coisa: já não o basear-se em números, mas, quem sabe, arrotar mais alto ou conseguir tocar com a língua na ponta do nariz...

Claro que esta é uma opinião. E como dizia o filósofo "Tudo é opinião".
Mas perante a lôbrega pergunta: "E não teme os prejuízos políticos que daí possam vir?" e a resposta lapidar
"Eu não tenho que pensar em mim.", pouco ficou para dizer.

Claro que o dr João Jardim continuará amanhã a ser visto (ou queira-se fazer parecer) como um louco.
Quem senão um louco ousa dizer em público na sociedade portuguesa que o que o dr Jorge Sampaio, então Presidente da República, fez ao afastar o Primeiro-Ministro Santana Lopes foi um golpe constitucional?
E que sendo nós um País na míngua prescindimos dos rios de milhões de euros em dívida de países africanos de expressão portuguesa, em função do benefício pessoal de nomenklaturas cleptómanas e crué
is?

No Portugal do politicamente correcto isto é impensável. Só explicável por uma profunda perturbação mental.

Mas no fundo, nesta terra, quem são os alienados, quem são os carcereiros, quem está irremediavelmente fechado, onde e porquê?
Quantos homens destes seriam necessários para subverter a ordem instalada no hospício?

Alguém deve ter ficado MUITO chateado, esta noite.

Urgente!

Pede-se a quem tenha uma lamparina de azeite disponível que a deixe de novo no cantinho do peitoril, para algum passante perdido que a encontre. :)

02/11/06

Cai o manto da noite sobre a net

Este é um País giro.

Ainda há poucos dias mostrei aqui o que se passava com o livro do Miguel Sousa Tavares.
A acusação de plágio, a polémica, a reacção, a perspectiva de haver porrada...

Tenho uma leitura dos episódios, umas convicções, mas independentemente delas gostava que a coisa fosse até ao fim.
Isto é, que na praça pública (paciência, era onde já estava!...) fossem tiradas as teimas sobre quem era o pulha. Quem era o ordinário descarado. Se o acusador impertinente, se o acusado renitente.

Porque, tretas à parte, sem rabiar em tecnicalidades de trazer por casa, era limpinho fazer o teste do plágio: ou aquilo lá estava escrito, ou não estava! Pimba! Ou se confirmava, ou se desmentia!

Mas à boa portuguesa, a solução ameaça ser outra.
Quem vá agora a http://freedomtocopy.blogspot.com/ encontra-lhe o lugar vazio...

O quer dizer o quê?
Que o acusador foi tirado do ar?
Que saiu pelo seu pé? E se saiu, foi por lhe apetecer ou por ser forçado? E se foi forçado, como? Pelas viris guichadas de Sousa Tavares? Pela perspectiva da Lei em campo?
Dever-se-á tudo a circunstâncias alheiras continuando dentro de momentos?
Ou não vai mesmo dar em nada?

Que é triste, é. Por ser tão, tão, previsível...

Scary America

O "problema islâmico" é uma questão (porque uma invenção) americana.

Começou pela mão dos Estados Unidos, foi alimentado pelos Estados Unidos, está a ser acalentado pelos Estados Unidos, rebenta na boca dos Estados Unidos, e o mundo civilizado - isto é, o mundo excluídos os Estados Unidos - é um espectador distante mas preocupado com a inventona (como agora se diz...) do "choque de civilizações" dos Estados Unidos.

Parece um discurso de disco riscado?
Se calhar é porque é!

Acabada a Guerra Fria, durante a qual o mundo (o civilizado...) não ousava respirar com risco de uma eclosão militar, este sacou lampeiro do caderno dos calotes acumulados.
...E tudo que era deserdado geoestratégico desatou a a apontar deditos acusadores à "tutela" a que estivera sujeito.

Com a curiosidade de que, com a queda do Muro, só restou um único caloteiro das democracias oprimidas a quem cobrar: os Estados Unidos.
Uma única potência a que os credores das liberdades se lançaram ávidos, até ao dia de hoje.
(Como um Euromarché que passa a Carrefour, a ex-URSS tornou-se uma inimputável política e, ainda que a braços com os seus cancros políticos internos, foi amnistiada por unanimidade na praça internacional.)

Resultado: "A" superpotência Estados Unidos assumiu sozinha as despesas do equilíbrio de um mundo que ainda ficou mais instável com a queda do Muro e como bónus passou a ter escrutinados com rigor implacável todos os seus passos.

Não discuto (agora) a intervenção no Iraque e o derrube de Saddam Hussein.
É unânime que foi um marco na história contemporânea, positivo (?) para uns, negativo (?) para outros.
É unânime que teve um peso determinante nos equilíbrios jogados em muitos tabuleiros políticos paralelos.
É facto que é (se tornou) um espinho na política internacional que urge remover, pretendendo-se um mundo em paz.

Mas o "problema islâmico" NÃO é uma questão (porque uma invenção) americana!

Quando se lê que dezenas de funcionários muçulmanos do aeroporto Charles de Gaulle, o principal aeroporto francês, ficaram sem os crachás que permitiam livre acesso pelas instalações por "representarem um risco", dá vontade de perguntar: "E os Estados Unidos nisto"?
Ou quando se lê noutro lado que taxistas muçulmanos na Austrália se recusam a transportar cães ou pessoas que beberam nos seus táxis, por motivos religiosos...
Ou quando ouvimos que na Noruega um lobby tem a pretensão a um feriado nacional muçulmano....
Por que razão a nova Ministra para a Integração sueca sentiu necessidade de propor medidas como a proibição de uso de lenços de pendor religioso por raparigas com menos de 15 anos, a introdução no Código Penal de crimes contra a honra suscitados por exemplo por excisões praticadas, ou de propor que todas as raparigas com menos de 15 anos fossem analisadas para verificar se teriam sido já mutiladas?

...Estados Unidos? Don't think so...

Andarmos distraídos é péssimo.
Mas deixarmo-nos enganar não é melhor.

(Estas e outras em Letras com Garfos.)

Referendo ao Aborto - Tomar partido

Não. Não é por acaso.
Nem é por desfastio, tique, moda ou imposição.

Este logo aparece neste blog por uma razão simples.

Aproxima-se uma consulta aos portugueses sobre a legislação do aborto e cada um, em consciência, responsavelmente, tem de tomar intimamente um partido e exercer um voto.
Cada um deve obrigar-se a reflectir e a situar-se.
Deve obrigar-se a suscitar na sociedade a discussão e a mobilizar outros para a reflexão e para a decisão - qualquer que seja.

Nada mais triste que cuspir no benefício democrático da expressão de opinião.
Nada mais triste que alhear-se no conforto mole da indiferença e deixar para os outros a responsabilidade da decisão sobre questões dolorosas.

E eu, de forma frontal e transparente, votarei "não" no referendo.

(Mas isso vai ainda dar pano para mangas neste blog...)

Fariseísmo global

Senhoras e senhores (como se ainda houvesse alguém que não soubesse!...), este é o vídeo mais visto de sempre no YouTube.

Esta pérola da net, teve em poucos meses dezenas de milhões de visionamentos, tem já atrás de si uma legião se copiadores e tem animado resmas de fóruns sobre conteúdo net e seu contributo para a evolução das civilizações.

Apenas isto é tudo muito fariseu.

Quando o portal Yahoo! lança um alerta pungente para a falta de qualidade do material multimédia que circula na WWW e se popõe corrigir a tendência degenerativa com um concurso de "excelência net", está a ser protagonista do maior dos fariseísmos.
(Nada original, entenda-se; até perfeitamente conforme ao "politicamente correcto" que gangrena e grassa no pensamento ocidental.)

E não me refiro à manobra promocional do Yahoo!. Cada um lança mão ao que pode para prevalecer no mercado.
Refiro-me mais ao estilo de argumentação subjacente a uma atitude destas.

Quem argumenta assim - e não me refiro à net nem ao vídeo, não me refiro nem ao Yahoo! nem à sua iniciativa, mas a uma distorção grave de percepção predominante - faz parte do club de uns "achados superiores", que do seu balcão olham o mundo mutante e ajuizam do seu feitio e do seu rumo. E, ironia das ironias, até alertam para os iminentes perigos da massificação, do pensamento único e do controlo velado!

São os politicamente correctos que clamam por um um lazer sem desvios - como exigindo uma indústria sem escória - incomodados pela sua impotência de controlo e instrumentalização.

Afinal um pobre de Deus a abanar a anca ao som de música de caixa é mais motivo de choque que os vídeos das meninas Pamela, Paris ou Cicarelli, ou que os vídeos das execuções sumárias perpetradas por alguns animais no Médio Oriente, ou que vídeos de japonesitos pequenitos a bater com as cabecitas nas mesitas quando adormecem (...são sempre uma paródia, os japonesitos!), ou vídeos de gatinhos e cãezinhos, lances de bola de véspera para ruminar ao infinito ou outras trampas postais que se nos vão apresentando diariamente aos olhos provindas da net...

Mais eu diria "Abençoados os não convencionados!"

Se perturbam, ainda bem. (Se perturbam sem degradar!...)
Po
rque o consumo do que é suposto é sempre gato por lebre.
O gosto do que se gosta é sempre um ângulo de liberdade. (Que não há numa net cubana ou chinesa.)

Se o que se consome na net é so "Evolution of Dance"... é preocupante. Pois é.
Mas essa é outra conversa.

01/11/06

Robin Hood travestido

Robin Hood era um tipo estranho. (Não estive lá para ver, mas meu Deus!, tanto que se aprende nos filmes!...)

Havia quem nele visse um revolucionário, havia quem o considerasse um arruaceiro.
Havia quem o c
hamasse eremita, havia quem o chamasse misófobo.
Vivia acantonado no meio do arvoredo na companhia dos seus merry men, com quem esgrimia suado, recebendo orientação espiritual de um frade bebedolas; chegaram a chamá-lo misógino.

Só saía da toca para abichar mantimento, chagar a cabeça ao Poder e distibuir pela gleba o produto da sua rapina.

Galhardo, generoso e solidário.

Ora, se este é o exemplo moral de consciência social que alguns reclamam para si, haveria que estar à altura.
(O Robinho original podia ter muitos defeitos, mas a duplicidade não era um deles - nunca ninguém o acusou de dar para dois lados.)

Se se tomam medidas como pôr "estádios e edifícios de interesse público" a pagar impostos (de que se pretende o reconhecimento popular pela "coragem" - restava dizer que serão as autarquias a decidir se os cobram e como, pelo que o Governo não suja as impolutas mãozitas), convinha manter a coerência e levar a lógica até às últimas.
É que para a credibilid
ade, não há nada pior que titubear a meio.

Diz um site na net que, naquelas letras miudinhas da proposta de Orçamento de Estado para 2007, consta que, por vontade do Executivo, "a taxa de IMI dos imóveis cujos proprietários tenham sede em paraísos fiscais [passaria] a ser de 1% ou 2%, consoante os casos (Proposta de lei do OE 2007, nas páginas 107 e 116). [Sendo] taxa até agora praticada de 5%".


Quem me manda a mim secundar propaganda da Nova Democracia do sr. Manuel Monteiro? É muita cera a velar um defunto destes!

O que é certo é que como português, como contribuinte, como funcionário público, como professor, como blogueiro empenhado a fazer a minha ínfima parte de denúncia da pouca-vergonha nacional, isto me interessa. E muito. Cada vez mais.

Farto que estou de bandalheiras de anos, de incompetências várias que sou chamado alheia e absurdamente a honrar em muitas qualidades, isto interessa-me. Demasiado para ficar calado.

Porque... quem tem dúvidas de que o sr. Robinho obteria hoje de novo uma maioria absoluta constitucional, democrática, legítima, pacífica, nas urnas?
...O que é uma anomalia!

(Consciente do excesso deste post, deixo um pedido de desculpas ao visado, que não pretendi de forma alguma ofender com as minhas palavras e as minhas comparações. Tantas coisas já se disseram sobre a sua vida, que não quereria ser eu mais um a denegri-la.

A Errol Flynn a minha honesta homenagem.)

Interesse público. Preito pessoal


Com o maior estupor, encontrei ontem
este post no Letras com Garfos.

Não quis acreditar que tivesse fechado portas.
Como é que alguém como o seu autor, tão militante e obstinadamente empenhado em marcar a sua posição na maré anonimante e arrebanhadora da versão tuga do pós-modernismo, poderia simplesmente "ter-se fartado" e desistido?...

Parece, afinal, que não terá sido bem assim.
Felizmente. Para todos.

Discordando nalguns pontos, divergindo apenas na intensidade do compromisso em relação a outros, sinto-me muito melhor assim.
Nesta companhia.
Neste entroncamento.