De Encoberto a descoberto, de aspirante a desesperante, da promessa à pressa, a sua história contou-se em poucos meses, sob o signo da fugacidade e da incompletude.
O que não impede que o homem não tenha guardado muitas e boas razões de queixa do tratamento que teve às mãos dos bem-pensantes que muito bem lhe fizeram a cama em que o lorpa se deitou.
Mais que razão tem ele para o patético número da birra do morto em que chama "batoteiro" ao engº Sócrates, invejando o conforto político de que goza o PM socialista, um conforto tão laboratorialmente manipulado como o rosário das agruras que lhe foram acontecendo.
DÚVIDAS?...
Os de boa memória lembrar-se-ão do comunicado ao País do então Presidente Jorge Sampaio.
Tarde e a más horas (tanto foi o tempo que lhe levou a esgalhar um discurso justificativo à Nação), lá deu aos portugueses a esmola de uma explicação da dissolução de uma Assembleia da República democraticamente eleita e em regulares funções, contando com uma maioria estável constituída como suporte a um Governo empossado meses antes pelo dito.
É que são muito engraçadas de ouvir, com um ouvido em Dezembro de 2004... e outro em Novembro de 2006!
Dizia o dr. Sampaio, então Presidente:
"Quando, no início do Verão passado, [...] optei, após cuidadosa ponderação, por não dissolver a Assembleia da República e nomear o dr. Pedro Santana Lopes Primeiro-Ministro, [...] decidi nesse sentido porque a maioria parlamentar me garantiu poder gerar um novo Governo estável, consistente e credível, que cumprisse o programa apresentado para a legislatura e fosse capaz de merecer a confiança do país e de mobilizar os portugueses para vencer os desafios inadiáveis que enfrentamos."
[...]
No discurso que fiz no momento em que empossei o Governo, reafirmei [que] : 'A conjuntura nacional, bem como o delicado contexto internacional, impõem ao Governo uma particular lucidez nas políticas e um rigor na gestão governativa, tal como aconselham a realizar obra consistente e estruturante na solução dos problemas'.
[...]
Entretanto, [...] depois de lhe ter assegurado todas as condições necessárias para o desempenho da sua missão, o país assistiu a uma série de episódios que ensombrou decisivamente a credibilidade do Governo e a sua capacidade para enfrentar a crise que o país vive. Refiro-me a sucessivos incidentes e declarações, contradições e descoordenações que contribuíram para o desprestígio do Governo, dos seus membros e das instituições, em geral. Dispenso-me de os mencionar um a um, pois são do conhecimento do país. A sucessão negativa desses acontecimentos [...] criou uma grave crise [...] na relação de confiança entre o Estado e a sociedade [e do] prestígio das instituições democráticas.
[...]
Não fiquei surdo às vozes que defendem que o Orçamento para 2005 não responde satisfatoriamente às exigências de efectiva consolidação orçamental, condição necessária para se prosseguir o esforço de redução do défice público que os nossos compromissos internacionais e as necessidades do nosso desenvolvimento futuro tornaram indispensável. Entendi, no entanto, e sem que se possa ver nisso contradição, que era preferível dispormos de um Orçamento aprovado que assegurasse, desde o início do ano, o normal funcionamento da Administração Pública [...]."
Afinal, dizia ele aos portugueses a acabar a tal comunicação ao País:
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