30/12/06

FIM

Foi noticiado que acabou.
A vida de Saddam Hussein. Um capítulo da história do mundo.


E é absurdo perdermo-nos a conjecturar sobre a crueldade da pena de morte - que lhe foi aplicada.
Ou sobre a justiça da pena a que um tribunal iraquiano o sentenciou.
Ou sobre a conivência, implicação ou patrocínio do processo pelos "vencedores" da intervenção no Iraque.
Ou sobre a justeza da intervenção no Iraque. Sobre os seus fundamentos e os seus resultados...
Tudo, em suma, em que se queira pegar para, discutindo tudo, não se discutir nada.


É absurdo.

Quando durante décadas o mundo civilizado e humanista assistiu indiferente às atrocidades do regime iraquiano - que os americanos supostamente sozinhos apoiaram - sem fazer o que quer que fosse.
Quando anos a fio a relapsa intelectualidade internacional nunca obrigou a ONU (ou a própria a si mesma por auto-iniciativa) a mexer-se como era sua obrigação na imposição do cumprimento de resoluções às dezenas do Conselho de Segurança, que Saddam mandou bugiar - por exemplo no folhetim tragicómico da escalada de suspeição sobre as WMDs iraquianas.
Quando buscando argumentos para condenar a invasão do Iraque - sem qualquer ideia ainda do que viria a revelar-se mais tarde a sua vergonhosa fundamentação - muitos invocaram a "soberania" e a "independência" de um Iraque totalitário no desmando da sua política interna e externa. Ou a existência de outras ditaduras onde a invasão não se dera - como se se a aconselhasse!...
Quando a "comunidade internacional" se opôs a que Saddam acabasse preso numa Gitmo qualquer, porque deveria ser julgado pelos seus e colocar-se uma pedra na exploração mediá
tica americana do circo da captura do ditador.

De repente, houve quem achasse que o julgamento devia ter lugar noutro lado. Onde não se aventasse sequer a possibilidade da condenação à morte - sugerindo um julgamento e uma pena à la carte, de privilégio, para este réu. À imagem e vontade da ocidentalidade com súbito rebate de consciência.
De repente, surgiram esboços de cumutações de pena ou transformações deste julgamento numa mera catarse simbólica, que salvasse a cara de um Direito dos Homens aparentemente servido (que com a "comunidade internacional" ninguém brinca!), mas ao mesmo tempo sublimasse a responsabilidade severa e extrema de ver condenado à morte um monstro que se pretendia de certa forma ver julgado num certo limite de um certo abstracto Justo Direito.

Invadido, Saddam terminara.
Encontrado como um bicho num buraco escavado no chão, Saddam terminara.
Sentado num tribunal iraquiano, Saddam terminara.

Apenas agora o inultrapassável complexo do complexo?...
Apenas este um último reduto do desesperadamente correcto?

Simplesmente um fim.

29/12/06

Grandes Portugueses

Marcus Aurelius Antoninus Augustus
26 de Abril de 121 - 17 de Março de 180

Sem dúvida, um tipo que fará parte da lista.

Eh pá!... Mas o gajo já nem sequer esta vivo!...
Olha, deixa lá, leva na mesma o meu voto.

28/12/06

Saúde pública em risco

( Podem chamar-me picuínhas, mas é para o vosso bem.)

Enquanto praticava o alambazanço ritual natalício de tudo que é porcaria, deparei-me com uma caixa (vazia) de Mon Chéri (que patrocina este post).
...E com a lista de ingredientes no verso.

Qual não foi o meu choque quando me apercebi que os ditos bombons, fonte de tanta alegria abstémia por esse mundo fora, graças aos seus 13% de licor e à famosa cereja bêbeda, podem conter também, afinal... leite.
Leite! Esse autêntico veneno para a saúde!

Ainda bem que o fabricante tem esta franqueza para com os seus clientes.
Mas sabendo agora o que sei, não sei se voltarei a comer deles e a sujeitar-me a tal risco alimentar!

Maldito PC!


Como é desprezível o "Politicamente Correcto"!
Não o fosse e não me teria parecido tão obsceno o embrulho da notícia da morte de James Brown.

A bem dizer, não me espantou que a sua morte fosse noticiada. E, bem visto, sequer que a notícia merecesse relevo...
Goste quem goste, James Brown é uma figura relevantíssima do soul e não preciso de vir eu por aí abaixo explicá-lo.


Mas quando é tão hábito no óbito a vassalagem avassaladora, fiquei a pensar.

Naquele James Brown do "preso por assalto". Ou o outro do "pena de prisão por posse de arma, de droga e fuga à polícia". Ou o das (pelo menos) "três detenções por violência doméstica"...

Quer isso dizer que James Brown está sujeito a embargo cá em casa? Claro que não.
Ou que tirei o dia para (literalmente) bater em mortos? Nada disso.
Os actos são de quem os pratica, a justiça dos homens chega onde chega e por esta altura já o senhor dissipou a dúvida se teria de responder pelas suas faltas depois de partido e chegado.

Só me repugnam as beatices do PC!

27/12/06

Falar Claro - II

Eis a questão. Ser e não ser.

O Referendo do Aborto tem questão formulada: «Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?».
Tendo sido enviada pelo Presidente da República ao Tribunal Constitucional para análise, mereceu a aprovação dos juízes que o constituem.

Mas a questão levanta questões.

Em primeiro lugar, "a" questão em si.
Mesmo dispensados juízos de valor, é relevante que a questão colocada aos portugueses a 11 de Fevereiro sobre IGV e legislação associada seja rigorosamente a mesma do referendo de há oito anos atrás.
Dificilmente evita a crítica fácil da "água mole em pedra dura", segundo a qual o que se pretende (ainda que legitimamente...) com este referendo, não é senão massacrar a sociedade com um mesmo assunto, um mesmo "dilema" com as mesmas saídas, macerá-la com um mesmo processo e com uma mesma questão, até que, por exaustão, a resposta dos eleitores acaba um dia por ser diferente e satisfaz a facção de opinião que usou os recursos do Estado para uma vitória privada.

Em segundo lugar, a aprovação da questão no TC.
A
questão referendária foi aprovada por maioria, assentando o acórdão que a valida no voto de sete juízes, contra outros seis que votaram derrotados.
Estes números resultam na aprovação (repito-o) da mesma questão de há oito anos atrás, acrescentada a curiosidade de que a votação no TC é igualmente um decalque da de 1998: sete votos contra seis.
O que acumula na falsa "particularidade" deste referendo, cada vez mais um desmentido de que a "sociedade" se tenha "transformado" (tenha "evoluído"!...) tanto nestes oito anos que uma nova consulta popular sobre o assunto era inevitável.

Em terceiro lugar, a essência da questão.
...Contaminada tanto na forma como no conteúdo.
Se alguém se recorda da polemicazita do Referendo à Constituição Europeia, recorda-se que na altura houve divisão entre "especialistas" sobre a pergunta a referendo - a memorável "Concorda com a Carta de Direitos Fundamentais, a regra das votações por maioria qualificada e o novo quadro institucional da União Europeia, nos termos constantes da Constituição para a Europa?".
O Tribunal Constitucional (sim, o mesmo...) acabou por considerar em acórdão, "que a Proposta de realização de referendo sobre a Constituição para a Europa
[não respeitava] os requisitos de clareza e de formulação da pergunta para respostas de sim ou não exigidos, [havendo] a junção de três questões numa só fórmula de resposta única, [...] atenta a exigência constitucional e legal de o mesmo dever ser formulado de modo unívoco e explícito, sem ambiguidades".

Pior!... O TC deixava suspeições no ar...


"Podemos afirmar [...] que, tal como formulada está, a pergunta em causa escamoteia ou faz um «encapotamento» da finalidade que nela se contém, ou seja, questionar, e só, se concorda com a Constituição para a Europa".

Mas perante a proposta de questão referendária "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado", o Tribunal Constitucional não foi tão lapidar (como já há oito anos não o fôra!).

Usando as palavras do referido acórdão, no ponto 8, não será lícito considerar que também neste caso "o cidadão eleitor não é levado a formular um juízo de ponderação global, [...] apontando nesta direcção a circunstância de estarmos perante três questões que não têm entre si qualquer relação de dependência, podendo subsistir cada uma delas e fazer sentido sem a(s) outra(s), sem que, portanto, a concordância ou não concordância do cidadão eleitor quanto a uma das questões se repercuta na concordância ou não concordância quanto às demais"?

Explico.
Não é possível ser-se favorável à "despenalização da interrupção voluntária da gravidez" genericamente considerada?
...E estar-se ao mesmo tempo contra a despenalização da IVG "nas primeiras 10 semanas"?
Ou estar em concordância com ambas as primeiras e discordar da formulação "opção da mulher"?
Ou apoiar todas elas e rejeitar frontalmente a "penalização" de mulheres que interrompam a gravidez "em estabelecimento de saúde não legalmente autorizados"?

Era disso que falava o acórdão ao afirmar que "A interpretação da pergunta no sentido de nela se conterem três questões autónomas compromete a exigência constitucional e legal de que seja formulada para uma resposta de sim ou de não".
Porque "cada uma das questões, por si só, pode conduzir quer a uma resposta de sim quer a uma resposta de não, colocando o cidadão eleitor perante a dificuldade de saber como votar quando a resposta não for a mesma para todas as questões que lhe são postas. Hipótese em que somos levados a concluir que a pergunta abre espaço para soluções matizadas, quando o princípio da bipolaridade ou dilematicidade impõe que a pergunta, devendo ser respondida por uma afirmativa ou uma negativa"!!

Desta vez o TC não "[considerou] que a proposta de realização de referendo [...] não respeita os requisitos de clareza e de formulação da pergunta para respostas de sim ou não exigidos".
O que é estranho. E grave.

Até porque "a mera possibilidade de se atribuir mais do que um sentido à pergunta põe em causa a exigência de intelegibilidade ou compreensibilidade e clareza dos quesitos referendários, cuja razão de ser é 'evitar que a vontade expressa dos eleitores seja falsificada pela errónea representação das questões'".

E aqui temos um bom argumento... para quem?

Festas felizes


"Compras de Natal: Mil euros gastos por segundo".

23/12/06

Natal, a paz e a boa-vontade dos homens da terra.


Certamente coisas da velhice, estas...
Mas isto do "Natal" provoca-me uma exaustão crescente. Uma saturação progressiva e acumulada de anos.

Numa época tão vácua como outra qualquer, cristalizam-se concentrados as intenções e os voluntarismos que durante um ano inteiro, tíbios e egoístas, se retraíram nas palavras e nos actos.
...Que culposamente se retraíram.
E assiste-se esmagado à hipérbole de uma coreografia redentora, aos maneirismos mesclados de tradições e automatismos.

"Festa da família"? Apenas.
Mas que diferença deste encontro de família para qualquer outro?
(À parte de M.A. estar comigo?)
Recordar amigos? Sim. Mas como se eles esquecessem...

O que é realmente frustrante, numa época tão pirilampada e cheia de grinaldas e iluminações kitsch nas ruas e papel de embrulho rasgado mas dobrado a preceito e fitas cortadas e laçadas à medida e enchentes de gente, manadas sem vontade própria a que pertenço por natureza, comedoras de fritos e passas - que o "Ano Novo" funciona exactamente da mesma forma -, é que se pretexta a época com o nascimento de um boneco de massa deitado num semi-círculo também colorido, também iluminado, também decorado, a que ora se condescende na sujidade do desagradável musgo, ora se adere sazonalmente na montagem de umas peças design quaisquer, alusivas "à quadra" mas sem perda da sobriedade.

Frustrante para um homem para quem a referência de Jesus Cristo não se confunde com a do Pai Natal.
Nem o seu legado se mistura com o consumarismo.
Nem as tradições de um povo se confundem com as traições à identidade de uma modernidade global e mixordeira.

O Natal. Que chega e passa.
À medida e usança da vontade de cada homem que o aproveite para tornar-se melhor.

04/12/06

O Capuchinho Vermelho

Era uma vez uma menina que vivia numa casinha isolada, na orla da floresta, com a sua mãe.

Um dia a mãe deu-lhe um capuchinho vermelho. Que a menina experimentou em ânsia e nunca mais largou.
Passaram mesmo a confundir-se, a menina e o capuchinho vermelho. Que a um aproveitava os passos da
juventude vigorosa e do outro tomava emprestado um nome que não era o seu.
E nunca mais se puderam separar.

Certo dia, o Capuchinho Vermelho encaminhou-se para a flloresta. A menina ficou deslumbrada. Com um cenário que nunca conhecera na pacatez da orla da floresta.
Nessa floresta havia um lobo. Que a habitara desde sempre.

O
Lobo encontrou a menina e disse-lhe - Olá! Queres fazer uma corrida? A menina respondeu - Não sei... Porquê? - Porque é o que os lobos fazem!, respondeu o Lobo. - Anda! Corremos até àquela casa e quem lá chegar primeiro come a velhinhna que lá mora! A menina sorriu com o disparate que o lobo disse.

Mas num segundo o Capuchinho Vermelho deu um salto em frente e começou a correr sem olhar atrás.
No seu encalço seguia o Lobo. Que não mostrava qualquer interesse em disputar com a menina a chegada à casa.

Quando o Capuchinho Vermelho chegou à casa, bateu à porta. - Não está ninguém... Afirmou a menina. - Abre a porta e entra, ordenou o lobo. - Está escuro, disse a menina. O Lobo pousou-lhe a pata peluda no ombro e deu-lhe um pequeno empurrão.

O Capuchinho Vermelho entrou.
Estava muito escuro e a menina respirou com dificuldade o ar pesado e bafiento. - Não vejo nada, disse como pedido de ajuda ao Lobo. - Espera um segundo, e verás. O Lobo estava de braços cruzados, imóvel, atrás da menina, que esbracejava como nadadando, tentando descobrir com as mãos o que os seus olhos não viam.

De repente, o Capuchinho Vermelho começou a vislumbrar sombras, contornos, uma figura deitada na cama, a poucos metros.
A menina aproximou-se devagar da cama e o Lobo saiu da sua posição de estátua para segui-la pé-ante-pé, de braços estendidos, como que com receio que ela caisse para trás.

Ao lado da cama, a menina parou. - Vá!, podes comê-la! Ofereceu o Lobo. Mas a manina não percebia o que ele queria dizer com aquilo. - Vá!, come-a!, insistia o Lobo.

Mas nessa altura a menina já perdera a noção do que a levara àquela casa e observava com curiosidade o Lobo, como se pela primeira vez o visse. - Porque é que tu tens uns olhos tão grandes?, perguntou a menina. O Lobo, desconcertado, não desarmava, - Capuchinho, come-a!, anda!... Mas a menina, já a perdera.
O Lobo sentia-se a ficar sem paciência. - Tu não me ouves? Come-a!! Mas a menina continuava - Porque é que tu tens umas orelhas tão grandes?, e o Lobo não queria crer no que lhe estava a acontecer. - Porque é que tu tens uma boca tão grande?...

Naquele momento, a menina fizera a pergunta errada. A única que não poderia ter feito, antes de comer a idosa.
O Lobo abriu a bocarra e enguliu de uma vez a menina, a quem ninguém poderia valer.
No segundo seguinte, abriu de novo a bocarra e bocejou.
Colocou a touca de dormir na cabeça, afastou a roupa da cama, deitou-se, aconchegou os cobertores e adormeceu.


Orçamento familiar


Tudo muito previsível. Tudo muito familiar.
O Orçamento de Estado acabou sendo aprovado.

Como qualquer maioria com meios para o fazer, a maioria aprovou-o, as oposições contestaram e ensacaram a viola, e, vá lá, não apareceu nenhum indigente que entalado entre uns e os outros manjasse os restos da mesa...

Como sempre (...nem o povo já se espanta), as
escolhas duvidosas para o comum dos mortais de quem as pode fazer - que afinal, quem pode, pode. Os fiéis gatos escondidos com o rabito de fora, que ajudam a guiar a mão hesitante e trémula dos gestores da coisa pública (por mais que sejam negados...). As calculadelas marotas de números, cifras, parcelas - demasiada areia para o comum cidadão - que por obras de magia tanta volta dão e redão que acertam no que convém! As sólidas bases com que os caminhos se traçam...
Desfilaram como é uso, aos olhos de um País que nem por isso parou.

Mas a proverbial descrença do povão nos seus eleitos, a secreta reticência nas manobras e nos jeitos, que mesmo que não transpareça lá habita em hibernação, estancou com um abanão.
Foi bem lindo de se ver como
as vozes mais insólitas se coiraram sem rubor na ladaínha crescente do caminho inevitável.
E o povão, tranquilizado, ficou mais sossegadito, um pouco mais optimista, que a vida anda tremida...

Que se não for o Governo a ressuscitar em nós a partilha e a comunhão, o espírito de família, de Natal e de cristãos, Portugal é frio e triste, sem a sua governação.
Abençoados governantes, que velam pelo nosso bem.
Extremosos pais do povo, que com sua sabedoria e com sua inspiração hão-de fazer desta coisa uma espécie de Nação.


Morte silenciosa

Dia 1 de Dezembro - Dia Mundial da Luta Contra a SIDA.



Quando o maior genocídio do planeta é o provocado pela SIDA, que galga fronteiras e mentalidades, há que pensar e agir.


Mais ainda.
Há que "pensar" e "agir", mas antes ainda fazer uma coisa sem a qual não é possível nem pensar nem ag
ir - ainda que hoje em dia não se pretenda que se faça - que é parar.

Parar para pensar e poder escolher.
Parar antes de agir, para agir em consciência.

Hoje, o "politicamente correcto" (filosofia dos acríticos) aconselha a que não se pare.
"Parar" é uma coerção da liberdade individual de avançar.
"Parar" é uma repressão do impulso criativo e apaixonado do movimento.
"Parar" é uma manifestação de temorosidade, de superstição, de recalcamento, de tacanhez.

Mas o que é certo, certinho, é que o campeão no combate ao flagelo SIDA vem sendo o Uganda. Ah pois!...
O Uganda que irrita tanta gente tão "sapiente", com a sua chamada política "ABC" - "Abstinence-Being Faithful-Condom" (por esta ordem!).
Isto é: num território africano em que grassa a SIDA, a melhor protecção é evitar o contacto sexual de risco ("branco é, galinha o põe"...), não indo ao ponto de abandonar o sexo, o mais seguro é a fidelidade a um parceiro ("cai no chão, fica amarelo"...) e não optando por nenhuma destas, usar o preservativo nos contactos esporádicos!

Evidente e eficaz!...

Ora, esta política "ABC" do Presidente Yoweri Museveni, irritou e irrita muito boa gente. (Independentemente do sucesso de ter reduzido numa década o massacre das mortes por SIDA no Uganda em 2/3!)
É que também o "humanitarismo", também a "ajudinha ao Terceiro Mundo", são por vezes bons negócios; reais jogos de poder. E ninguém quer ser minimizado por uma espécie de País com aspirações a governar-se segundo as suas ideias e práticas, independente da superiormente capaz assistencialidade ocidental! (Por exemplo, organizações internacionais que a gente bem conhece e que movimentam muitos milhões de dólares anuais em "assistência do tipo pronto-a-vestir"!)

Portanto, vale tudo para deitar abaixo a "ABC" - repito: apesar dos resultados notáveis, já a alastrar a países vizinhos - "porque não se adequa à realidade socioeconómica e à estratégia local ideal", "porque está dominada por uma mentalidade religiosa repressiva de comportamentos", "porque age em consonância com o discurso da administração americana", "porque não promove o sexo seguro" (o Uganda distribui anualmente milhões de preservativos gratuitos!...), etc.

Mas o que interessa aos ugandeses é que a sua situação deles continue a melhorar.
Ao mundo, interessa que se apliquem as estratégias mais eficazes, aqui e ali, no combate à disseminação da doença, minorando o sofrimento e a desolação...

E a nós, tão "civilizados" e "pós-modernos" que somos, que possamos aprender sempre alguma coisa com os outros.

Nesta caso, por exemplo... a parar.

Falar Claro - I

Referendar o aborto. De novo.

Não me surpreende.

...Que se referende uma matéria destas.
Parece-me muito mais ético que se referende do que se decida em Parlamento (como o PCP defendia.)
É matéria de índole civilizacional relevante, em que importa ouvir os portugueses (que se dignarem expressar-se...). E tendo-o feito em 98, como não fazê-lo agora?

Nem me refugio no argumento de que se esteja a arrombar, com a proposta de nova convocação, o resultado da votação de há oito anos.
(Qual é o intervalo que devia mediar entre uma consulta e outra? Está previsto? Quem o definiria? ...O bom-senso? Qual? De quem?...)
Tudo é sempre oportuno.
Ainda que seja cristalino que a iniciativa da convocação de novo referendo serve (?) o propósito de quem, não se sentindo satisfeito com o resultado da consulta anterior, pretende aproveitar uma janela de oportunidade para fazer vingar agora a sua pretensão na matéria...

Apenas me entristece.

...O facto de referendar de novo o aborto. Pelo contexto em que revela estarmos atolados.
Que a facilitação legal da prática do aborto se force a si mesma a vir à tona. Considerada uma necessidade lógica e inadiável desta sociedade.

Pilares da memória

Há 26 anos atrás deu-se um dos acontecimentos mais marcantes da história política portuguesa. A queda em Camarate do avião em que viajavam o Primeiro-Ministro português Francisco Sá Carneiro, a sua companheira Snu Abcassis, o Chefe de Gabinete António Patrício Gouveia, o Ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa e os dois pilotos do aparelho.

26 anos de intrigas, influências, manobras, desvalorizações e insultos à memória (perfeitos sinónimos...) foi o tempo que levou a um País o confirmar da "tese" de atentado na noite de 4 de Dezembro de 1980.

Uma "tese" defendida pelos mais tenazes, honrados e insuspeitos dos proponentes, mas que ainda assim não mereceu mais que o desdém dos párias, a complacência com estes da Justiça e a escandalosa passividade dos políticos.

Hoje, a "tese" confirma-se, por fim.
Mas só porque a boca imunda de um dos implicados - um dos antecipados, reconhecidos, tolerados, triunfantes, inimputáveis implicados - se abriu com escárnio e desplante para assumir a sua parte na matança...

Hoje a "tese" confirma-se, sem surpresa nem brilho.
Já sem utilidade sequer?...


Espancada e violada na rua a democracia para vergonha dolorosa de todos.

01/12/06

"- 'Independência': já ouviste falar?...

- ...Não, mas tenho um telemóvel de 3ª geração."



Ide trumbicar-vos todos, auto-pretensa nova gesta de portugueses!

Por motivos alheiros a este belogue
ocoreu uma parajem subíta das postações.
Penistenciamos-se por qualquer enconviniencia porvocada.
O chorrilho porsegue dentro de momentos.