04/12/06

Falar Claro - I

Referendar o aborto. De novo.

Não me surpreende.

...Que se referende uma matéria destas.
Parece-me muito mais ético que se referende do que se decida em Parlamento (como o PCP defendia.)
É matéria de índole civilizacional relevante, em que importa ouvir os portugueses (que se dignarem expressar-se...). E tendo-o feito em 98, como não fazê-lo agora?

Nem me refugio no argumento de que se esteja a arrombar, com a proposta de nova convocação, o resultado da votação de há oito anos.
(Qual é o intervalo que devia mediar entre uma consulta e outra? Está previsto? Quem o definiria? ...O bom-senso? Qual? De quem?...)
Tudo é sempre oportuno.
Ainda que seja cristalino que a iniciativa da convocação de novo referendo serve (?) o propósito de quem, não se sentindo satisfeito com o resultado da consulta anterior, pretende aproveitar uma janela de oportunidade para fazer vingar agora a sua pretensão na matéria...

Apenas me entristece.

...O facto de referendar de novo o aborto. Pelo contexto em que revela estarmos atolados.
Que a facilitação legal da prática do aborto se force a si mesma a vir à tona. Considerada uma necessidade lógica e inadiável desta sociedade.

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