31/01/07

Falar Claro - VI

Nem de propósito...


...Estávamos a ver televisão e perguntam cinco anos de inocência: "Ò pai, o que é o «aborno»?"

Minutos depois da graça e do deleite, dei por mim a pensar:"Filho, o «aborno» é o aborto no seu retorno..."

E no que o massacre mediático indescriminado não corresponde em frutos.

Star Wars. Sempre à mão


Para apreciadores.


Como o A.... :)

30/01/07

Falar Claro - V

Para quem é tão forte a tolerância, que prescinda de discutir?...

"Mais valia marcar uma data para votar e passar por cima desta «campanha»!"



Uma prova de que não há monopólios de verdade nem de bom-senso.

Transcrevo um texto de Pacheco Pereira que tanto foi vendido impresso como postado grátis no Abrupto.
Já disse eu mesmo isto, por outras palavras. Pelo que não posso estar mais de acordo.

...Vote Pacheco Pereira "Sim" ou "Não".



"O DEBATE DO REFERENDO DO ABORTO

Havendo referendo, ou seja, uma escolha com significado político, é natural que haja debate público, que haja um contraditório a favor do convencimento das decisões e do voto. No entanto, nunca como agora eu desejaria que este referendo fosse silencioso, que este debate fosse quase inaudível, que ele pudesse ser feito quase por telepatia, por gestos subtis, sem voz, nem escrita, nem imagem. Tomem isto como uma metáfora, ou seja, não à letra, mas serve para dizer outra coisa que me parece mais importante.

Esta absurda cacofonia em que partidários do "sim" e do "não" esgrimem argumentos, opiniões, acusações, cada vez num tom mais alto, mais agressivo, mais descuidado, mais displicente, mais para se ouvirem do que para serem ouvidos, parte do princípio de que o essencial neste referendo é convencer. Duvido que alguém se convença nesta matéria, a não ser por rejeição - votava duma maneira mas ficou tão indignado(a) com uma frase ou uma atitude que passou a votar doutra. Talvez todos estes excessos possam servir marginalmente para mobilizar para o voto, embora duvide muito da sua eficácia, penso até que favorece mais a abstenção do que a mobilização. Posso estar enganado, são só impressões, não servem para nada.

Fique já bem claro que eu gosto do som e da fúria da política. Não tenho nenhuma das manias elegantes e preciosas de quem pensa que a política é só cumprimentos amáveis e frases subtis. Não sou dessa escola, nem me apanham na defesa de salamaleques de salão ou na condenação de compromissos e dedicações de quem está activamente nesta campanha. Não me esqueço nunca de uma tarde na Assembleia da República em que, depois de eu e mais dois ou três deputados termos passado uma hora de quezília parlamentar até conseguirmos que um respeitado deputado do CDS pudesse falar numa matéria que desejava e para a qual a maioria do PS fazia obstrução, a primeira coisa que o respeitado parlamentar disse no tempo que lhe tínhamos arrancado a ferros depois de uma cena pouco edificante de requerimentos, interpelações e outras guerrilhas parlamentares, foi manifestar o seu desgosto e enfado com a discussão a que tinha acabado de assistir. Fiquei, digamos, para o furioso, com a afronta de quem nos fez meter a mão na massa, para depois aparecer com luvas brancas acima do vulgo. Não é isso que pretendo dizer, se é que me faço entender. É o tom. E aqui o tom é quase tudo.

O que me desagrada nesta campanha - feita mais para os homens do que para as mulheres - é que ela passa ao lado, mais do que isso, desrespeita, ignora, menospreza, o carácter essencialmente existencial, vivido, do problema do aborto. É por isso que o aborto é mais uma questão das mulheres, como é a maternidade, e não é totalmente extensível e compreensível aos homens. Este é um dos casos que esquecemos muitas vezes, quando achamos que a igualdade é algo de adquirido sob todos os aspectos, e que tem a ver apenas com a sociedade, a economia, a cultura e o direito. Não, pelo contrário, há desigualdades, "diferenças" no dizer politicamente correcto, estruturais entre os seres humanos, uma das mais fundamentais é a que a maternidade introduz entre homens e mulheres. E para as mulheres, que, quase todas, ou abortaram ou pensaram alguma vez em abortar, ou usam métodos conceptivos que à luz estrita do fundamentalismo são abortivos, o aborto de que estamos a falar neste referendo não é uma questão de opinião, argumento, razão, política, dogmática, mesmo fé e religião. Também é, mas não só. É uma questão de si mesmas consigo mesmas, íntima, própria, muitas vezes dolorosa e nalguns casos dramática. Não é matéria sobre que falem, se gabem, argumentem ou esgrimam como glória ou mesmo como testemunho. Não é delas que vem esta estridência, nem é por elas que vêm os absurdos do telemóvel, do pinto, do ovo, do Saddam Hussein, do coraçãozinho. É mais provável que sintam tudo isso mais como insultos do que como argumentos que lhes suscitem a atenção. No seu silêncio votarão ou abster-se-ão, mas é por elas, por si, pelo seu corpo, pelos seus filhos, pelo seu destino, pela sua vergonha, pela sua dor, pela sua miséria, pelas suas dificuldades económicas, pela sua vida, pelos seus erros, pelas suas virtudes.

É verdade que, como em todas coisas, há irresponsabilidades, há mulheres irresponsáveis nos abortos que fazem, como nos filhos que fazem, mas duvido muito que sejam a regra. A regra é que aborto é sofrimento, físico e psicológico, e é sobre esse sofrimento que vamos votar. Eu vou votar sim, mas admito que, exactamente com a mesma consciência do mesmo problema, haverá quem vote não. Mas os moderados, estranha palavra rara no meio desta estridência, não podem deixar de recusar este folclore que infelizmente nalguns casos torna príncipes da Igreja iguaizinhos ao Bloco de Esquerda e vice-versa. Se percebêssemos esse silêncio interior da maternidade, mesmo quando dilacerada pelo aborto, seríamos menos arrogantes, menos estridentes, menos obscenos nas campanhas
."

29/01/07

O Melhor Professor


(Nota: Isto não é um post repetido. É um "Governo" repetitivo)


Está em marcha o Prémio Nacional para o Melhor Professor.
...Afinal a ameaça foi mesmo concretizada.

Já disse o que tinha a dizer sobre o assunto na altura devida.
E que nada mais acrescentaria.

Por isso aqui fica; sem gelo, mais uma vez.

"
Pois é, choca, não choca? O vender-se nas ruas.

Choca que exista, que assim se viva, que se admita, que se aceite ou que se escolha.
Choca que esteja perto, que faça parte da nossa rua e da nossa vida.


Não por moralismos da treta, mas por nos ser tão bizarro, por ser tão longínquo e ao mesmo tempo pôr em causa tudo a que nos agarramos, familiar e confortável.
E por isso nos assusta.


Um universo à parte em que a identidade e o respeito são regateados na calçada, em que a humanidade muda de mãos pelo preço certo.


Mas hoje o Primeiro-Ministro Sócrates derrubou a barreira.


Não bastando o que está já feito no Ensino e o que virá a fazer-se, o Governo da Nação foi ainda mais longe. Longe demais.
Tão longe que não há mais nada que possa dizer ou fazer para remediar a sua vergonha.
Ultrapassou o limite e não há regresso.


Depois da incúria, da incompetência, do desprezo, da má-fé, da desonestidade do Governo para com a Educação e os seus profissionais, os professores deste País foram equiparados a reles rameiras cuja importância é a do valor facial da moeda a que alugam a sua virtude, a que vendem a sua dignidade.


Depois de macerados e arrastados na lama, os professores ouvem da boca de quem os espezinha que terão "um prémio".


Que eventualmente distraísse as críticas.
Que talvez confundisse os juízos.
Que certamente compraria como divisa forte a débil virtude e a escassa decência de quem ensina.


Mas enganam-se, estes senhores. E todos os ignorantes cegos que pensam como eles.
O resto de prestígio que nos sobra não se compra com "prémios".
As últimas aparas da reputação que nos resta nem estão à venda, nem nunca esta gente teria dinheiro para comprá-las.



Chocaria qualquer um, não era? Ser tratado como rameira que a peso e a rodo acede nas suas taras a quem lhe possa pagar.


Sou cidadão professor.
Prostituto do Ensino, nunca fui nem o serei.
Isolado por ofício, sitiado desta terra que não me respeita nem estima, menos é dor que usança.
Mas "prémios", de «homenagem à condição de professor», da parte de quem me humilha?...
Não senhor, muito obrigado...


E como o que vai cá dentro mais ganha em ser calado, não há mais nada a dizer.
Encontramo-nos em Outubro
."

Ou, neste caso, na primeira oportunidade.

Choque Techno


Ora deixa ver se consigo colocar em poucas palavras uma dúvida que me assaltou, recorrendo à calma possível...
(Já dizia o mestre que "É a precipitação que dá cabo da condensação"...)

Ainda a respeito do malfadado Ofício-circular que punha em banho-maria a TLEBS, também lá as TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) levavam por tabela.

Depois de ter havido magotes de professores a habilitar-se para leccionar as generalizadas TIC, depois desses professores terem sido colocados em Quadros de Nomeação Definitiva em escolas nessa mesmíssima qualidade, depois de ser enunciado para o País e para o mundo que as Tecnologias no 10º Ano eram uma alavanca do nosso desenvolvimento futuro, ficámos a saber que a própria disciplina corre risco de extinção!!

Deus me livre e guarde de pôr em causa as sábias decisões (?) do "Governo" Sócrates em matéria de Educação, seja na gestão, seja na pedagogia!
Depois de tantas provas dadas, o mais renitente dos Tomés já se terá rendido - vide o douto Professor Marcelo, que dá sucessivamente nota de aprovação à senhora Ministra!

Parece-me esquisita é a contradição inerente à política do "Governo".

Quem quiser ler ainda as Bases Programáticas, de Janeiro de 2005, com que o PS se apresentou a Eleições Legislativas, pode tirar teimas.

No Capítulo I - "
Uma Estratégia de Crescimento para a Próxima Década", Ponto II. "Um Plano Tecnológico para uma agenda de crescimento", pode ler-se em Português fluente que "A generalização do acesso à Internet e às tecnologias de informação e comunicação (TIC) é um elemento crítico da proposta do PS para o desenvolvimento da sociedade portuguesa."
Mais: "[...] A aposta nas TIC irá permitir a aproximação à fronteira tecnológica dos países mais avançados. O nosso atraso em termos de utilização de TIC penaliza negativamente o nosso índice de competitividade geral."

Querendo isto dizer em linguagem familiar que sem as TIC nunca seríamos ninguém de Badajoz para lá...
Propõe-se agora o "Governo" ponderar se a disciplina se manterá sequer no curriculum dos jovens do 10º Ano.
Eu sei que sempre foi uma brincadeira deste "Governo" a atribuição de uma carga horária semanal de 90 minutos (e não me venham falar em "flexibilidade curricular"!) a um "elemento crítico da proposta do PS", mas isto é um bocado demais.

Haverá quem me diga: "Mas onde é que está a novidade? Não te lembras deste «Governo» num mês fazer a propaganda de todas as escolas do Primeiro Ciclo estarem cobertas por ligação à net em banda larga e pouco tempo depois anunciar o fecho de 500 delas?"

É verdade, é verdade...
Mas diz quem está por dentro da coisa que a razão mais plausível é outra: a taxa de insucesso na disciplina - que, ao contrário do que muitos alunos e pensadoretes julguem à partida, não é exactamente nem jogar computador nem assassinar a Língua Portuguesa horas seguidas no messenger - um insucesso incomportável a uma Educação higienizada no sentido do Insucesso-Zero.
...Por via natural ou laboratorial.

E fico com esta dúvida...

Será a sério a "paixão" do "Governo" pela tecnologia, ou limitar-se-á ela a um Choque Techno, em que a par do desgraçado do Vangelis os Pet Shop Boys passam a abichar espaço nos Congressos do PS, à semelhança do que aconteceu no último?

(Com uma piscadela de olho à CD.)

28/01/07

Falar Claro - IV

Homens e mulheres viram as suas vidas marcadas pelo dia 11 de Fevereiro. Enquanto garantiram para si mesmos, à sua maneira, um lugar na história.

O Presidente Cavaco Silva também?...

Grandes Portugueses


Hannah Arendt; 14 de Outubro de 1906, Linden, Alemanha – 04 de Dezembro de 1975, Nova Iorque, Estados Unidos.

Sem dúvida que fará parte da lista.

Eh pá!... Mas nem sequer era portuguesa!...
Não faz mal. Leva na mesma o meu voto.

27/01/07

Toque a finados

O Pedro_Nunes_no_Mundo torna público o óbito da nova Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário.

Após doença prolongada, a TLEBS faleceu na noite de quinta-feira, na sequência de complicações cerebrais.

A notícia, dada aos órgãos de informação por um tio da falecida, comoveu um País mantido há largos meses em ansiosa expectativa.

Associamo-nos, nesta hora de pesar, a todos os alunos, professores, Encarregados de Educação, investigadores, opinadores e demais cidadãos, que desde o primeiro momento choram o seu desaparecimento.



(Claro que, face à desvergonha política que envolveu a TLEBS desde o seu início, há a rocambolesca e maximamente descarada possibilidade de esta "suspensão" - cuja formalização por portaria "
até ao final do mês de Fevereiro" fez rir os meus jovens alunos - se tratar efectiva e exclusivamente de uma "suspensão".

Isto é, há o grave risco para a saúde pública de, após tudo o que fica para trás, numa salsicharia mixordeira dos arrabaldes estar em vias o enchimento de uma tripa mal lavada e mal temperada, que depois de vazada do seu recheio pestilento seja agora recheada com os restos mortais de uma TLEBS, malvado cadáver que teimam em não deitar e deixar a apodrecer como lhe compete.

A melhor, depois de tudo o que fica para trás, seria que um "projecto" destes, que nunca teve uma identidade própria, nem uma paternidade definida, que nunca se soube bem o que era, o que dele fazia parte, a quem se dirigia, de que forma e porquê, que nunca se soube como o aplicaria quem o aplicasse, que timing real respeitaria, a que regras estava sujeito, qual o seu plano de contingência, um "projecto" que nunca deu garantias de coerência ou continuidade aos seus envolvidos compulsivos, profissionais, educadores, educandos, uma Língua, um País, a melhor, depois de tudo o que fica para trás, seria que este morto-vivo, assassinado pelas mãos dos seus próprios curadores, resurgisse ainda um dia, de forma incompreensível e inaceitável para tantos que foram espezinhados no seu processo.

Mas a irresponsabilidade desta gente é muita e os seus escrúpulos inversamente similares.
Nada daí já espanta.

...Apenas como pôde um povo chegar a este nível de miséria moral.)

26/01/07

"Dark side of The Force"? Boa!

Acabou a Exposição Star Wars no Museu da Electricidade.

Uma reunião de família global.
(Vá lá, que a globalização tenha algumas vantagens...)

Onde foi possível rever algumas caras, num belíssimo espaço.

May The Force be with you.

25/01/07

A TLEBS socialista

Não sejam queixinhas e leiam o post até ao fim...


"Era uma vez um absurdo que vivia numa casinha no meio da floresta com a sua mãezinha..."

A história é longa e difícil de resumir.
Mas cá vai.

Uns senhores de um Governo que já lá vai, deram à luz uma coisa chamada TLEBS (Terminologia Linguística dos Ensinos Básico e Secundário) que nem sonhavam que nunca chegariam a ver crescer.

Essa TLEBS nasceu da cabeça retorcida de uma intelectualidade sociopolítica obcecada pela imortalidade histórica, como ferramenta definitiva de formatação da Língua Portuguesa as we knew it.
Graças à TLEBS, todas as pontas soltas, todas as lacunas, todos os equívocos do estudo, do ensino e da aprendizagem da linguística pátria, seriam depurados, aparados fora como excrecências de uma Língua renormalizada, reactualizada e unívoca.

Mas estamos em Portugal. Não esquecer.

Foram arregimentados uma série de carolas das áreas da Língua e Línguística (que reza a história nunca chegaram a encontrar-se no decurso do processo para comparar notas, com o resultado que se viu!) e esgalharam a Nova Terminologia.

Havia que pô-la a andar.

Pelo que o Governo Santana Lopes, da eminente pedagoga Ministra Maria do Carmo Seabra e do descentralizado em Aveiro Secretário de Estado da Educação Diogo Feio, a colocou "à experiência" por três anos.
Nas cobaias do costume: alunos, professores e Encarregados de Educação.

Mas o tal Governo foi, ele próprio, posto a andar e entrou em cena o actual Governo socialista.

Aqui o enredo adensa-se, entre a obrigação deste de dar continuidade à "experiência", a aceitação tácita e voluntarista da herança que aprofundou - deu continuidade à "experiência" e dilatou-a no tempo - o seu apadrinhamento e as barracadas que se seguiram.

Como sempre, o País foi apanhado (por culpa própria) a dormir.
Foi aberta a comporta da "experiência" ao segundo, ao terceiro ciclos de escolaridade e ao secundário, sem ninguém tugir nem mugir.
Foi dada ordem de marcha aos professores de Português e Língua Portuguesa para começar a leccionar a TLEBS no 5º, 7º e 10º anos sem qualquer preparação adequada para o efeito.
Foram editados manuais, gramáticas, dicionários, livros, materiais pedagógicos diversos, sem uma certificação científica da conformidade com a TLEBS - isto é, cheios de bacoradas.
Em suma, foi auto-generalizada a "experiência" a todos os ciclos que inicialmente se previa que abrangesse, sem que o próprio Ministério da Educação tivesse fechado o processo de construção da TLEBS ou, muito menos, definido como seria ministrada e avaliada no trabalho com os alunos.

Depois, finalmente, a "sociedade civil" começou a acordar.
Entre os cientifico-ressabiados, os politicamente interessados, os desencantados, os revoltados, os ignorados e outros que tais, começou a crescer uma onda de contestação que talvez já não se esperasse.
Ameaçando chegar ao Zé Povinho votador. Que é onde reside o perigo dos Governos.

Com cuspo e uns bocados de adesivo, a TLEBS lá foi sendo usada no dia-a-dia da aprendizagem da Língua nas nossas escolas, nos tais anos lectivos.
(Que Desenrascanso é uma pós-graduação dos professores portugueses.)

A graça (?) da coisa é o sentimento de profundíssima insegurança no trabalho quotidiano, numa prática que devia primar pela solidez: a do ensino.
A TLEBS entrou no limbo: nem está verdadeiramente a ser "experimentada" por amostra - já grassa generalizada nas escolas do País e é trabalhada como adquirida - nem está ainda a valer - como não acabou ainda o prazo da "experiência", não se sabe (mesmo) se vingará.

Dizia o Ministério em Novembro de 2006 que não estava tomada uma
"decisão final e definitiva" sobre o futuro da TLEBS, não excluindo "qualquer cenário", "desde a [sua] generalização [...] ao seu abandono ou reconversão total"!
Que, aliás, a generalização só poderia acontecer "quando os professores se [sentissem] preparados e seguros sobre esta opção".
Circulando por essa altura no mercado gramáticas, dicionários, manuais escolares adquiridos e utilizados pelos alunos, e estando na escola a TLEBS a ser ensinada pelos professores, nunca tidos nem achados!

Perante a possibilidade de a TLEBS ser "generalizada" (!!!) aos 4.º, 6.º e 8.º anos em 2007/2008, colocou-se a questão da renovação dos manuais escolares de Língua Portuguesa do 8º ano, que teriam de contemplar a TLEBS, por força de ter sido ministrada já este ano aos alunos do 7º!...
Novo imbróglio.

Com o ovo entalado, o Ministério da Educação produziu então agora um Ofício-Circular singular.

Enquanto se descarta bruta da paternidade da TLEBS atirando-a para o colo dos "outros", enquanto propagandeia o bem social que anda a tentar fazer às economias familiares através de um novo calendário de adopção de manuais, enquanto salienta o espírito de "negociação" das suas decisões (!?), explica que tudo leva o seu tempo, "o
processo de avaliação e certificação tornar-se-ia muito difícil nessas circunstâncias".
Isto é, não há mudança de manuais do 8º ano no próximo ano lectivo.

Restava dizer que não há, não por causa destas razões, mas porque o Ministério da Educação não sabe neste momento o que há-de fazer à TLEBS.

Daí a loucura de se repetir que se está em "experiência"; de com ela a correr "promover a revisão científica da Terminologia"; de nesta altura "promover a produção de um referencial didáctico para a Terminologia Linguística nos diversos níveis de ensino"; de, tendo começado a ministrá-la em Setembro, "prosseguir um programa de formação contínua de docentes para a utilização da Terminologia"; de depois de vendidas toneladas de materiais "permitir a produção de manuais e outros suportes pedagógicos adequados ao ensino da estrutura da língua de forma harmonizada e cientificamente rigorosa"; e de, depois destes investimento todo, "avaliar a eficácia da utilização da Terminologia por parte dos professores no ensino do português", como quem diz: "ver se vale a pena avançar com ela"!!!!!

Estou farto que brinquem comigo.
E com os meus alunos.
E com os nossos filhos.
E com os nossos impostos.
E com os nossos votos.

Mas como estou sozinho nesta revolta, resta-me assinar a petição contra este nojo feito política, ética, "Educação".

Vou assinar a petição online (até fim de Janeiro) contra esta introdução no ensino da TLEBS.

Até porque, como se diz neste Ofício-Circular: "a TLEBS é um instrumento a utilizar [pelos professores] como profissionais do ensino da língua, e não para administração directa aos alunos"!!!

TLEBS?
Que fique o PS com ela, que bem precisa.


24/01/07

"Ó mãe, compra-me aquilo!"

Fora o show-off, eis o Apple iPhone.
"Pr' ó menino e pr' á menina."

...Ser rico e disponível deve ter a sua graça.


(Com um abraço ao AFD.)

Humor negríssimo

Só eu é que oiço estas coisas?!?...

Mais ninguém ouviu o Ministro da Saúde, Correia de Campos, alarvar à boca cheia numa dada visita a um hospital que "só se admirava não ter sido enforcado, agora que os enforcamentos andavam tanto na moda" (sic) ?!?...

Ninguém ouviu isto?
É que se alguém ouviu e viu isto - e digo "alguém", não digo um gajo que dá aulas, mora na periferia, escreve umas coisas num blog nos poucos tempos livres que tem e que nutre desde há já bastante tempo uma grande amizade por este Ministro! - como é possível não ter sido um escândalo?

Porque não se escandaliza ninguém?
Ou pelo menos ninguém, agora!
Ou ninguém, em relação a estes (sim) gajos!

Também já ninguém se lembra daquele outro alarve de um Governo PSD que contou uma espécie de anedota triste sobre hemodiálise e alumínio, e que por isso mesmo não teve outro remédio senão sair do Governo, tal foi a pressão da "opinião pública"?

Isto é tão grave e nojento quanto o ter passado há uns dois Domingos na SIC, na rubrica "Nós por Cá", esfregado na cara da Nação, o clip deste cavalheiro a dizer exactamente isto - tendo aí merecido o reparozito pedagógico da parte da D Conceição Lino, mais lampeirote que condenatório!...

Mas só!

E está tudo bem!
Tudo na maior! Na maior impunidade!
Alguém já acredita que alguém deste "Governo" vai algum dia ser responsabilizado por aquilo que diga ou faça, mesmo que seja (mais) uma barbaridade cavalar?

E tenho o direito democrático de perguntar: "Porquê?"
Uma pergunta que se houvesse nesta terra gente com vergonha ela mataria fulminante.

Fica para fechar uma graçola.
Portugal vai, em Outubro, promover em Lisboa uma conferência internacional contra a pena de morte, no âmbito da sua Presidência da União.

Mas está tudo bem!
Tudo na maior!

23/01/07

Ele fala, fala, fala... Ainda!

Ele há temas, tão sensíveis e "fracturantes", que a sua análise e debate sempre acarreta a virulência e a acutilância de opiniões.

Há-os.
Como o aborto.

Por essa razão o Ex-Presidente da República, Dr Jorge Sampaio, não conseguiu conter-se, vindo a terreiro dar o seu contributo cívico.

Acontece que sabemos bem de quem falamos: o lacónico, profundo e relevante Dr Jorge Sampaio.
Homem que tanto nos habituou ao caco e à linearidade das suas intervenções, durante dez anos de mandatos.

O distinto cidadão (agora de corpo inteiro, já sem necessidade de recurso ao "panamá do cidadão" ostentado na cabeça) diz-nos que está "
«espantado» e «triste» com alguns dos argumentos apresentados a propósito do referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez" - "aborto", em português corrente.
«Numa perspectiva de observador", fica "um pouco espantado, um pouco triste com alguns argumentos, já que não é a primeira vez que este debate se faz», acrescenta.

Bem, por um lado, dou-lhe razão. Ou dá-ma ele a mim.
"Já não é a primeira vez que este debate se faz". Como não é a primeira vez que esta campanha é suscitada. Como não é a primeira vez que este referendo se realiza....
O que (como eu digo sem descanso) os torna requentados, redundantes, racionalmente translúcidos. ("Mais valia marcar uma data para votar e passar por cima desta «campanha»!", deixei eu escapar numa conversa noutro dia...)

Parece é divergir o Dr Sampaio na obrigação de "diversidade", de "variedade", dos argumentos hoje esgrimidos.
(O que é espantoso, discutindo as mesmas pessoas os mesmos assuntos nos mesmos
termos de há oito anos atrás!)
Nesta campanha pré-referendo o que o Dr Sampaio queria eram "variedades".

Mas se está tão preocupado que "ao fim de tantos anos de democracia [seja necessário] ter a capacidade de perceber o outro [de forma a] não transpormos algumas fronteiras que não são compatíveis com um debate democrático, sincero e franco», porque não começar o próprio por ter a capacidade de dar-se ele mesmo a perceber ao "outro"?

Por uma vez na vida, falar a direito, dizer ao que vem, desemerdar-se de uma vez, libertando-se da incapacidade crónica que tem de fazer frutificar as suas palavras!!!

Se continua com aquela mania do "Andem cá que eu quero ensinar-vos uma coisa fundamental sobre a democracia, a sinceridade e a franqueza: «Fico um pouco espantado, um pouco triste com alguns argumentos, já que já não é a primeira vez que se ouvem e se arriscam a ultrapassar algumas fronteiras»", mais vale é
calar-se bem calado e esperar de caneta em punho pelo dia do referendo sem nos chatear a cabeça.

Porque "debate «dignificador»" é cada vez mais aquele em que o senhor não entra.

21/01/07

Grandes Portugueses - Edição Especial


"Olhó Português fresquinho, ó fregueeeesa!
É a 60 é a 60!..."

Estamos convocados a votar no "Maior Português" e há muito por onde escolher.

Podemos votar em políticos mortos no século XX como Salazar ou Cunhal.
Um deles que manteve 40 anos Portugal num parêntesis que se sente até hoje; outro que não obstante o seu papel na "História Moderna Portuguesa" não chega a mais que uma nota de rodapé na "História de Portugal" - como virá a comprovar-se em 100 anos (por diversos motivos, graças a Deus).

Podemos votar num político que morto há séculos pautou a sua intervenção e o seu reformismo pela perseguição, pela violência, pela ambiguidade moral, pelo absolutismo e pelo jogo oligárquico.

Podemos votar num homem de coragem e determinação deste último século que com um mundo em convulsão determinou a vida de centenas em risco de vida, mas contudo cuja honradez não colheu nem reproduziu na natureza lusitana.

Podemos votar em notáveis homens da arte nacional.
Daqueles que interpretaram como ninguém a essência de Portugal, mas que nada em concreto (infelizmente) provocaram a decisão ou o rumo do que de bom (?...) fôssemos hoje.

Restam-nos os Heróis do Mar e o Fundador - Homem que deu origem a esta aventura.

Não era de prever? Não era evidente?
Só são esquisitas as suas companhias. Que não são culpa de quem respondeu. São culpa de quem perguntou.

...E todos valerem o mesmo: módicos 60 cêntimos+IVA.

18/01/07

Chocapics, Canal Panda e Pentium4

"Qual a relevância das novas tecnologias no processo de formação de uma criança de cinco anos?

Ter cinco anos de vida hoje não será talvez diferente de os ter tido num tempo passado: a fragilidade, a inconsciência das regras da vida, a dependência dos seus maiores, a incerteza do futuro… Mas também a curiosidade, o espírito de aventura, o olhar sem preconceitos, a capacidade ilimitada para absorver em grandes doses o mistério do universo desconhecido.

Características que, conjugadas com um mundo actual em mutação rápida, em vertiginosa evolução tecnológica, se tornam exponenciais e produzem resultados muito interessantes.

Dizia um pai ao filho, a quem permitira rodar consigo o lugar ao computador, numa paragem do trabalho:
– M., o que é que aconteceu ao trabalho que eu estava a fazer? Fechaste a janela?!...
– Não. Minimizei…

Hoje, as tecnologias não têm de ser aprendidas por uma criança de cinco anos. Fazem parte da sua vida. Acompanham-na como um animal de estimação, crescendo consigo. A tal ponto que, além da sua familiarização com estas, se impõe aos pais e educadores uma pedagogia de doseamento, uma formação para a contenção no seu uso, tal a intensa e íntima proximidade com elas.

São diversas as presenças das tecnologias (daria vontade de dizer “novas” e ”não tão novas assim”) na vida do nosso filho, como são diversos os benefícios que delas adivinhamos para a sua aprendizagem e desenvolvimento.

No momento em que empunha um rato de computador e o manipula quase de forma tão eficaz como nós – e infinitamente melhor que a avó! – percebe-se a evolução que a sua motricidade fina sofreu, tal como a sua coordenação espacial virtual num monitor.

Ao rotinar a procura e a escolha em menus do sistema operativo, apreende informalmente o código da organização em subclasses utilizado na gestão de um PC.

Sabendo lançar uma exploração na Internet – reconhecendo o ícone de entrada – e conseguindo no motor de busca pré-definido fazer uma procura elementar de conteúdos (“– No Sapo escrevo «texto editora», faço «Enter», depois carrego no que diz «Júnior» e já está.”), o mini-nauta rasgou a sua entrada numa dimensão infinita de conhecimento de si, dos outros e do mundo, que a sua maravilhosa ingenuidade não lhe permite ainda apreender.

Ao abrir a ferramenta básica de desenho do sistema, e entretendo-se nela rabiscando abundantemente, já não só a motricidade como a noção espacial são estimuladas, mas também a noção de interacção e de intencionalidade na utilização do computador; a noção da capacidade de o utilizador usar a ferramenta-computador para produzir algo (“– Mãe, posso imprimir?...”). E, porque não?, ao usar a ferramenta de desenho, não estará também a estimular a sua sensibilidade estética?…

Igualmente software educativo que aparece no mercado e a que o nosso filho tenha acesso contribui para o seu desenvolvimento de competências: o cálculo, a escrita, o raciocínio lógico, etc.

Mas limitássemo-nos a um mero processador de texto... O facto de poder alterar o tamanho do texto, a sua cor, a sua forma, constituem estímulos simples mas reais à descoberta da composição da palavra e da frase. (Há que referir a idade precoce com que o M. aprendeu as letras do alfabeto e os algarismos, o que lhe confere hoje algum facilidade na “edição de texto” à sua escala infantil, mas em nenhum caso deve ser subestimada a motivação para a leitura e para a escrita que as ferramentas informáticas encarnam.)

E o uso de um DVD, de um vídeogravador, de uma consola de jogos (as tais “não tão novas tecnologias”), todos contribuem para desenvolver capacidades ao nível da autonomia, da destreza, da persistência, da memória, da lógica, do conhecimento do mundo, etc…

Em última análise, da capacidade de sociabilização.

Muito longe ainda da sua adolescência multimédia, a tecnologia é já hoje interesse partilhado pelo nosso filho com a generalidade das crianças da mesma idade. Factor relevante de aproximação e identificação de grupos em construção.

Hoje, as tecnologias fazem parte da vida em crescimento do M..
São-lhe familiares. Intuitivas. Naturais. Como a todas as crianças de cinco anos que lhes têm acesso.

O que coloca sobre os adultos, em especial pais e educadores, uma responsabilidade dupla.
Por um lado a de formar as crianças e os jovens para uma sã e regrada utilização destas, mas ao mesmo tempo a de lhes facultar a possibilidade de as explorar, de as aproveitar ao máximo, potenciando-lhes características e faculdades, ao serviço do seu desenvolvimento. Sob pena de as encararmos menos como possibilidades em aberto mas mais como flagrantes oportunidades perdidas.

Um percurso faseado, até ao dia em que nos aperceberemos que são já os nossos filhos e alunos que têm a tecnologia a ensinar-nos."

S. Nunes
P. Nunes

17/01/07

Febre hemorrágica

Como uma febre hemorrágica que vai alastrando por onde passa, também em Vialonga terá lugar... uma recolha de sangue.

Pese embora a falta de originalidade, todos os fregueses deste blog estão convidados a participar na recolha do dia 28 de Fevereiro de 2007!

Entrada livre, variedades, buffet de frios e sorteio de um maravilhoso brinde-surpresa.


(Com uma piscadela de olho à SM que anda por aqui perto...)

12/01/07

Gente "estúpida"

Há coisas giras nos media.

Uma das minhas preferidas são as coincidências.

Pudemos observar nesta notícia que afinal "terrorismo" também aceita emprego de aspas.
(Não em registo literário, mas em jornalismo de título garrafal!)

O ataque à Embaixada Americana em Atenas, realizado com o disparo de um projéctil explosivo, do meio da rua, contra a sua fachada, foi, de acordo com o DD, "«um acto de terrorismo»".
De novo com aspas.

Claro que é uma coincidência, esta coisa das aspas no caso de um acto de "terrorismo" contra um alvo americano no estrangeiro.

...E ainda mais o seria se já na altura se soubesse que os autores confessos da proeza foram meninos de um grupo de extrema-esquerda, uns tais heróicos - mas fracos criativos - de "Luta Revolucionária", considerados uns bichões por andarem a atentar contra propriedade e vidas de quem acham que, através da globalização capitalista, anda a dar cabo do seu Plano Final global.

Coincidências numa imprensa useira...

É claro que não se descarta a possibilidade do aspamento como mero excesso de entusiasmo de um qualquer redactor a mãos com teclado novo.
(E vai de teclar a metro a sua sinfonia gráfica.)

Eu sei bem do que falo.
Ainda no outro dia encontrei um caso desses. De claro excesso de zelo.
E rezava assim:


Há quem possa ver neste post uma rotunda "estupidez".
Eu vejo-o apenas como ele é: uma curiosa coincidência.

10/01/07

Quem tem medo do Lobo Mau?

Quantos portugueses é que ainda não perceberam que vivemos sob uma cultura dominante hegemónica e tutelar?
(Eventualmente, algum que ande mais ensonado...)

Uma cultura que transporta e preserva o que histórica, tradicional e folcloricamente é o retrato de Portugal - porque assim há quem influentemente insista em continuar-nos.

Parece que Belmiro de Azevedo vai papar a PT - isto, em termos descontraída e insultuosamente leigos. (Não percebo nada de Alta Economia e assim quero manter-me ).
Contudo, quem tenha dois dedos de testa e se detenha dois segundos a olhar à volta, não pode deixar de maravilhar-se...


Parece que afinal as jóias da coroa portuguesas valem mesmo tão pouco quanto alguns tubarões queiram gastar. (Tubarões portugueses, senhores!!...)
Que ridícula a transcendência do império PT, que ridícula a prevalência da EDP, da GALP, da Brisa, da Caixa Geral, da CP, etc, considerados os gigantes lusitanos à nossa pequenina escala.

E pior é o efeito psicológico de, ao mesmo tempo, sermos intimidados pelo Estado parolo que nos governa, no desfile transcendente e místico dos seus sinais exteriores de um Poder avassalador, e perceber, num raciocínio proporcional, que podendo eles ser tragados por um capricho empresarial de singulares, mais depressa o podemos ser nós, todos, de uma só bocada, com osso, pele e espanto, sem que ninguém nos pergunte nada.

Contudo, cá em casa, a provável papadela da PT pelo Senhor Continente é muito bem vista.
Cá em casa, como na maior parte dos lares portugueses, em que ou se coleccionaram anos e anos queixas de consumo de uma PT impertinentemente hegemónica, ou a desconfiança crescente numa empresa de capitais do Estado que parasitou os seus clientes até onde pôde, arvorando-se ao mesmo tempo grande investidora no estrangeiro, como podia encarar-se de outra forma tal perspectiva?


Aquela coisa das "companhias de bandeira" serem gigantes bonacheirões, amigos do cidadão, contribuintes líquidos para a independência, para o benefício e para o prestígio nacionais, é história que já não cola.

E a de que "malandragem" é sinónimo de "sector privado", tão pouco.

Aliás, confirmando-se - como se confirmará - a aquisição da PT pela SONAE (resolvendo-se a inacreditável espera em que se encontra o processo, num típico processo à portuguesa...) os meus direitos de consumidor estão plenamente salvaguardados pelos célebres "remédios" impostos à SONAE como forma de evitar a dominância no mercado.

...Que com estes tipos da SONAE não se pode confiar, como no tempo (actual) em que sendo o Estado quem poderia (eventualmente) abusar do domínio detido no universo PT para proveitos próprios, nunca tal lhe passaria pela cabeça!

"I see dead people..."

Alguém ainda tem paciência para esta pessoa?...

É que está sempre a aparecer!
Sempre a azucrinar!

Se acontece alguma coisa no mundo, lá está ela!
Se acontece cá, lá está ela na mesma!
Se não acontece nada, nem assim nos livramos!
Quer haja assunto, quer não haja, quer alguém o invente ou lhe dê espaço para o inventar, ela lá está, sem piedade...

Se não é o Borndiep é outra coisa qualquer.
E por mais que tentem enterrá-la, ela desenterra-se sempre sozinha!
Não foi mera casualidade mandarem-na para a Indonésia ou para a Europa! Queriam era ver-se livres dela!
...E olha o resultado: nenhum.

Agora são "os vôos da CIA", a encher chouricito.



E mexe e remexe e torna a mexer...

Até que a senhora vai dois dias aos Açores, fala com populares (só pode ter sido) que lhe "confirmam a passagem nos Açores de vôos da CIA" (espanto!) e toma conhecimento de
movimentações de "pessoas agrilhoadas".

Ora, quer se trate de uma actualização festiva do "Conto de Natal" do Dickens ou não, esta coisa do "diz que lhe disseram que viram" é uma grande fantochada.
E se calhar, se a senhora não andasse sempre no laréu, se falasse com qualquer português que cá viva e pene, qualquer um lhe contaria das "
coisas complicadas" que tem visto acontecer!...

Com tantas "visões", dá vontade de dizer: "Ai «I see dead people...»? Olha que eu também! Como dizia o chavalito: «Dead people walking around like regular people. They don't see each other. They only see what they want to see. They don't know they're dead.»"


Porque é da boca das crianças que sai a verdade.

Já chegámos aos Açores?...


Foi noticiado que a Assembleia de Rhode Island, EUA, aprovou um voto de protesto pelo encerramento previsto do consulado português em Providence.

Na origem do voto, a reestruturação da rede consular portuguesa em marcha, que à moda recente de "gerir racionalmente custos" se traduz no encerramento alarve de portas em locais-chave da representação portuguesa no mundo - como em Rhode Island, em que os muitos milhares de portugueses (inscritos nos consulados de New Bradford e Providence - que fechará) formam uma comunidade sólida e influente.

Uma rematada vergonha!

E o que teve a dizer o senhor Presidente do Governo Regional dos Açores - região que muitos port
ugueses deu e dá à América - sobre esta reestruturação e estes fechos?

Começou por garantir o senhor que "o Executivo Regional tem «estas matérias mais ou menos assentes» com o secretário de Estado das Comunidades, tendo em conta a reestruturação que o Governo da República pretende concluir ainda este mês".
(...Assim uma espécie de ter uma ideia do que o Governo vai realmente fazer.)

* Milhares de portugueses.
* Fim de representação diplomática.
* «Matérias mais ou menos assentes».
OK...

De seguida, acrescentou que "o
consulado de Nova Bedford vai manter-se", desenganando os pessimistas portugueses que já pensavam que a enxurrada lhes arrastaria ambos os consulados.
Mas ainda foi mais longe. ("Ai os portugueses de Rhode Island precisavam de mais um consulado?")
Anunciou que "o consulado de Providence será extinto mas, em contrapartida, deve ser aberto um novo consulado na zona da Califórnia" (sic).

"NA ZONA DA CALIFÓRNIA!"

Eu sei que é um bocado má-vontade minha estar a pegar nas infelizes palavras do senhor. Que não era isso que ele queria dizer e patati-patatá.
Mas lamento: foi o senhor que fez a inacreditável associação de ideias!
O que lhe ocorreu veloz à puída inteligência, foi referir a "contrapartida" da "Califórnia".
Em suma, que se um português em Rhode Island tiver assuntos seus a tratar num consulado, olha!, houve um que abriu para aí a 4300 kilómetros!


Ninguém se lembra de o maluco do Presidente da Região Autónoma da Madeira (um "maluco", claro!) acusar o seu Homólogo dos Açores de "ter vendido a autonomia financeira por um «prato de lentilhas»"?

É que eu lembrei-me agora.
Curioso...

Mas fulanos à parte, o desprezo pela portugalidade e pelas suas mais enraizadas forças grassa com a acção deste Governo.
Tanto cá dentro, como lá fora.

Por isso o Conselho das Comunidades Portuguesas se manifestou já contra estes encerramentos abruptos de consulados.

Por isso quase dois mil portugueses se manifestaram frente aos consulados em Orleães e Toulouse, em França, protestando também contra o encerramento dos seus consulados.

Por isso em Nova Iorque, onde também se prevê a implosão do consulado de Portugal se fizeram sentir reacções de muitos mais outros portugueses que se sentem abandonados.
Por um País que será o único da Europa a 27 que não terá ali uma representação consular.

Como se sentirão os portugueses em Durban, na África do Sul.
Onde tantos morrem, abatidos nas ruas por um crime selvagem e sem nexo, com um pensamento derradeiro na sua Pátria.

Nação ingrata.




Neste post tive o orgulho de escrever umas 16 vezes "Portugal"; nos seus variados matizes.
...Isso faz de mim mais patriota que o Governo em funções e seus cúmplices? Certamente que não.
Mas já é uma boa purga.

04/01/07

Os melhores dias das nossas vidas

Os melhores dias das nossas vidas são aqueles que, por pequeníssimos motivos, nos fazem acreditar que valeram a pena.

Esses são os únicos dias das nossas vidas.

03/01/07

Grandes Portugueses


Roger Louis Schütz-Marsauche (Frère Roger);
12 de Maio de 1915, Provence, Suiça – 16 de Agosto de 2005, Taizé, França.

Sem dúvida que fará parte da lista.

Eh pá!... Mas nem sequer era português!...
Não faz mal. Não precisaria sequer do meu voto.

Trinta-e-um-de-boca

A produtividade dos portugueses pode ser baixota. (Ainda não mo comprovaram, mas prontos...)

Agora, que o problema seja um exclusivo nosso, aí calma!...

Neste folheto instrutório de montagem de uma coisita de madeira de origem francesa (!) também podemos apreciar o fino recorte, a subtil distinção entre o fazer uma coisa e (como diz o outro) "uma espécie de a fazer".

Como se pode observar no campo da informação do tempo médio de montagem, não há uma indicação "do tempo que leva" a montar, há uma "do tempo que se diz que leva a montar"!...

Uma coisa do tipo:
- Oh pá, ganda estucha! (Isto, em francês, claro!)
- Atão?...
- Não me tá nada a apetecer, mas a minha Joséphine (cá está!...) anda-me a matar o bicho do ouvido pra lhe montar esta traquitana pra ela pôr a coleção de gatos de loiça...
- Oh pá!, não te preocupes que isso faz-se num estante!
- Eh pá, obrigado!, vais-me dar uma mãozinha?
- Não, por acaso não. Mas isso não é coisa para levar mais de três quartos de hora!...

Deve ser do ar do Mediterrâneo.

Falar Claro - III

Soltar os cães.

Era inevitável...

Que numa situação em que a apresentação de argumentos racionais e honestos se impunha, fossem as motivações mais baixas e as razões mais estúpidas as que surgiriam primeiro (e só?).

Era inevitável.

Mas a inevitabilidade não pode isentar da crítica.
Da censura a uma maneira de argumentar ofensiva - por vezes deliberada e inadmissivelmente ofensiva - em que tanto se pretende fazer valer argumentos, como fazê-los valer a qualquer preço, ou esmagar quem se nos opõe com estúpidos e violentos argumentos lapidares.

Eis dois bons (!) exemplos de como estamos a "começar" mal. De como se confirmam as péssimas expectativas. E de como o pior está ainda para vir.

Por um lado "Contribuir com os meus impostos para financiar clínicas de aborto? Não obrigada.".
Ficamos todos a saber, logo à partida, que o argumento do "ginecídio" - como alguém já lhe chamou - também é arma do "Não". Este é um "assunto de mulheres" em que os homens não devem meter a colherada, porque são elas as "obrigadas", não "eles" e acabou-se!
Fazendo apelo a um sentimento desprezível dificilmente compatível com uma temática como o aborto (mas tão politicamente em voga, tão popularucho e tão demagógico): o do pecuniarismo, procura-se a repulsa pelo aborto. Curto e grosso.
"O quê? Quanto é que isso me vai custar?!... Então voto contra!"
Para alguém que como eu se afirma frontalmente contra o aborto - contra o conceito, contra a prática, contra a legitimação, contra a sua promoção - é inadmissível que ao valer tudo valha "discutir" assim. Descer tão baixo.
Segundo uma lógica tão socrática devemos perguntar quanto custam um IPO para perceber se vale a pena? Ou quanto custa uma unidade de queimados ou uma de ortopedia? ...Exactamente!! Quanto custa uma maternidade, um Centro de Saúde ou um CATUS? É assim que se quer discutir um País, uma sociedade, uma cultura de povo? É "isto" que queremos ser?
...E será que depois de aprovada (esperemos que não) uma abertura do período legal para realização de aborto, alguém propõe que se recuse o direito a uma intervenção médica a uma mulher que o solicite no respeito pela lei (por mais rejeitável que seja o conceito)? Pelo singelo motivo de "me sair caro"?...

Por outro lado temos o "Sim. Para acabar com a humilhação." .
Outro atropelo à seriedade que se desejaria para um debate destes: o argumento da necessidade de uma "liberalização" da lei do aborto, motivada exactamente pela inexistência... da lei existente.
Há neste momento em vigor legislação que impõe limites à prática do aborto. Permitindo-o numas circunstâncias, noutras não. Há penalizações previstas na lei para o caso do seu incumprimento. E tanto os cidadãos como os agentes policiais ou judiciais vivem e agem no seu pleno conhecimento. Como em qualquer outro domínio.
Mas em Portugal nada é normal.
Então: a lei que existe é má porque é demasiado rígida e penaliza um acto desesperado, sem alternativa.
...Pelo que deveria ser mais branda nos limites e nas penalizações do recurso ao aborto.
Mas ao mesmo tempo, a lei é má: é demasiado branda e não prevê, em todo o seu alcance, a penalização equitativa e justa de todos os implicados num (crime?/ilícito? de) aborto, exercendo uma repressão descriminatória sobre as mulheres que abortam.
A lei, aliás, é uma vergonha nacional. Estando em vigor há um ror de tempo e não sendo aplicada por um sistema de saúde, judicial e social que faz dela letra morta, cobre-nos a todos de ridículo.
...Mas tudo menos aplicá-la!, sendo um instrumento de mentalidade anacrónico e violentador de direitos básicos de cidadania.
Portanto, é acabar com ela de vez!...
...Bom, não é bem acabar com a lei...
...E também não é bem torná-la mais equitativa, estendendo a sanção do acto a todos os seus coadjuvantes (os interventores no aborto, os angariadores, os pais, etc.)...
...Nem sequer abolir a tipificação do crime?/ilícito? perante a lei, para que mais nenhuma mulher seja sancionada por causa de um acto sem alternativa e desesperado (é incompreensível conferir a esta questão uma importância libertária nuclear e aceitar mantê-la na categoria dos comportamentos transgressores sujeitos a sanção em tribunal!...)...
...A "solução" para o "fim" da humilhação das mulheres que fazem um aborto, o objectivo da realização do referendo de 11 de Fevereiro é tão-só mexer num limite temporal de dez semanas para a sua realização.
Abrir a janela de "oportunidade" e salvação à cadeia, que se concede que se feche às 10 semanas e um dia...

Eis a distintas vitórias almejadas e os meios nelas empregues...

Os contendores largaram uns sobre os outros os cães da argumentação.
Para haver rebuliço, ganidos e algum sangue a correr.

Quem é que precisa disto?

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http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=9&id_news=256545

02/01/07

"Sim, você aí, agarrado ao computador!"


Uma "referência" a sério no jornalismo: a Time.

Que todos os anos designa a figura que mais se relevou do conjunto dos mortais.

Desta vez, com alguma surpresa mas pouca bizarria, a figura considerada "do ano" foi você.
Sim, você aí, agarrado ao computador!

Internauta, mailador, bloguista nas horas vagas, aprendiz, usuário ou craque numa tecnologia que se confunde entre a ferramenta e a natureza de uma contemporaneidade que há muito se afirmou como irreversível e decisiva.


Pela sua curiosidade, pelo seu interesse, pela sua fidelidade, pela cumplicidade, pela partilha, pelo contributo fundamental para a ciberglobalidade.

Parabéns a todos.

...E por isso, claro, também parabéns a mim.

(Com uma piscadela de olho ao Mais Dia.)

Desejos de melhor 2007

Desejos sinceros para o mundo que a entrada em funções do novo Secretário-Geral das Nações Unidas acrescente alguma coisa de positivo ao novelo do planeta de hoje.

Dez anos depois, Kofi Annan deixa o comando das NU, após escândalos de gestão a mais e capacidade de regulação a menos do que se costuma designar como "a Ordem Mundial".
Um indivíduo que no seu discurso de despedida, de cátedra, se fartou de dar sentenças terminais sobre o rumo do mundo - apontando dedo acusador aos culpados dos seus males, não sendo capaz de lhes reconhecer as benfeitorias e não assumindo abertamente para si os fracassos que couberam durante uma década às NU.
Como se ela não tivesse tido, sob a sua condução, a oportunidade e a obrigação de fazer muito mais e melhor pelos indivíduos que habitam o planeta.


Há muita coisa a mudar no mundo. E as NU - o tipo de coisa que as NU se tornaram - estão à cabeça.

Será um trabalho à medida do labor e eficácia coreanos?...