20/06/06

O senhor Ministro da Saúde pode ir para o raio que o parta

À primeira vista poderia haver quem dissesse que este é um prédio bombardeado em Beirute.
Mas não. É o Hospital de Elvas. E aquela parte ali ao lado, que está piorzinha era onde funcionava a maternidade agora em fecho.

Isto para dizer que não só se justificou pela inexistência de condições de funcionamento o fecho do serviço como se percebe que nem sequer se tenha equacionado a sua recuperação.

O que não vale a pena, não vale a pena e pronto.
E os senhores, de maiúscula duvidosa, do Ministério da Saúde melhor que ninguém dizem saber.

Com o que eu não posso é com palhaçadas.
Principalmente à volta da tristeza humana.

Ficámos a saber neste link que o Ministério da Saúde vai responsabilizar-se pela trasladação do corpo do bébé que não podendo ter nascido em Elvas foi nascer no Hospital Materno-Infatil de Badajoz e que morreu com poucas horas de vida "devido a malformações congénitas".
E vai fazê-lo com "carácter excepcional" visto ser "o primeiro caso de óbito após o fecho da sala de partos de Elvas".


Assim.
Como se marcasse uma efeméride.
Como se fizesse parte de um pacote promocional a trasladação do corpo de um filho de alguém, a atenção excepcional do Ministério da Saúde.

Custa-me a ironia sobre este assunto. Que não me inspira o menor humor.
Mas acima de tudo enfurece-me este tipo de "medida" do poder político de má consciência.
Especificamente vinda da parte de um deficiente mental que afirma com subtileza e tacto que esta «é uma questão de registo civil, não é uma questão de saúde».
Ou que nas andanças de grávidas para lá e para cá não se esperam «muitos casos fatais como este».
O QUÊ?!...

Mas surge esta amabilidade da parte do Ministério da Saúde poucos dias depois ter acontecido algo muito mais importante, leia-se: grave!
O caso, ainda em bolandas (ver no mesmo link), de uma mãe que se dirigiu a Elvas por sintomas de parto e que por não aparentar urgência foi mandada para Portalegre.
Em rigor, foi mandada fazer 60 kilómetros de carro até Portalegre, onde a criança veio a morrer.

Tendo o Senhor Ministro Correia de Campos nova colherada a meter.
Segundo ele «é provável que tenha havido várias insuficiências de várias entidades e instituições», mas que parece que «o feto faleceu no Hospital de Portalegre e não durante o transporte».
Pelo que assim já não há problema?!?!?!?... E o senhor está livre de responsabilidade?!?!

Isto tudo é mau demais.

E nem sequer me resta dizer que vou esperar para ver os resultados brilhantes desta política do "fecha a porta".
Porque de cada vez que me apetecesse cobrar o "eu bem disse" ou o "tinha ou não tinha razão", teria de o fazer sobre o pano de fundo de mais choro de pais e famílias.

E esse preço não posso pagá-lo.
(Será com isso que conta o senhor Ministro?)