08/06/06

O fumo

Após primeira fase de consultas, o Ministério da Saúde continua a sua senda de legislar para que duma vez por todas se reduza a quantidade do fumo com que dependentes e não atalham uns anos bons às tribulações de andar por cá.

O Anteprojecto de Lei para prevenção do tabagismo encontra-se agora em fase de discussão pública, antes da previsível aprovação e entrada em vigor, no início de 2007.
Já é alguma coisa.

Vamos lá ver onde vai a coragem de intransigir com "vícios de sociedade".
Que o fumo é muito fashion, mas não tem graça nenhuma.

Sistematicamente os não-fumadores são colocados perante o facto consumado do fumo alheio, a "legitimidade democrática" dos fumadores para o produzir e em muitos casos a obrigação da partilha de espaços mal limitados.

Sou sensível ao argumento clínico de que os fumadores não deixam de o ser do dia para a noite, e ao argumento do bom-senso de que um fumador não é um alcoolizado da estrada nem um molestador que só porque lembra a alguém passa a ser apontado a dedo na rua tornado o pária do Rectângulo.

Mas não é possível negar o estatuto de privilégio de que goza a fumodependência.
No meu local de trabalho não tenho uma sala para o vício da pornografia.
Nem para o jogo da batota.
Ou para o de tirar macacos do nariz. (Perdoem o grafismo, mas pretendi dar exemplos de vícios amigos do ambiente e nada lesivos para a saúde do parceiro!)

...E não me falem em expressão numérica que eu invoco já os meus "direitos constituídos"!

Porque, em última análise, andamos a brincar às escondidas.
Não é farisaico pretender-se carregar os jovenzinhos de formação anti-tabágica nas escolas nos anos que vêm e pedir que o façam a professores que, pela força do seu vício de fumo, são monumentos vivos ao uso do tabaco - pelas mais variadas razões - e que transportam consigo para a sala de aula o odor social do fumo que contradiz a palavra de desincentivo?

Haverá muito a dizer.
Entretanto, quem pretenda consultar o documento na íntegra, pode fazê-lo seguindo
este link.

1 comentário:

Anónimo disse...

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