08/11/06

Tapa-buracos

Eu que sou tão ingénuo, fiquei dividido.

Por um lado, a oposição parlamentar diz que as medidas anunciadas pelo sr. engº para aumentar a colecta fiscal da banca são inócuas, por outro, vejo uma primeira página destas, em que o pobre do sr. engº aparece como um McArthur da pevide.

Cá para mim está tudo a ser enrolado (só...) mais uma vez.

Em primeiro lugar, não são só as "oposições" a afirmar que se as "medidas" governamentais na área se ficarem pelo anunciado, passamos de parados a quietos e a banca continuará a folgar como sempre.

Em segundo, não é grande o aspecto de anunciar medidas de justiça fiscal sobre a banca no dia da discussão do Orçamento de Estado para 2007, quando as medidas são apresentadas como não fazendo parte do pacote e de entrada em vigor prometida para daí a trinta Janeiros.
De que é que se está a falar afinal? Afinal o que é que se discutiu naquela sala? Há distinção entre resposta política a interpelações ao Governo e cortinas de fumo para enlear?


Em terceiro, é um péssimo sinal que o Primeiro-Ministro apresente as referidas medidas como retaliação aos lucros faraónicos da banca.
Julgava eu que a honra fiscal dos contribuintes era universal e compulsiva, cega e imparcial. E que o Estado mais não fazia que a impor a quem dela se esquecesse.
Afinal, parece (olhem as coisas que se descobrem!) que o Governo se envolve em campanhas contra alvos sociais, por motivos discricionários (quem diria?...).
Ao apropriar-se da linguagem esquerdista do "combate ao capital" reconheceu que a guerra - de Alecrim e Manjerona - que abriu com a banca - para papalvo calar - não é senão o resultado desesperado de não poder mais encaixar politicamente um discurso populista mas com fundamento, que lhe destapava a careca, que lhe denunciava a cobardia, a inépcia e o desleixo de não impor a justiça fiscal como lhe compete.


E como resposta, um tapa-buracos. Que para a "opinião pública" que é, chega e sobra!

...Mas isto é a leitura de um ingénuo.

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