03/11/06

Baile da Madeira

Hoje foi dia de Grande Entrevista na RTP.
E não foi "grande", foi monumental.

Como o próprio dr. João Jardim deixou como provocação inicial, não se percebeu na totalidade o propósito da entrevista em causa.
Claro que os critérios jornalísticos da actualidade e relevância seriam ponderáveis, ...mas estamos na vigência DESTE Governo, e seria disparatado começarmos agora a aventar razões implausíveis, como se a linha editorial do canal público não estivesse "na sua alçada".

O que é certo é que o senhor se sentou na cadeira, frente à drª Judite e a coisa lá foi.
...Como poucos esperariam!

Poucos (inclusive eu) julgariam que o Presidente do Governo Regional da Madeira conseguisse ser tão eficaz na entrevista.
Rigoroso, coerente, ponderado, incisivo.
Sempre expansivo, afrontante e desafiador, como é hábito, mas nunca resvalando. Nunca caindo na armadilha de se chocar com memórias, protagonistas, factos ou convites ao devaneio, antes devolvendo e estrangulando germes de polémica servidos em prato quente.

Com números, dados, factos, expôs o seu ponto de vista, pretendendo (como não se cansou de repetir) "esclarecer os portugueses que andam a ser enganados" pelo Governo da Nação.

Loucuras autonomistas, delírios despesistas, incompetências financeiras, intransigências face ao esforço de solidariedade nacional, incompatibilidades pessoais, tudo lhe foi atirado à cara em menos de uma hora.
E a tudo reagiu da mesma forma: esclarecendo, exemplificando, desmontando e montando peça a peça uma entrevista que controlou na totalid
ade, sobrando-lhe tempo de sobra para os recados às instituições, aos governantes e aos portugueses.

Se excessos houve, couberam por completo a Judite de Sousa.
Que quando lhe foram dados números desdenhou dizendo: "os espectadores acabam por se aborrecer com números". Como se os portugueses fossem todos atrasados mentais que habituados a Froribellas não conseguem assimilar os importantes números, tão claramente explicados.

Ou quando João Jardim pôs preto no branco o que considerava ser o seu (e de todos) dever de solidariedade. Ao que a entrevistadora respondeu: "sabe que os portugueses não aceitam as suas justificações...". Como se os atrasados mentais dos Floribellos nacionais precisassem da sua esclarecida mediação para militar por si a sua "raiva".

Ou quando quase no final, estando a conversa mais animada até sobre os favorecimentos aos Açores socialistas (sempre) baseados em números, a senhora desabafou: "não me venha com os números!".
Como se tivesse entrado em
vigor hoje uma maneira nova de ser credível quando se afirma alguma coisa: já não o basear-se em números, mas, quem sabe, arrotar mais alto ou conseguir tocar com a língua na ponta do nariz...

Claro que esta é uma opinião. E como dizia o filósofo "Tudo é opinião".
Mas perante a lôbrega pergunta: "E não teme os prejuízos políticos que daí possam vir?" e a resposta lapidar
"Eu não tenho que pensar em mim.", pouco ficou para dizer.

Claro que o dr João Jardim continuará amanhã a ser visto (ou queira-se fazer parecer) como um louco.
Quem senão um louco ousa dizer em público na sociedade portuguesa que o que o dr Jorge Sampaio, então Presidente da República, fez ao afastar o Primeiro-Ministro Santana Lopes foi um golpe constitucional?
E que sendo nós um País na míngua prescindimos dos rios de milhões de euros em dívida de países africanos de expressão portuguesa, em função do benefício pessoal de nomenklaturas cleptómanas e crué
is?

No Portugal do politicamente correcto isto é impensável. Só explicável por uma profunda perturbação mental.

Mas no fundo, nesta terra, quem são os alienados, quem são os carcereiros, quem está irremediavelmente fechado, onde e porquê?
Quantos homens destes seriam necessários para subverter a ordem instalada no hospício?

Alguém deve ter ficado MUITO chateado, esta noite.

3 comentários:

Anónimo disse...

Assino por baixo, apesar de não apreciar muitos tiques de AJJ. A César o que é de César. Essa denúncia do golpe de Sampaio está correctíssima. Foram os "industriais portugueses", através da AIP, que exigiram a demissão de Santana pelo Banana.

Menina Marota disse...

Eu gostei da entrevista.

É preciso que haja pessoas com frontalidade para dizer o essencial, porque do supérfulo, estou farta..

;)

Anónimo disse...

MUITOS PARABÉNS!