24/10/06

Os desesperados pelas luz acabam sempre por encontrá-la...

... É um princípio fundamental para o bom vendedor de banha da cobra.

Quando chegou ao conhecimento dos portugueses que a electricidade estaria para aumentar 15,7% foi o desnorte total.

Gente a mandar-se das janelas, desvairados a correr para o fogão para meter lá a cabeça (não era previsto aumento no gás), virgens a arrancar as vestes em plena rua, voyeurs a fotografar com os telemóveis,... foi o bom e o bonito.

Um abalo tal, que o próprio Governo confessou ao País não estar a contar com a anomalia eléctrica e ter sido panhado, coitado, igualmente desprevenido.

Pior: mesmo que o Governo quisesse estar, bravo, ao lado do seu povo, na matéria os meliantes da ERSE tinham "total autonomia para fixar as tarifas”. Malandros!

MAS EIS que surge o Governo montado (não na pileca lusitana - essa é outra conversa - mas) no seu cavalo rompante!!
O que se estava a fazer aos portugueses era "inaceitável", de bradar aos céus
e nunca um Governo Sócrates permitiria tal aleivosia!
Porque, alto lá!! Nem quando "c
onfrontado com a interferência no papel da entidade reguladora" o Governo abriu mão da sua “[soberania] em matéria legislativa”!

'Gandas ménes!

E assim foi.
O Governo alterou a lei e impediu o aumento previsto, ficando o dito na autêntica pechincha de "menos de metade do valor de 15,7 por cento sugerido pela entidade reguladora".

A honra do eleitor português foi salva no extremo, o Governo demonstrou o seu pendor interventivo, a electricidade manteve apesar de tudo a sua sustentabiliade e até o malandro do responsável pela alteração tarifária foi justiceiramente afastado!

Viver neste País é ou não é uma grande pedra?

Não, não é! Nem por isso.

É que esta história da carochinha colada com cuspo não convence ninguém.
E quem não seja distraído não se esqueceu das palavras lapidares do senhor Secretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação, António Castro Guerra, de acordo com o qual "a culpa do aumento de 15,7 por cento no preço da electricidade em 2007 [seria] dos consumidores", "este défice [teria] de ser pago por quem o gerou" e que "[Eram] os consumidores que [deviam] este dinheiro. Não [era] mais ninguém"...
Alguém se esqueceu já?

A quem convenceu a teoria de que o Governo não tinha ideia prévia dos números da proposta de aumento da electricidade - sector estrutural, estratégico e em colapso financeiro?
A quem convenceu a teoria de que o Governo foi apanhado de surpresa pelo atirar do barro à parede?
A quem convenceu o boneco do Governo a "sentir as amarguras da impotência" perante a autonomia de quem definiu o tarifário que ameaçava o pagante?
A quem convenceu a cavalgada do Governo, que em reuniões de assar neurónio desenleou heroicamente o novelo das tarifas, legislando contra tudo e todos?

Quem está deseperado à procura da luz, milagrosamente costuma acabar por encontrá-la!
Quem está deseperado, acaba por papar mesmo a solução mais disparatada - como ser aumentado em 1% e aceitar na electricidade aumentos de 6%.
E o Governo tão bem que o sabe...

Mais do que diz o Ricardo Costa no DE, sobre a “frase cretina 2006” do Senhor Secretário de Estado Adjunto, estamos perante uma séria candidata à Safadeza Política de 2006.

E se a concorrência é feroz...

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