Ora bem, segundo o noticiado, o Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa entendeu que não havia "motivo para abertura de inquérito criminal" no caso do financiamento PSD/Somague, por "não se verificarem, por ora, os pressupostos que [o] fundamentam".
O que, com naturalidade, deu origem a manifestação de gáudio da parte do responsável político à data pelos factos, comprovada que ficou a "correcção de comportamentos" dos visados...
Que um homem não é de borracha e também se sente de ver o seu bom-nome e o dos seus arrastado pela rua...
Afinal, imagine-se, até foi pago "o valor correspondente à dívida fiscal"... E o que pode ser mais elevado que o valor fiscal de um acto humano?
Ora pois.
O diabo é que o DIAP conclui uma coisa sensivelmente diferente de uma sabonária de carácter aos dirigentes do PSD da ronda autárquica de há seis anos: concluiu não haver base para "inquérito criminal", mas que houve "ilegalidades objectivas", violada que foi a lei do financiamento dos partidos.
E pode ser problema meu, mas continuo a achar que este é um sintoma da gangrena chamada Controlo da Política pela Horda da Advocacia que institui esta maravilhosa paleta ética do "é criativo, mas não é irregular", do "é irregular, mas não é ilegal", do "é ilegal, mas não é criminoso", como se no exercício público a vergonha fosse uma variável que assume formas e dimensões ao sabor da circunstância e da certificação técnica.
(Um abraço de exclusão aos meus amigos LM, CL, JG, JP, AM, TLF, HB e outros advogados que me vão na política continuando a servir de exemplo.)
Como resultado, a Justiça vendada é uma Justiça vendida.
E já nem me refiro a focos de corrupção a que a Justiça está tão sujeita como qualquer área da vida social.
Falo de uma economia planificada da informação em que política/justiça/"media" se conjugam para formatar uma opinião pública já de si débil. Condicionando os processos, manipulando a sua leitura, formulando hipóteses definitivas e únicas de interpretação.
Logo, o PSD portou-se bem em relação à Somague - tal como bem se comportam todos os restantes partidos na aventura do seu financiamento.
Logo, o Sr. Pinto de Sousa é um cidadão exemplar na alegada troca-baldroca dos documentos relativos à sua licenciatura.
"A Procuradoria-Geral da República arquivou o inquérito à licenciatura" uma vez que não encontrou prova de "prática de crime de falsificação de documento", certo?
Como levar a mal o regozijo de um homem inocentado por uma Justiça célere e clara?
Não há crime provado: calem-se as bocas maledicentes.
Logo, o Primeiro-Ministro cognominado de "De Todos os Portugueses", não é um bisonte violador de espaços sociais democrática e constitucionalmente definidos, uma vez que a autoridade reguladora dos meios de comunição lusos o ilibou da prática de "pressões junto de alguns órgãos de comunicação social", quando certo dia se encontrou acossado pela imprensa.
...Dixit, e pronto! Acabou-se.
(Não obstante a jura a pés juntos de Directores de Informação de órgãos de imprensa no sentido contrário.)
E assim as entidades reguladoras se tornam - todas - joguete legitimador na mão de quem lhes pode chegar.
Em favor de campanhas de limpeza ética.
Através de procedimentos que cândidos se encontram desblindados face a esta voragem.
Contra a ordem, contra a sociedade, contra os próprios cidadãos.
Nunca como hoje a informação foi poder.
Um Poder tão ao alcance do cidadão.
Tão longínquo hoje, à distância de nos interessarmos pelo que quer que seja.
11/09/07
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