...Um Sentido Pontapé!
Saiu para os escaparates um rolo de papel de folha simples sobre o percurso do político e do Homem que se fartou de bulir para cá chegar. (Confira-se o site da FNAC.)
"Cá", à política, a Lisboa, ao sucesso, ao Governo, ao zénite do superior pensamento da Nação.
(Coitadinho, o que ele moirou para vingar desfavorecido na Beira..., o que ele batalhou para singrar sozinho na esfera do PS da metrópole..., o que ele suou para se formar no académico que é hoje..., o esforço que foi arrancar o seu poder actual às mãos aferrolhadas de Santana Lopes..., os tormentos que passa ainda agora, coitadinho, com uma imprensa tão atenta, isenta e agressiva...
Coitadinho...)
Por isso, para tal alma tudo é pouco.
Coube o frete..., isto é, a distinção, à sub-directora da Antena1, a jornalista Eduarda Maio, de quem até gosto.
...Que mais ou menos nos termos que se esperava explicou - em longos seis minutos - à RTP (!!!) o processo de postura da obra.
Como as dez horas de entrevista com o protagonista da "biografia não autorizada".
Como a extenuante pesquisa sobre a longa vida de salientes concretizações do "Menino de Ouro do PS" - termo da autoria de terceiros e que por isso não compromete a imparcial e inócua obra literária!
Mas ainda que triste, não é esta a parte mais lamentável.
Foram mais reveladores os próprios detalhes do parto do opúsculo.
Numa comovente cena de Natividade, vieram reunir-se em redor do Menino (de Oiro) os Reis Magos da nata VIP que pelas heterogéneas razões que lá saberão trouxeram os incensos e as mirras que lançaram na farta molhada das oferendas da circunstância.
Um deles: Dias Loureiro.
(...É difícil conciliar o reconhecimento da liberdade individual e universal de falar e agir de cada um com a censura e o asco que me sufocam e se me moldam em palavras... mas paciência.)
Cada vez mais me ocorre a expressão usada por Vicente Jorge Silva - então recém-convertido à rosa - quando um dia julgou (e bem) ver regressar à política, depois do flop, o cortejo inevitável dos que apelidou de "tralha guterrista".
...Ocorre-me a expressão, adaptada pelos tempos para a "tralha cavaquista".
Cada vez mais o aluvião do Rio Cavaco se revela um espessante poderoso do caldo barrento em que involuntariamente nadamos.
Cada novo rosto laranja que se reencontra, cada nova individualidade que sobressai e reforça posição no laranjal ou no Nacional Rectângulo, uma velha memória comum de colaboração política no Governo de um Cavaco-Primeiro; hoje um Cavaco-Sombra mais abrangente e tentacular que o que o seu magistério prevê, do que a sua amorfa prática sugere.
Cavaco Silva, o magnificamente sereno Presidente da República, monarca de cognome "O Inútil" (esta paga direitos ao Kaos), o "Cooperante Estratégico" com a farsa governativa, ainda assim não dorme.
E segundo um plano antigo e abrangente, os seus tentáculos penetram na sociedade influenciando-a, controlando-a, manietando-a.
Dir-me-á alguém que sempre assim foi e sempre assim será...
Que o polvo soarista ainda aí está para lavar e durar. Que o sampaísta idem. Que o "-ista" agarrado a este ou agrafado àquele - fremente, sôfrego, subalterno, parasita - é uma fatalidade da política e da sociedade...
Seja-o.
Mas que não seja menor a inevitabilidade de o denunciar, quem o ache o insulto e a perversão que configura.
Porque não façamos confusões.
Cavaco Silva foi o maior Primeiro-Ministro que este País já teve. E sem parecenças de vir a perder o galardão para qualquer outro nas próximas décadas.
E a quem a razão não se encontre politicamente toldada, aconselha-se a leitura do laudatório "As Reformas da Década", onde os mais esquecidos poderão sempre recordar o percurso de um Portugal-Cavaco - saído de 40 anos de subdesenvolvimento e mais dez de bagunça revolucionária de plantar de estaca - que se actualizou, modernizou e dignificou perante si mesmo.
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...Apenas as geniais palavras que serviram para caracterizar Mário Soares ("É um animal político, não é um animal ético.") se vão aplicando ao discreto algarvio pacato e competente.
Cavaco, afinal, tinha "uma agenda". Sua.
Um plano. Para si.
Um projecto e um propósito individuais de alcance duvidoso.
Tendo sido a corrida à Presidência a evidenciá-lo. Ao colocar-se acima e além de tudo.
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Cavaco, afinal, tinha "uma agenda". Sua.
Um plano. Para si.
Um projecto e um propósito individuais de alcance duvidoso.
Tendo sido a corrida à Presidência a evidenciá-lo. Ao colocar-se acima e além de tudo.
E quando um Barão-Laranja Dias Loureiro se presta à dupla vassalagem de patrocinar o lançamento de um já miseravelmente propagandístico "O Menino de Ouro do PS", ocorre a cada um de nós que nada é por acaso.
Disse que Sócrates "faz bem ao País", pelo seu optimismo.
Disse que Sócrates "emociona" pelo "lado dos afectos", pelo "amor pela sua terra", pelos "valores que o amarram à vida". Disse da sua "enorme generosidade", "sensatez e prudência". Das suas qualidades de "coragem" de "homem trabalhador".
Disse que Sócrates, "tal como Tony Blair" "é infatigável". Que com a sua "coragem", "capacidade de liderança" e "capacidade estratégica" está "muito longe de estar acabado"...
...E eu sinto, em partes iguais, desnorte e vergonha.
E se aparecem umas aves raras - por exemplo Paulo Teixeira Pinto (lá estão eles...) - a dizer coisas tão convenientes como que a «dicotomia “nós” e “eles” [é] "péssima" para o país», porque "cria descrédito" e "ajuda a minar o apoio social que as políticas possam ter", é um pouco mais que suspeito.
Enquadra-se no estilo-neutro da Presidência, no estilo-suave da oposição laranja, no estilo-morto do espírito crítico dos moradores da Nação.
Que o PS e o PSD andam no alterne (ou alternância) político (-a, ou lá como se chama), gostaria de ver alguém reconhecer.
Que os pequenos partidos políticos apenas esperam para a sua sobrevivência ou um lugar à mesa grande ou que o circo pegue fogo de vez para correrem de baldinho, seria giro ver assumir...
Até lá, não me gozem. Não me insultem.
E se as tralhas partidárias se afastarem demasiado da realidade do País, estará na hora de uma reacção do País e dos Portugueses. De uma mudança.
Por isso, do fundo do meu coração laranja, para a tralha cavaquista, daqui vai... um sentido pontapé!...
Disse que Sócrates "faz bem ao País", pelo seu optimismo.
Disse que Sócrates "emociona" pelo "lado dos afectos", pelo "amor pela sua terra", pelos "valores que o amarram à vida". Disse da sua "enorme generosidade", "sensatez e prudência". Das suas qualidades de "coragem" de "homem trabalhador".
Disse que Sócrates, "tal como Tony Blair" "é infatigável". Que com a sua "coragem", "capacidade de liderança" e "capacidade estratégica" está "muito longe de estar acabado"...
...E eu sinto, em partes iguais, desnorte e vergonha.
E se aparecem umas aves raras - por exemplo Paulo Teixeira Pinto (lá estão eles...) - a dizer coisas tão convenientes como que a «dicotomia “nós” e “eles” [é] "péssima" para o país», porque "cria descrédito" e "ajuda a minar o apoio social que as políticas possam ter", é um pouco mais que suspeito.
Enquadra-se no estilo-neutro da Presidência, no estilo-suave da oposição laranja, no estilo-morto do espírito crítico dos moradores da Nação.
Que alguém chegasse um dia a assumir que não existem diferenças entre os partidos, seria de louvar.
Que os pequenos partidos políticos apenas esperam para a sua sobrevivência ou um lugar à mesa grande ou que o circo pegue fogo de vez para correrem de baldinho, seria giro ver assumir...
Até lá, não me gozem. Não me insultem.
E se as tralhas partidárias se afastarem demasiado da realidade do País, estará na hora de uma reacção do País e dos Portugueses. De uma mudança.
Por isso, do fundo do meu coração laranja, para a tralha cavaquista, daqui vai... um sentido pontapé!...
1 comentário:
Caro Pedro Nunes NM,
"bibliográficamente" falando...
cabe agora, aos portugueses (sabe o que são? Eu já não...)...
inverter a alquimia, ou seja:
TRANSFORMAR O OURO EM...
M-E-R-D-A-!!!
Um abraço.
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