5 de Outubro de 2006 foi um dia a relembrar.
1. Finalmente o Presidente da República de todos os portugueses (algumas pessoas só vão levar com esta durante cinco anos) é um homem que fala para dizer e não em masturbações discursivas em gincana de feira, nascidas de uma alma tacanha e destinadas a um público selecto.
Não ficámos a saber que há corrupção em Portugal.
Ficámos foi a saber que o Presidente da República (homem impoluto como poucos) também sabe que aí anda, onde frequentemente se acoita, quem lhe deve dar caça e sentença, quem tem por obrigação denunciá-lo com rigor e parcimónia, e que não permite que o confundam com o podre da Nação.
A partir de hoje, os podres estão mais entregues a si mesmos.
É tão claro que não é preciso fazer desenhos...
2. Desfilaram em Lisboa 20.000 professores (ficamos assim para evitar conversa).
Não os contei mas vi-os. Estive lá, com eles.
Estranho ponto de encontro de muitas caras conhecidas - de há poucos e muitos anos - de gente revoltada, mobilizada para a defesa de uma dignidade atingida. De profissionais, educadores, pais, cidadãos.
Um em cada sete professores do País terá estado em Lisboa. (Que outras classes profissionais o conseguiriam?) E quantos mais teriam estado, vencida a preguiça e o imobilismo de muitos?
Num feriado. (Finalmente alguma inteligência e alguma coragem dos sindicatos.)
Por um mesmo fim. Não opor-se a tudo cegamente, mas não podendo transigir no inaceitável.
Deixando uma mensagem clara a quem confunde tutelar com totalitário. E deixando-lhe o ónus de justificar o injustificável às pessoas de bom-senso.
A greve dias 17 e 18, terça e quarta-feiras (finalmente a inteligência) não me convencem como estratégia de sucesso.
Quem eu quero mobilizar para a minha luta, alunos e encarregados de educação, mais se sensibilizarão com ela ou não? (Porque as perdas são claras...)
Mas finalmente, quase demasiado tarde, os "contras" da Senhora Ministra estão na rua.
2 comentários:
Bom dia para ti, ambos os dois!
Estava a perder a esperança com os sindicatos mas ensinaram-me (aliás, se são sindicatos de educadores portugueses, estiveram à altura da causa que defendem). Do alto da minha bolha (que, para quem não sabe, fica exactamente acima da minha cintura e abaixo do meu pescoço), consegui ter esperança no futuro e passar a acreditar que todos remavam para o mesmo lado. Até os sindicatos evoluem, apesar do marasmo intelectual em que mergulharam a partir do momento em que, o seu maior, precisa de reuniões de um certo CC (Comité Central; não confundir com outros assuntos da vida pública que envolvem um certo apresentador de televisão!) para tomar decisões difíceis.
Custaram-me as palavras de ordem "à canhoto", mas lá entrei na dança, acrescentando algum colorido a determinadas rimas, cujo conteúdo permaneceu inalterado - na sua globalidade - mas que passaram a retumbar com muito mais potência auditiva a quem estava por perto.
Ontem, 20.000 profs lá deram voz e corpo e alma a Darwin e a evolução da espécie "sindicalistae" passou de "passiva" a "activa" com um laivo reminiscente revolucionário, tão necessário nestas causas que afectam mais do que as requisições para as direcções destes grupos. Penso que o "singularis sindicalista" passou a "vulgus sindicalista" e poderemos acrescentar mais uma foto no friso cronológico que ilustra a evolução desta interessante espécie.
E cá vamos nós, deixando-nos levar pela corrente nova, pelo rio que ontem rasgou o alcatrão da Avenida da Liberdade, obrigando os seus passeios a afastar-se um pouco mais (mas não muito, senão a senhora Governadora Civil de Lisboa ainda nos acusava de alterações não autorizadas às artérias da capital).
mesmo que haja uma jogada política nesta nova atitude sindical, e acredito que haverá, espero que ela seja, finalmente, bem aproveitada pelos sindicatos, dando uma no cravo e outra na ferradura. a sua nova atitude, os pontos que apontas como sinais de inteligência, conseguiu a adesão de quem e quantos se sabe. que não deitem tudo a perder, pensando que têm toda a gente na mão.que hajam no sentido de defender a classe e os seus direitos e que recolham os frutos políticos, apenas e só, na devida altura, para não deitarem tudo a perder. temos os mais reticentes a apoiar-nos, que se acarinhem pois, que se veja a actuação de 17 e de 18, para que não se percam os benefícios alcançados. sempre defendi que não era uma boa política colocar os ee's contra nós. que se veja isso.
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