17/11/06

Face A, face B

Momento televisivo de antologia.

Não, não!... Não estou a falar de nenhuma das duas entrevistas que tiveram lugar ontem.
Falo do facto genial de, simultaneamente, termos tido duas entrevistas deste coturno; mais: duas entrevistas que são cara e corôa, verso e reverso, a face A e a face B de uma mesma realidade política recente e actual.
Os espectadores tiveram de optar entre ver uma e outra (ou então ir dar uma volta para apanhar ar fresco), num acto de consciência e arbítrio. O que é muito bom.
Pessoalmente preferi assistir à entrevista de Santana Lopes (como uma boa parte dos portugueses preferiram), não dei o tempo por mal gasto e consideradas as análises que hoje já ouvi foi, de longe, mais interessante.

(Só gostava de saber qual das entrevistas foi atrás de qual - não acredito em "coincidências" destas. Seria muito revelador.)

Na entrevista, Santana demonstrou mais uma vez de forma linear e inequívoca - só ele neste País é obrigado a dar provas permanentes e sucessivas - que lhe foi feita politicamente a cama e ao seu Governo, por muito boa gente que lhe tirou proveitos.

Jorge Sampaio, com o interesse socialista - o inconveniente Ferro Rodrigues já estava fora de jogo e o caminho aberto para o primo-ministeriável Sócrates.
Cavaco Silva e a sua mira da eleição presidencial - sem Santana e PSD no Governo, mais facilmente se escolheria um social-democrata (?) para Belém com um socialista (?) em S. Bento.

Jorge Sampaio, com o interesse próprio - como disse ontem Santana Lopes, o magistério de Sampaio só brilhou (?) por ter aberto a porta da Presidência a Cavaco (com a ascensão de Sócrates) e não a porta a Soares, que o poria "entre parêntesis".
Marcelo Rebelo de Sousa e a sua sede de protagonismo - com proverbial "informação privilegiada" sobre o que se há-de passar no rectângulo, o prof. Marcelo soube que Santana era para (a)bater e pretendeu aos olhos da Nação renascer em popularidade e saliência pessoais, por compaixão pela pseudovítima que talhou em postas o Governo com as suas próprias mãos.
E o PS em bloco, evidentemente...
E algumas figuras do PSD, que assim ascenderam (ou não)...
E sectores - relevantes - da sociedade que viam a vida andar para trás.
Et cætera...

O livro de Santana Lopes está escrito. Toda a gente escreve um.
A história escrever-se-á sozinha.

...E o que é certo é que (o ingénuo) Santana ainda anda por aí anda.



(Aplauso para o DN e uma das capas mais bem conseguidas que vi nos últimos tempos.)

1 comentário:

Anónimo disse...

o que penso sobre o s. já o terei dito.n deixo de considerar que talvez tivesse evitado ser abatido, agindo de outra forma, n se expondo como o fez. digo talvez porque as malhas da política são o que são. talvez ele próprio pense hoje "ah! se soubesse o que sei hoje..." pelo que espero que ele tenha "crescido". eu própria penso, quando assisto a mais uma sua reentrada no quotidiano político, "ainda eu dizia...", com alguma saudade. sempre o considerei um joão jardim à medida continental, este no meio dos lobos - o q n sucede pela madeira - pela coragem, por chamar as coisas pelos nomes. com maior savoir faire, naturalmente...
ainda me lembro do discurso de fim de dia no congresso do psd, ainda o barroso andava por estas lides. fazem falta homens assim mas com um pouco(?) mais de assento que, eu espero, venha a ser o caso. que com tantos barões instalados...
(é dificil escrever sabendo q só se tem um quadradinho... isto, o discurso, ficou estranho mas n consegui evitar dizer umas coisas.)