O "problema islâmico" é uma questão (porque uma invenção) americana.
Começou pela mão dos Estados Unidos, foi alimentado pelos Estados Unidos, está a ser acalentado pelos Estados Unidos, rebenta na boca dos Estados Unidos, e o mundo civilizado - isto é, o mundo excluídos os Estados Unidos - é um espectador distante mas preocupado com a inventona (como agora se diz...) do "choque de civilizações" dos Estados Unidos.
Parece um discurso de disco riscado?
Se calhar é porque é!
Acabada a Guerra Fria, durante a qual o mundo (o civilizado...) não ousava respirar com risco de uma eclosão militar, este sacou lampeiro do caderno dos calotes acumulados.
...E tudo que era deserdado geoestratégico desatou a a apontar deditos acusadores à "tutela" a que estivera sujeito.
Com a curiosidade de que, com a queda do Muro, só restou um único caloteiro das democracias oprimidas a quem cobrar: os Estados Unidos.
Uma única potência a que os credores das liberdades se lançaram ávidos, até ao dia de hoje.
(Como um Euromarché que passa a Carrefour, a ex-URSS tornou-se uma inimputável política e, ainda que a braços com os seus cancros políticos internos, foi amnistiada por unanimidade na praça internacional.)
Resultado: "A" superpotência Estados Unidos assumiu sozinha as despesas do equilíbrio de um mundo que ainda ficou mais instável com a queda do Muro e como bónus passou a ter escrutinados com rigor implacável todos os seus passos.
Não discuto (agora) a intervenção no Iraque e o derrube de Saddam Hussein.
É unânime que foi um marco na história contemporânea, positivo (?) para uns, negativo (?) para outros.
É unânime que teve um peso determinante nos equilíbrios jogados em muitos tabuleiros políticos paralelos.
É facto que é (se tornou) um espinho na política internacional que urge remover, pretendendo-se um mundo em paz.
Mas o "problema islâmico" NÃO é uma questão (porque uma invenção) americana!
Quando se lê que dezenas de funcionários muçulmanos do aeroporto Charles de Gaulle, o principal aeroporto francês, ficaram sem os crachás que permitiam livre acesso pelas instalações por "representarem um risco", dá vontade de perguntar: "E os Estados Unidos nisto"?
Ou quando se lê noutro lado que taxistas muçulmanos na Austrália se recusam a transportar cães ou pessoas que beberam nos seus táxis, por motivos religiosos...
Ou quando ouvimos que na Noruega um lobby tem a pretensão a um feriado nacional muçulmano....
Por que razão a nova Ministra para a Integração sueca sentiu necessidade de propor medidas como a proibição de uso de lenços de pendor religioso por raparigas com menos de 15 anos, a introdução no Código Penal de crimes contra a honra suscitados por exemplo por excisões praticadas, ou de propor que todas as raparigas com menos de 15 anos fossem analisadas para verificar se teriam sido já mutiladas?
...Estados Unidos? Don't think so...
Andarmos distraídos é péssimo.
Mas deixarmo-nos enganar não é melhor.
(Estas e outras em Letras com Garfos.)
1 comentário:
A Europa tem um grande "bico d'obra". Graças a Deus, em Portugal não temos esse problema; por enquanto.
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